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Letreiro GaleriaThis is not America

Chimarrão é Super-Homem português em mostra de letreiros na Amadora BD

“This is not America” é a nova mostra da Letreiro Galeria, que chega esta quinta-feira à Amadora com 40 peças.

Rute Barbedo
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Rute Barbedo
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A exposição que Paulo Barata Corrêa e Rita Múrias, da Letreiro Galeria, prepararam para a Amadora BD não é a América, mas dá uns toques. Embalado pelo universo norte-americano que ocupa parte do grande encontro dedicado à banda desenhada, e que acontece entre 19 e 29 de Outubro, o duo de designers leva à Amadora 40 peças que de alguma forma piscam o olho à terra do Tio Sam.

Em This is not America, sobressaem memórias gráficas como “o letreiro do Café América, que estava no café da estação de Santa Iria da Azóia e que tem piada porque América, neste caso, não era o continente mas o nome da dona do espaço”, conta Paulo Barata, antigo designer da Time Out, à mesa de um restaurante tradicional de Lisboa. 

Já o “boneco do Chimarrão” (um dos dois objectos amadorenses da mostra), que figurou anos junto à extinta e icónica danceteria Lido (onde vai nascer um complexo residencial), será o Super-Homem português da exposição, enquanto o letreiro do Diário de Notícias, retirado de uma livraria do Rossio, será a versão lusa do Daily Planet de Clark Kent, conforme adianta Paulo Barata.

“O que é giro é que todas as nossas exposições conseguem ser muito diferentes e adaptam-se a novas realidades”, refere o designer, deixando para o fim da conversa o “cabeça de cartaz” da exposição: uma publicidade da BP da autoria de Fernando Bento, nome central da banda desenhada portuguesa. Os letreiros estarão dispostos ao longo de um corredor de 25 metros, no antigo Ski Skate Amadora Parque, o núcleo central do evento Amadora BD, que na sua 34.ª edição aponta a luz a figuras intemporais da banda desenhada mundial, como Garfield ou Tex.

Letreiros sob ameaça de ficar ao relento

This is not America é a primeira exposição da Letreiro Galeria em 2023, depois de sucessos como a Brilha Rio, que levou ao parque de estacionamento do empreendimento Prata Riverside Village (Braço de Prata) mais de 15 mil visitantes em pouco mais de cinco meses. O projecto de arquivo de Paulo Barata e Rita Múrias começou em 2014, durante a crise financeira que atirou diversos espaços comerciais para a falência, e desde então tem vindo a “contar a história da cidade através dos seus estabelecimentos comerciais” em diferentes exposições. Assim que a colecção começou a ganhar corpo, instalou-se o desejo de ter um espaço permanente onde se pudessem não só armazenar as peças como realizar exposições, debates, oficinas e outros eventos em torno deste património gráfico de Lisboa, mas também de cidades como a Covilhã, Porto e Coimbra. 

Neste momento, os perto de 400 letreiros e outros objectos estão guardados nas instalações da antiga Fundição de Oeiras, lugar onde nascerá em breve um empreendimento com 600 fogos destinados à habitação, deixando a Letreiro Galeria sem armazém. “A Fundição de Oeiras é, na verdade, o único apoio que temos”, concretiza Paulo Barata, realçando o carácter inteiramente pro bono da iniciativa. Das conversas com responsáveis da Câmara Municipal de Lisboa, os fundadores não sedimentaram expectativas de apoio, pelo que estão a dialogar com grupos privados (sobretudo da área do imobiliário) na tentativa de encontrar uma solução de continuidade para o projecto. “Quatrocentos letreiros não ocupam propriamente pouco espaço”, ilustra Paulo. 

Apesar do horizonte pouco definido, a Letreiro continua a resgatar sinalética de espaços comerciais que fecharam ou que optaram pela modernização, recorrendo a novos formatos. Em paralelo, desenvolve uma investigação sobre os letreiros da cidade nos arquivos municipais e privados e está a construir um arquivo áudio relacionado com estabelecimentos da Grande Lisboa, a partir de entrevistas a antigos proprietários e clientes de lugares icónicos, como a Pastelaria Suíça. “Não só a questão do design e da imagem gráfica são relevantes, como o tema da memória individual e colectiva e as questões oficinais em vias de extinção, que pretendemos registar.” A existir, um dia, uma espécie de “museu do néon”, como já foi apelidado o projecto por um comerciante de Lisboa, ele será tudo menos convencional, assegura Paulo Barata. 

Amadora BD. 19-29 Out. Seg-Qui 10.00-20.00, Sex-Dom 10.00-21.00.

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