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Paulo Pires
©DRPaulo Pires, em Codex 632

‘Codex 632’: José Rodrigues dos Santos, o ficcionista, chega finalmente à televisão

O professor de história imaginado por José Rodrigues dos Santos salta das páginas de ‘Codex 632’ para a televisão. A série adapta o livro homónimo, na primeira co-produção da brasileira Globo com a RTP. Estreia a 2 de Outubro na RTP1.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Mais de duas dezenas de livros depois, José Rodrigues dos Santos chega ao pequeno ecrã. Ou melhor, à ficção audiovisual, já que o jornalista é presença assídua das noites informativas da RTP1. Codex 632, romance publicado em 2005, é o primeiro de uma série de 12 romances que têm como personagem principal Tomás de Noronha, historiador e especialista em criptografia, que nesta primeira aventura tenta descortinar quem era, afinal, Cristóvão Colombo. Na série, que junta pela primeira vez a RTP e a Globo, Paulo Pires é o protagonista, num elenco que conta ainda com vários actores brasileiros, com destaque para Betty Faria. O primeiro episódio, de seis, estreia a 2 de Outubro, a seguir ao Telejornal, onde o próprio Rodrigues dos Santos costuma assumir o papel de pivô.

Em Codex 632, o professor Tomás de Noronha é contratado pela italo-americana Fundação Américo Vespúcio para descodificar uma investigação desenvolvida pelo seu mentor, Martinho Toscano, que morreu em circunstâncias duvidosas. Com um casamento desfeito e uma filha a precisar de atenção, Tomás aceita o desafio, desconhecendo os perigos por trás de uma investigação que pode mudar a história como a conhecemos hoje. Nesta trama, os espectadores vão encontrar caras conhecidas, vindas dos dois lados do Atlântico, numa série filmada entre Lisboa e o Rio de Janeiro. Como Deborah Secco, no papel de Constança, mulher de Tomás, que após o parto abdicou de tudo para ficar em casa a tomar conta da filha Margarida (Leonor Belo, em estreia), que tem Trissomia 21; Alexandre Borges, no papel de Nelson Moliarti, administrador da fundação; ou Betty Faria, como Luísa Toscano, a viúva de Martinho e uma mulher que luta com o início da doença de Alzheimer, vendo-se envolvida involuntariamente nesta investigação. A actriz brasileira, que recentemente esteve em Portugal a filmar Justa, longa-metragem de Teresa Villaverde, assume-se como “veterana da Globo” e veio a Portugal de propósito para a apresentação de Codex 632, que decorreu no Cinema São Jorge a 20 de Setembro. “Achei muito interessante fazer um personagem assim. Me fez entrar nesse universo doloroso, porque quando uma pessoa está começando [os sintomas do Alzheimer], ela tem consciência que está doente, passa por situações muito delicadas. E foi muito bom fazer esse trabalho”, diz, referindo-se a um trabalho prévio de pesquisa sobre a doença.

Betty Faria
©DRBetty Faria, em Codex 632

A direcção de casting esteve nas mãos de Patrícia Vasconcelos, que explicou à Time Out algumas das suas escolhas. “Quando chegou o projecto, a única pessoa que estava mesmo confirmada no Brasil era a Deborah Secco. Depois o resto foi tudo propostas minhas. A Betty Faria, eu achava que era na mouche, até pela relação que tem com Portugal, no sentido em que a Tieta foi uma coisa marcante. Depois temos a questão também da filha que tem Trissomia 21 e eu tinha acabado de conhecer uma miúda extraordinária que fez um casting incrível, é a estreia dela”, diz Vasconcelos, referindo-se à jovem actriz Leonor Belo. E Paulo Pires, que para a directora de casting era “óbvio”.

No dia da apresentação, José Rodrigues dos Santos trocou umas palavras com os jornalistas sobre a adaptação do seu livro para um formato diferente. “O tipo de história tem de ser diferente, teve de se alterar muito e nesse sentido o trabalho do guionista foi justamente criar uma outra história que fosse mais adequada para televisão”, explica o autor da obra original. Sobre futuras adaptações dos seus romances, falou com cautela. “Cada passo a seu tempo. É possível que venha a acontecer ou não”, disse, revelando que tem havido interesse de adaptação vindas de outros países, “tanto na Bélgica como em Hollywood” ou mesmo da “televisão espanhola”. Sobre se a RTP poderá voltar a Tomás de Noronha, responde à Time Out que “tudo dependerá da evolução que irá ter a seguir, mas não está nada planificado sobre o que vai ser o próximo passo, se é que haverá próximo passo”.

Codex 632 é uma produção da SPi, responsável não só pelas co-produções internacionais da produtora portuguesa SP (como foi o caso de Motel Valkirias), mas também pela circulação internacional dos conteúdos da produtora (como Glória, por exemplo). E contou com a realização de Sérgio Graciano (Auga Seca), que andou entre cá e lá a enquadrar a história. À Time Out sublinhou a “grande liberdade criativa” que teve para adaptar este projecto. “Uma coisa é lermos as palavras e outra é elas passarem à acção. E num projecto onde não temos todo o dinheiro do mundo, e infelizmente nunca temos, podemos sempre fazer algumas adaptações, falar com o Pedro Lopes e voltar a escrever”, recorda. Pedro Lopes é o argumentista, nome que se destacou por ter criado e desenvolvido a história de Glória, a primeira produção portuguesa para a Netflix, em parceria com a RTP. Sobre Codex 632, explica que, apesar de se ter mantido fiel à história do livro, fez algumas adaptações não só à linguagem, porque o meio assim o pede, mas também a trouxe para a actualidade: “Passaram 20 anos e quisemos trazer aqui temas que hoje fazem sentido na sociedade contemporânea. Quando temos um tema histórico em que estamos a falar sobre os Descobrimentos, fazia sentido também falar sobre a memória social, a marca que deixámos, para o bem e para o mal. E uma nova geração também contesta alguns sinais.”

RTP1 e RTP Play. Seg 21.00

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