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Começaram as obras no Palácio da Ajuda: conheça o projecto

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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A ajuda ao palácio chegou no início de Fevereiro, mas hoje decorreu a apresentação pública do projecto.

As obras do Palácio da Ajuda já rivalizam com as de Santa Engrácia e reúnem todas as condições para substituir a alusão à igreja, hoje Panteão Nacional, quando nos queremos referir a uma obra demorada. Pela primeira vez na história há luz ao fundo do túnel: o primeiro trimestre de 2020 é o espaço temporal previsto para a conclusão das obras na inacabada Ala Poente, virada para a Calçada da Ajuda, que irão ser a casa da Exposição Permanente do Tesouro Real.

Iniciado em 1796, o então Real Paço de Nossa Senhora da Ajuda foi mandado construir por D. José I após a destruição da morada real no Paço da Ribeira pelo terramoto de 1755. E foi a residência oficial dos reis portugueses desde o reinado de D. Luís I (1861-1889) até 1910, ano da implantação da República Portuguesa. Hoje é o único palácio visitável de Lisboa que ainda conserva a decoração das salas ao estilo do século XIX, dos quais são belos exemplos os antigos aposentos de D. Luís e D. Maria Pia ou a Sala do Trono. Só que nunca foi totalmente terminado, o que é perfeitamente visível a olho nu para quem passa pelo monumento nacional na Calçada da Ajuda.

Invasões francesas, a ida da corte para o Brasil, confrontos entre liberais e absolutistas, regicídio. Os sucessivos problemas financeiros e políticos adiaram a conclusão das obras em mais de 200 anos e, contou hoje João Carlos dos Santos – coordenador geral do novo projecto –, em 1979 a obra foi interrompida porque o empreiteiro fugiu para o Brasil após uma aparatosa queda de uma grua na estrutura do palácio. 

escadaria palacio nacional da ajuda

A fachada da Ala Poente do palácio terá um desenho mais contemporâneo a sublinhar a diferença de mais de 200 anos e a ausência das tradicionais caixilharias nas janelas pretende realçar o não acabamento da estrutura. Uma solução que permite contar a história do palácio inacabado e espreitar da rua a caixa forte que guardará as jóias, um espaço com 40 metros de comprimento, 12 de altura e nove de largura. Cá fora será ainda adicionado um novo elemento que também evoca o passado em linhas mais rectas: uma escadaria que remete para umas escadas previstas no primeiro projecto para o palácio e que nunca chegaram a ser construídas. 

palacio nacional da ajuda patio

É na Ala Poente que se marca o X do Tesouro Real: 900 exemplares da colecção de joalharia que inclui as Jóias da Coroa, 6340 exemplares da colecção de ourivesaria ou um acervo iconográfico e documental de 172 peças, tudo isto e muito mais protegido com um sofisticado sistema de segurança.

caixa forte palacio nacional da ajuda

A entrada faz-se pelo piso 3, a saída pelo piso 4. E o percurso será feito ao longo de uma pista de inclinação suave, numa exposição recheada de painéis de enquadramento histórico. Haverá legendas em Braille e réplicas de peças prontas a serem apalpadas por invisuais. Também se pode sentar no banco que serpenteia pela exposição e que funciona como suporte informativo.

exposicao permanente palacio nacional da ajuda

O custo previsto da obra nesta primeira fase será de 21 milhões de euros, comparticipados pelo Ministério da Cultura (que vai utilizar o dinheiro do seguro do famoso roubo em 2002 de seis Jóias da Coroa portuguesas do Museu Municipal de Haia), Câmara Municipal de Lisboa e Associação de Turismo de Lisboa e estão previstos 250 mil visitantes por ano. Mas para já ainda falta partir muita pedra.

obras no palacio nacional da ajuda

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