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D. Maria II vai ter Gus Van Sant, o sucesso de Tiago Rodrigues em Avignon e uma casa no Maria Matos

Nova temporada do Teatro Nacional D. Maria II será a última com assinatura de Tiago Rodrigues. A programação conta com 15 estreias absolutas e dez estreias nacionais.

Raquel Dias da Silva
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Raquel Dias da Silva
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A nova temporada do Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII), a última assinada por Tiago Rodrigues, arranca este mês, a 23 de Setembro, e só termina em Julho de 2022. A programação é marcada pela parceria com o Teatro Maria Matos, para prolongar a vida dos espectáculos na cidade; por O Cerejal de Anton Tchékhov, que Tiago Rodrigues estreou no Festival d’Avignon com a actriz francesa Isabelle Huppert no elenco; pela reposição de Catarina e a Beleza de Matar Fascistas, também de Tiago Rodrigues; e por mais de duas dezenas de estreias nacionais e internacionais.

“Este momento de passagem de testemunho, de partida e de chegada, talvez seja dos melhores exemplos da natureza efémera da arte teatral e da perpétua mudança de que é feita a vida num teatro”, diz Tiago Rodrigues, que passará a pasta de director artístico do TNDMII a Pedro Penim para assumir, em França, a direcção do Festival d’Avignon. “Será emocionante dar os abraços que uma despedida impõe, mas o fundamental será ajudar a montar a próxima estreia. O indispensável será confiar em quem vai ocupar o palco a partir de agora e continuar a combater por mais qualidade, mais diversidade, mais condições e mais liberdade no teatro.”

A estreia mundial de Andy, a primeira criação de palco de Gus Van Sant, integrada também na BoCa, marcará o arranque a 23 de Setembro, na Sala Garrett. Além desta proposta, que reconstrói um Andy Warhol em início de carreira, Tiago Rodrigues destaca também Silêncio, peça escrita e dirigida em dupla, pelo francês Cédric Orain e pelo português Guilherme Gomes, que reabre a Sala Estúdio a 29 de Setembro e por lá fica até 10 de Outubro. Seguem-se, com o objectivo de dar continuidade à missão de serviço público do D. Maria II, grandes textos da biblioteca teatral, mas também novas dramaturgias de criadores nacionais e internacionais de referência.

Na Sala Garrett, ainda em 2021, poderá ver-se Juventude Inquieta, de Joana Craveiro e da Companhia Teatro do Vestido, a partir do romance A Cidade das Flores, de Augusto Abelaira (16 a 31 de Outubro); O Inesquecível Professor, a mais recente comédia de Pedro Gil (11 a 20 de Novembro); e a estreia nacional de O Cerejal, de Tchékhov, numa encenação de Tiago Rodrigues que foi um sucesso na sua estreia absoluta em Avignon (9 a 10 de Dezembro). Já na Sala Estúdio, conta-se com Pranto de Maria Parda, com texto e encenação de Miguel Fragata a partir de Gil Vicente (25 de Outubro a 5 de Novembro), e Off de Jorge Andrade e Mala Voadora com Chris Thorpe (2 a 19 de Dezembro).

Em 2022, serão apresentados espectáculos como Ilhas, do Teatro Meridional, com encenação de Miguel Seabra (13 a 23 de Janeiro); Maráia Quéeri, um mergulho de Romeu Costa e Marta Carreiras no universo musical da cantora norte-americana (10 de Fevereiro a 6 de Março); Esta É a Minha História de Amor, uma produção do Hotel Europa, que surgiu de um desafio lançado pelo primeiro-ministro, António Costa, a directores artísticos de teatros nacionais, para celebrar o 25 de Abril de 1974 (17 de Março a 10 de Abril); O Tartufo, de Molière, com encenação de Tónan Quito (22 a 26 de Junho); e Another Rose, de Sofia Santos Silva, vencedora da 4.ª edição da Bolsa Amélia Rey Colaço (30 de Junho a 10 de Julho).

O programa previsto contempla ainda um possível regresso de Eunice Muñoz, para celebrar os 80 anos de carreira desde que se estreou no palco do D. Maria II, e uma nova colaboração com o Teatro Maria Matos, que se irá transformar em D. Maria Matos, a partir de 2022, para receber peças anteriormente exibidas no TNDMII. A ideia, esclarece Tiago Rodrigues, é prolongar o tempo em cena dos espectáculos, oferecendo ao público uma oportunidade redobrada para a eles assistir. “Uma cooperação entre dois espaços a favor de quem vê, e de quem faz teatro.” A primeira reposição no âmbito desta parceria será Última Hora, de Rui Cardoso Martins, com encenação de Gonçalo Amorim, que estará em cena de 13 de Janeiro a 27 de Março do próximo ano.

Entre as novidades, encontra-se ainda a Próxima Cena, projecto através do qual se pretende promover a criação e digressão de espectáculos em territórios de baixa densidade populacional. O BPI e a Fundação “la Caixa” são mecenas deste projecto, que arrancará em Novembro. A ideia, explicou também Tiago Rodrigues, “é levar grandes textos” da literatura portuguesa a locais onde o D. Maria II “nunca esteve em 175 anos de existência”. Será o caso de Os Lusíadas, que subirá a palco, pela mão de António Fonseca, a 26 de Março, véspera do Dia Mundial do Teatro.

O Teatro Nacional D. Maria II receberá ainda, na temporada 2021-2022, o Alkantara Festival (13 a 25 de Novembro), com espectáculos de Chiara Bersani (Itália), Maan Abu Taleb (Jordânia) e Ali Chahrour (Líbano); o Festival Panos Online (15 a 21 de Novembro); o programa de espectáculos para a infância Boca Aberta (27 de Novembro a 5 de Março); o Festival Amostra (12 a 15 de Janeiro), que celebra as artes performativas para a infância e juventude; o novo Feminist Futures Festival (24 a 29 de Janeiro), que pretende prestar apoio a longo prazo a uma nova geração de 20 artistas, inclusive às autoras de Aurora Negra, Cléo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema; e o Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas (19 a 21 de Maio), entre muitas outras iniciativas.

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