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Francisco Romão Pereira

Dubois: Portugal à mesa à boa maneira francesa

No lugar da antiga Casa Lira D’Oro, entre o Rato e o Príncipe Real, nasceu um bistrô francês que quer dar palco aos melhores produtos portugueses.

Cláudia Lima Carvalho
Escrito por
Cláudia Lima Carvalho
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Foi quando souberam que a Casa Lira D’Oro, na Rua Nova de São Mamede, estava para trespasse que David e Aude Dubois perceberam que estava na altura de se fixarem em Portugal. Vindos da Normandia, onde tiveram dois restaurantes, transformaram o restaurante tradicional português num moderno e acolhedor bistrô.

“A ideia é encontrar bons produtos em Portugal e fazer o melhor com a melhor combinação de sabores”, diz Aude, uma autodidacta na cozinha, mas que na última década não tem feito outra coisa senão aventurar-se entre tachos. David não lhe poupa elogios, destacando uma e outra vez a dedicação da mulher. “Quando descobriu todas as possibilidades que tinha a cozinhar quis um restaurante”, conta o marido. Ela que sempre trabalhou atrás de um computador, num cargo de responsabilidade numa grande empresa, deixou-se conquistar por um caminho mais livre e criativo – até porque os dois sempre gostaram de comer e beber. 

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Francisco Romão PereiraDavid e Aude Dubois

O foco aqui está nos produtos portugueses de qualidade, procurando o casal estabelecer uma relação próxima com pequenos produtores locais. Mais do que uma lista de compras, Aude e David estão disponíveis para trabalhar com o que há. “Toda a cadeia, do pão aos doces, é importante”, aponta a cozinheira. “Se escolhermos os melhores produtos, eles vão saber sempre melhor”, justifica. E David dá alguns exemplos: “O polvo, por exemplo, vem de Santa Luzia, em Tavira, porque é o melhor. O pão é do Pão do Beco”. “E eu tento comprar os vegetais e as frutas aos produtores directamente, quando não consigo vou ao mercado da Ribeira. É importante trabalhar com estas pessoas”, acrescenta Aude.

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Francisco Romão PereiraGaspacho verde e vermelho

Não há nada no Dubois que não seja feito em casa, dos molhos aos gelados, o casal acredita que este é o caminho que fará a diferença e que acabará por fidelizar clientes, procurando sempre que os preços não se excedam para que todos possam ter oportunidade de ali se sentar. O objectivo está traçado: “Ser um dos melhores restaurantes com a melhor relação qualidade, sabor/preço”. “Devemos mostrar aos consumidores que eles podem comer por preços baixos bons produtos”, afiança David, garantindo que foi essa a chave do sucesso na Normandia. “Na altura, no início, apostámos em charcutaria, queijos e vinhos, mas depois os clientes pediam mais, queriam pratos principais, sobremesas e, então, a minha mulher começou a fazer tudo e tornámo-nos num dos restaurantes mais famosos na cidade, muitas pessoas importantes de Paris iam ao nosso restaurante”, recorda o francês, também director do Journal Général de l'Europe. “Não fazemos muita publicidade, não é a nossa forma de comunicar. As pessoas falam graças à comida fantástica da minha mulher.”

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Francisco Romão Pereira

Apesar do sucesso, após uma década, surgiu o desejo de se mudarem para “um sítio com sol e praia”. “A Normandia é boa, mas chove imenso e por isso decidimos vender o restaurante. Tínhamos muitos amigos em Portugal, e de Portugal, e decidimos espreitar para ver se víamos alguma coisa interessante e encontrámos este restaurante”, diz David. Foi num anúncio que o casal ficou a saber que o espaço estava para trespasse e que o antigo proprietário queria deixar tudo. David propôs-lhe então a compra do restaurante. “Tivemos três meses em remodelações, enquanto a minha mulher trabalhou com os fornecedores para encontrar os produtos certos, e abrimos em Maio.”

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Francisco Romão PereiraCeviche de dourada com yuzu, pepino, cebola roxa e sorvete de coentro

Da antiga Casa Lira D’Oro não restou nada. O espaço está hoje mais moderno, com um grande balcão a destacar-se na sala. Há arte nas paredes, os vinhos, franceses e portugueses escolhidos por David, estão à vista. 

Em dois meses, a carta já sofreu algumas mudanças, e o mais provável é que vá mudando, não só por respeito aos produtores, mas também porque Aude está sempre a testar novas ideias, pegando no receituário que vai conhecendo por cá e acrescentando-lhe o seu twist. A salada de polvo (11,50€), por exemplo, leva cogumelos shimeji, caviar de limão e azeite orgânico. Há um gravlax de truta com limão, batatas, natas e sorvete de aneto (11€), um ceviche de dourada com yuzu, pepino, cebola roxa e sorvete de coentro (15€), mas também um hambúrguer (15€) com cheddar e pancetta cortada ali à frente dos clientes, tal como toda a charcutaria. Para começar a refeição, há entradas simples, mas nem por isso menos cuidadas, como o guacamole (4,50€), o gaspacho (4€) ou o hummus (4€). 

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Francisco Romão PereiraHambúrguer com cheddar e pancetta

Nas sobremesas, todos os gelados e sorvetes são caseiros (2,50€/bola). Há ainda uma mousse de chocolate Valrhona com gelado de cardamomo e nibs de cacau (5,50€), um crème brulée de baunilha de fava-tonka (6€), um tiramisu tradicional com café (5,50€). E uma pavlova de framboesa com merengue e natas batidas (5,50€). 

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Francisco Romão PereiraA mousse e o crème brulée

“O importante é ter prazer nesta actividade. A gastronomia, os vinhos, trata-se de algo caloroso. Queremos dar prazer, mas ter prazer também. Não temos ambições industriais”, conclui David. “Vamos continuar a descobrir o melhor dos produtos de Portugal, sem crescer demasiado.”

Rua Nova de São Mamede 12 (Príncipe Real). 936 625 395. Qua-Sex 11.00-15.00/19.00-23.00, Sáb 19.00-00.00, Dom 11.00-15.00.

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