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No Do Beco, o pão nosso de cada dia é a fermentação lenta, mas não só

Na nova padaria de Arroios, que também é um restaurante, o pão artesanal com e sem glúten domina o pequeno-almoço, o brunch e até o almoço.

Teresa David
Escrito por
Teresa David
Jornalista
Do Beco
Francisco Romão Pereira
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O aroma é inconfundível. Cheira a pão cozido sem pressas, a croissants que imaginamos logo estaladiços, a ovos e a tudo o que sabe bem logo pela manhã, mas também ao almoço e ao lanche. Estamos no número 16 da rua Passos Manuel, onde morava um restaurante marroquino, e agora fica esta Do Beco, um híbrido de padaria, restaurante e pastelaria onde manda a fermentação lenta e natural. “É uma padaria com restaurante e não um café com fabrico próprio”, faz questão de sublinhar António Mello, a quem devemos tudo isto. 

Do Beco
Francisco Romão Pereira

O responsável trabalhava na área da tecnologia, em Londres, mas o interesse pela gastronomia fê-lo mudar de rumo para uma carreira na restauração, tendo trabalhado em vários restaurantes de alta-cozinha, entre eles o Central, no Peru, considerado o segundo melhor do mundo no ranking dos 50 Best. Em Dezembro de 2019, depois de uma viagem pelo mundo, regressou a Lisboa e começou a organizar jantares privados, mas quando a pandemia lhe trocou as voltas, lançou-se na produção de pão. “Comecei a fazer para amigos, para o bairro, no forno de casa, um pão por hora”, conta. Em Junho, quando se aliviaram restrições, encontrou um poiso no Café da Brotéria, no Bairro Alto e, pouco tempo depois, convidou o irmão Lourenço Mello a entrar no projecto. Uns meses mais tarde ocuparam a cave do espaço em Arroios para abastecer apenas outros negócios e particulares sedentos de pão artesanal a partir da cave.

O resto é história. A marca cresceu e, quando vagou o piso de cima, os irmãos aproveitaram a oportunidade para expandir a sua oferta. De Pão no Beco passaram a chamar-se Do Beco e, além de pão (2,5€ o cesto), têm pastelaria, brunch e almoço. A zona de produção ainda funciona 24 horas por dia, só que agora também serve o restaurante. É de lá que sai pão de massa mãe, com e sem glúten. “O pão é feito logo de manhã, às 6.00, mas é feito para o dia seguinte. Depois vai para o frigorífico já que é uma fermentação a frio e é cozido à noite. Por volta das seis da manhã temos a equipa das entregas que entra e prepara as caixas”, diz Lourenço Mello, a cargo da distribuição do produto e da gestão de parceiros, enquanto o irmão se ocupa da gestão geral e assina a carta de refeições. 

Do Beco
Francisco Romão Pereira

Outro sócio é Diego Haupenthal, que já passou pelo Isco e chefiou a produção da Marquise e do Simpli Coffee. Foi ele que desenhou a carta de pastelaria. “Antes não trabalhávamos massa folhada, tínhamos pastelaria, mas era à base do brioche, mais densa. Ainda temos esse tipo de produto”, esclarece Lourenço Mello. Nas opções mais doces, como nas outras, há clássicos da nossa praça, mas também inspirações internacionais. “Queremos ser portugueses, mas vamos buscar um bocadinho do bom do internacional para trazermos novidade às pessoas que vêm cá”, justifica António Mello. O croissant de amêndoas (2,80€) ou o pain au chocolat (2,35€) são exemplos.

Do Beco
Francisco Romão Pereira

Há três menus de brunch à escolha, entre eles o português, com café, um prato de ovo estrelado, mexido ou à la coque e um croissant ou um pain au chocolat (11€). O ovo tornado (10€), uma forma asiática de preparar o ovo, é um dos favoritos para o pequeno-almoço. Leva ainda um brioche recheado com kimchi. Ainda nos ovos, os mexicanos chilaquiles (12€), estrelados com carne de porto desfiada e totopos valem a pena. Para almoçar, a sugestão vai para o tártaro de lombo (15€), com fatias de croissant e iogurte caseiro. E para acompanhar tudo isto há café de especialidade, sumos naturais e ainda uma kombucha caseira. Em breve vão ter bebidas alcoólicas, com cocktails e cerveja artesanal. 

Do Beco
Francisco Romão PereiraOvo tornado

“Eu queria ter um menu diferente, mas simples. É a ideia da simplicidade e da criatividade, nunca perdendo o clássico. Gosto muito de viajar e trago muita inspiração das viagens que fiz”, afirma António. Todos os pratos são servidos com pão e a maior parte dos ingredientes são preparados no piso de baixo. “A maior parte das coisas são feitas aqui, o salmão e o bacon fumados e curados aqui, a granola de pão é feita aqui, o iogurte é feito aqui. Estamos a apostar muito na qualidade dos ingredientes”, salienta Lourenço. 

Do Beco
Francisco Romão PereiraTártaro de lombo

O restaurante recebe cerca de 35 pessoas – e também os seus animais – divididas entre a esplanada e o interior. A decoração do interior é, como a carta, inspirada na cave de fabrico. “A ideia era fazer um espaço simples, diferente e trazer um bocadinho a produção lá de baixo cá para cima. Quisemos ter as calhas eléctricas à vista e mostrar o lado industrial. As lâmpadas são as que existem lá em baixo”, detalha Lourenço. 

O Do Beco acaba de abrir, mas espera-se uma segunda loja até ao final do ano. “É um espaço no centro de Lisboa com muita luz”, revela Lourenço Mello. 

Rua Passos Manuel 106A (Arroios). Ter-Dom 8.30-18.00

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