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Golfinhos no Tejo
©Mariana Valle Lima

Está a nascer em Alcântara um mega mural de arte urbana dedicado aos golfinhos do Tejo

EDIS One, conhecido pelo seu Original Extinction Art Project, está a pintar um mural que alerta para a protecção dos golfinhos no Estuário do Tejo. Obra tem 20 metros de altura.

Renata Lima Lobo
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Renata Lima Lobo
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No jardim da Biblioteca de Alcântara está a nascer um mural muito especial para EDIS One e também para Lisboa. Trata-se de uma obra de arte urbana de grandes dimensões (20 metros de altura por 17 metros de largura) que pretende sensibilizar os alfacinhas para a necessidade de proteger a população de golfinhos no Estuário do Tejo, que tem vindo a crescer.

O número de golfinhos-comuns no rio aumentou significativamente durante a pandemia. Esse fenómeno tem sido estudado no âmbito do projecto de investigação Golfinhos no Tejo, que junta a operadora marítimo-turística Terra Incógnita e a Associação Natureza Portugal | World Wide Fund For Nature (ANF|WWF), ONG de conservação da natureza. Em causa está a chegada de dezenas, às vezes centenas, de golfinhos ao rio. Ao mesmo tempo, os elementos deste projecto têm apelado a todos os lisboetas que ajudem a proteger o Tejo e os seus habitantes.

EDIS One é embaixador do Golfinhos no Tejo. Este, por sua vez, aliou-se ao movimento #probablybetternow (que foi recentemente lançado pela Carlsberg e ajuda a retirar plástico dos oceanos) para erguer este mural de sensibilização no jardim da Biblioteca de Alcântara. A obra inclui dois golfinhos-comuns e um fundo com recortes de jornal fictícios com mensagens associadas à marca de cervejas, à ANP|WWF e ao rio Tejo e seus habitantes. EDIS One também incluiu apontamentos de graffiti, que remetem para as suas próprias origens enquanto artista. A data de conclusão está prevista para meados de Setembro, mas fomos espreitar este trabalho em progresso.

Edis ONE
©Mariana Valle Lima

“A obra não é só grande ao nível do tamanho, mas também ao nível da importância e da mensagem que passa”, disse com orgulho EDIS One, um artista que gasta muita tinta nas suas representações de animais em vias de extinção. “Enquanto embaixador da ANP, sempre quis criar algo especial com eles, que enquanto ONG têm um papel importante na divulgação das espécies em vias de extinção e daquilo que temos de fazer em relação à fauna e flora”. A grande surpresa é que o mural inclui um código QR, que dará acesso a mais informação e a realidade aumentada. É a primeira empena em Portugal em que essa possibilidade existe. “Foi tudo perfeito, porque temos a biblioteca e este também é um projecto pedagógico”, segundo o artista.

A união faz a força
"Acho que este projecto tem uma coisa muito importante, que é juntar vários tipos de públicos. E a conservação hoje em dia tem de se fazer assim, com a colaboração de todos", disse directora executiva da ANP | WWF, Ângela Morgado, referindo-se aos parceiros Carlsberg, EDIS One e a operadora marítimo-turística Terra Incógnita, sem contar com contactos que estão a desenvolver com universidades ao nível da investigação. “Não interessa nada ter um projecto de conservação se as pessoas, as empresas e instituições de investigação e outras não apoiarem. Este projecto é um emblema de conservação inclusiva que queremos sempre trazer aos nossos projectos. Que todos participem e que todos sejam beneficiários deste projecto”, defendeu. No final da investigação em curso, que durará cerca de um ano, será elaborado um relatório com a informação recolhida e dele nascerão recomendações e medidas de acção concretas, quer para empresas, quer para autoridades locais e nacionais e também para o público em geral.

Edis One
©Mariana Valle LimaJanin Moreira e Andrea Rocha (Super Bock Group), EDIS One, Ângela Morgado e Ana Catarina Henriques (ANP | WWF)

Ana Catarina Henriques, técnica de oceanos e pescas da ANP | WWF, explicou que o golfinho é uma espécie que ajuda na comunicação para a preservação da biodiversidade no Tejo, uma vez que é popular e tem traços de personalidade com que os humanos se identificam. E é também importante para o trabalho de pesquisa. “É uma espécie predadora do topo da cadeia alimentar e isso significa que por baixo do golfinho tem que haver uma série de outras espécies e habitats. A presença de golfinhos dá-nos uma indicação que o estuário é saudável, se não houvesse golfinhos, provavelmente não havia alimento para eles ou não havia comunidades de algas que servem de berçário para as suas presas. Depois queremos chamar a atenção do público e das entidades do valiosíssimo património natural que é o Estuário do Tejo. E queremos que as pessoas se apropriem do seu património natural; e depois o estuário também serve de ligação ao mar”.

Actualmente existem cinco operadores licenciados para observação de golfinhos no Tejo, que têm de cumprir à risca o Regulamento da Actividade de Observação de Cetáceos nas Águas de Portugal Continental, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 9/2006. Uma das acções do projecto Golfinhos no Tejo foi precisamente o envio desta informação a todos os operadores do rio, para que saibam como se comportar ao encontrar um grupo de golfinhos sem os perturbar.

A parceria com a Carlsberg também surgiu de uma forma natural, já que a marca tem dado alguns passos na área da sustentabilidade, especialmente na área da eliminação do plástico através do seu movimento #probablybetternow, criado em Julho, e também do novo snap pack, uma tecnologia pioneira a nível mundial que permite unir as latas de cerveja. A Carlsberg juntou-se agora à ANF|WWF para tentar mitigar o impacto na vida marinha. “É uma obra para embelezar a cidade de Lisboa, mas acima de tudo para sensibilizar para um problema muito próximo e real. Esta actuação está muito em linha com o compromisso a que nos propomos”, disse Janin Moreira, Brands PR & Media Relations do Super Bock Group. Ao mesmo tempo convida os portugueses a visitar a plataforma probablybetternow.com, onde todos se podem inscrever para acções de voluntariado, como limpezas de praias. A ideia passa não só por sensibilizar, mas também é um desafio a quem quiser entrar em acção.

+ Roteiro pela arte urbana de Edis One em Lisboa

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