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Esta horta vertical produz saladas, aromáticas e microvegetais com zero pesticidas

Escrito por
Francisca Dias Real
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Nunca se falou tanto em sustentabilidade como nos últimos tempos – e o aparecimento de alternativas que respondem a um estilo de vida amigo do ambiente é prova disso. A Jungle Greens é mais um desses projectos que traz um modelo de agricultura vertical controlada dentro de uma box de onde saem saladas, ervas aromáticas e microvegetais 100% vivos.

Depois de ler um artigo sobre a crise alimentar, o francês Gilles Dreyfus deixou a área financeira, onde trabalhava, para começar a estudar a agricultura vertical, que era apresentada como uma possível alternativa a essa crise. O salto foi rápido até ficar obcecado com esta questão e juntar-se ao seu parceiro de negócio Nicolas Seguy, ligado aos sistemas tecnológicos.

Gilles na grow house de Marvila
Fotografia: Manuel Manso

O útil juntou-se ao agradável para montarem em Marvila o centro de investigação e desenvolvimento da Jungle Greens, onde desenvolvem em ambientes estritamente controlados até 70 espécies de plantas sem qualquer tipo de pesticidas. “Somos esquizofrénicos naquilo que consumimos – queremos qualidade, sem químicos e a um preço mínimo”, explica Gilles. “A forma como o sistema de distribuição alimentar está organizado é problemático, e o transporte é o maior problema, porque temos tudo a toda a hora e a natureza tem ciclos, alguma coisa não bate certo e as pessoas têm de perceber isso”.

O primeiro passo do projecto foi selar uma parceria com o Jumbo de Sintra, do grupo Auchan. É à porta da cadeia de hipermercados que instalaram a Jungle Box – a quinta de ambiente controlado que fornece o corredor de frescos do supermercado com organismos vivos, sem organismos geneticamente modificados e livres de pesticidas. Os clientes podem espreitar pela janela da box e observar o crescimento de cada espécie que podem levar para casa. “A nossa ideia é que as pessoas conheçam todo o processo, que vejam a semente e depois o resultado final, sempre com o foco em produzir com  a máxima qualidade e sabor”, diz.

A Jungle Box à porta do Jumbo de Sintra

Dentro destes contentores tudo é controlado, desde a temperatura à humidade, e até os níveis de CO2, e isso faz com que “seja dispensável qualquer uso de químicos”. Todas as condições naturais são simuladas: “A luz, por exemplo, acompanha aquele que seria o movimento solar e a intensidade dos raios". "Também expomos as plantas a algum vento como forma de stress para ficaram mais resistentes". Estas hortas urbanas são monitorizados com um software profissional que indica as centenas de variáveis em tempo real de cada plantação, e direcciona os nutrientes e minerais exactos a cada planta através de pequenos tubos de alimentação – é um cenário semelhante a um filme de ficção científica, sem a parte da ficção.

As espécies dividem-se em três grandes categorias – as saladas, com alface verde, roxa e rúcula; as ervas aromáticas, como o manjericão limão, verde e o thai (difícil de encontrar à venda), coentros, cebolinho e salsa; e ainda os microvegetais, como o shiso roxo (usado em muitos pratos japoneses), rabanete verde e roxo, mistura de mostardas e mostarda wasabi.

O processo de crescimento também difere de planta para planta, sendo as saladas as que demoram mais tempo a crescer (30-35 dias) depois as ervas aromáticas (17-25 dias) e os microvegetais (7-12 dias). Todas estas plantas estão à venda no Jumbo de Sintra e Gilles aconselha a visitar o site da Jungle para deitar olho a algumas receitas que sugerem para cada espécie.

Os vivos são colocados dentro de um copo de papel e, embora as embalagens pareçam revestidas a plástico, são feitas de amido de milho e cana de açúcar, tornando-se assim biodegradáveis.

Gilles sabe que não pode mudar o mundo, e que apesar de as pessoas hoje em dia estarem “muito mais informadas, não estão educadas” para estas práticas. “Isto é uma alternativa à agricultura tradicional, livre de pesticidas, mas não é uma solução permanente, porque a procura que existe é muito superior ao que podemos dar”, diz Gilles, explicando que o próximo passo é actuar numa economia de escala e levar a Jungle para outros países.

Praceta Francisco Lyon de Castro (Sintra). Dom-Qui 08.30-22.00 e Sex-Sáb 08.30-23.00. 

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