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Arraial na Bica
© José FradeArraial na Bica

Festas de Lisboa: Mariza no Castelo, jazz no Chiado e Tony à beira-rio

A programação deste ano tem música para todos os gostos, e não só. Há bailaricos, exposições, teatro, visitas guiadas e, claro, marchas na Avenida. A maior parte é gratuita.

Mauro Gonçalves
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Mauro Gonçalves
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A pompa foi a do costume. Maior, até. Com plateia sentada – dezenas na Praça do Município –, foi apresentada, ao final da tarde desta terça-feira, a programação das Festas de Lisboa 2024. A Orquestra de Câmara da GNR (afinada) percorreu êxitos do cancioneiro popular lisboeta. Pedro Moreira, presidente da EGEAC, encarregou-se depois de inumerar os destaques do programa e de frisar ainda "o aproximar dos 30 anos de actividade desta vossa empresa municipal", referência aos 29 anos de EGEAC, completados no próximo mês de Agosto.

"E é neste momento tão simbólico e partilhado com a cidade que promovemos aquele que é o projecto mais transversal e participado", adicionou. "Regressamos à invejável Praça de Armas do Castelo de São Jorge", referiu Pedro Moreira, apontando para um dos momentos altos do programa, o concerto de Mariza no Castelo de São Jorge, a 20 de Junho. A participação da Fundação Calouste Gulbenkian, pelo segundo ano consecutivo, também foi alvo de menção.

O Rock in Rio Lisboa, aparentemente parte do programa de festas, teve igualmente lugar neste anúncio em tom de concerto. Roberta Medina subiu ao palco para dizer duas coisas: que a marcha vencedora terá entrada garantida na edição deste ano do festival e que todos os palcos irão parar no dia 22 de Junho para ver jogar Portugal e Turquia, no Euro 2024. Trouxe com ela Carolina de Deus para mais um momento musical.

As Festas de Lisboa começam a agitar a cidade já no próximo fim-de-semana. Este ano, sem um espectáculo a marcar o arranque da programação, destaque para as habituais Marchas Populares na Avenida da Liberdade, na noite de 12 de Junho, que este vão ser o verdadeiro pontapé de saída. Haverá ainda um ciclo de jazz junto ao Teatro São Luiz e um fim-de-semana de encerramento que inclui concertos de Tony Carreira e Richie Campbell. "Contaremos com um espectáculo singular do Tony Carreira e também com a actuação marcante de Richie Campbell. Dois momentos únicos que vão projectar Lisboa como capital da música", rematou Pedro Moreira, chamando Tony Carreira ao palco.

"Tento fazer o melhor que posso"

Uma canção depois – a canção, "Sonhos de Menino" –, foi a vez de dar a palavra a Carlos Moedas. "Quisemos fazer algo diferente e em grande", afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, que começou por saudar os marchantes de 2024. "Tony, sabes o que eu gosto de ti. A música que tu cantaste é a musica de muitos lisboetas", acrescentou. Saudações que culminaram na actuação de André Sardet, mais um protagonista não alfacinha num final de tarde orquestrado para entreter os presentes, ainda que a milhas dos acordes populares que, anualmente, abrem caminho ao santo lisboeta.

Olhando para o programa deste ano, já em conversa com a Time Out, Carlos Moedas vê uma afirmação de diversidade. "Lisboa é realmente esse ponto de encontro, essa confluência, onde todos nos juntamos. Pessoas de diferentes religiões, de diferentes países, com diferentes orientações sexuais. E eu gosto tanto dessa Lisboa que quis que as Festas de Lisboa tivessem toda essa diversidade. Vamos ter o Rock in Rio, mas também vamos ter o Arraial Pride e, para o ano, vamos ter o EuroPride", afirma o presidente da Câmara de Lisboa.

Num calendário festivo que mistura sonoridades tão diferentes como a música clássica da Orquestra Gulbenkian, os arraiais populares, o fado ou o R&B de Richie Campbell, mais do que modernizar as Festas de Lisboa, o autarca reclama um esforço pela diversidade. "Tento fazer o melhor que posso. Nenhum de nós faz bem hoje em dia. É preciso que as pessoas se sintam representadas e, obviamente, eu luto para que aquelas que ainda não se sentem representadas sejam representadas. Essa é a função", conclui.

Em cima do palco, Carlos Moedas terminou a apresentação desta terça-feira a falar de um novo projecto que junta o município de Lisboa ao músico Dino D'Santiago, destinado ao público juvenil. A apresentação pública da iniciativa Mundu Nôbu terá lugar na próxima sexta-feira.

A marcha é linda

Mas comecemos pela grande noitada de 12 de Junho. Com 20 bairros em competição, a noite, que arranca às 21.00, adivinha-se longa. O pontapé de saída será dado com a Dança do Dragão, pela Associação Geral Desportiva de Macau Lo Leong, em jeito de comemoração do 25.º Aniversário do estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau.Este ano, a Grande Marcha de Lisboa debruça-se sobre o Tejo, numa composição assinada por João Gil e João Paulo Soares. As primeiras apresentações acontecem, como costume, na Meo Arena. De 31 de Maio a 2 de Junho, as várias marchas de Lisboa apresentam-se perante o júri. A entrada custa 6€. A 15 de Junho, a partir das 17.00, em Belém, o dia é reservado às marchas das escolas. Cerca de 1800 crianças, divididas em 39 grupos, marcham sob o lema Lisboa Cidade de Tradições: o Tejo.

Marchas Populares
José FradeMarchas Populares

E por falar em tradições, o dia 12 de Junho fica ainda reservado a uma bem antiga: os Casamentos de Santo António. Aos mais curiosos em relação ao matrimónio alheio, resta aparecer ali para os lados da Sé ou nos Paços dos Concelho, a partir das 11.30. Por toda a cidade, os Tronos de Santo António saem à rua nesta altura do ano. No entanto, o Museu de Santo António brinda a cidade com uma exposição que decorre de 8 a 30 de Junho.

Mas o santo casamenteiro vai fazer correr muita tinta ao longo do mês. A 2 de Junho, a 12.ª edição da Corrida de Santo António começa e acaba em Belém. A inscrição pode ser feita online, e custa 12€ e 16€, dependendo se for a caminhada de quatro quilómetros ou a corrida de dez. Pela cidade, há montras decoradas em honra do santo. Tome ainda nota dos Fados para Santo António e de um concerto do Coro de Câmara de Lisboa, ambos marcados para 1 de Junho, de uma Guitarrada no Museu, a 4 de Junho, do concerto da Orquestra Geração, a 9 de Junho, e do Ciclo de Órgão, marcado para o dia seguinte. Acontece tudo entre o Museu e a Igreja de Santo António.

Alto e pára o baile

Vamos ao que interessa, ou pelo menos, ao que move meia Lisboa durante um mês inteiro. Os arraiais acontecem por toda a cidade – mas sobretudo nos bairros históricos –, entre os dias 1 e 30 de Junho. Entre os mais concorridos estão o do Marítimo Lisboa Clube e o do Cardinal Boémio, ambos na Bica, mas também o de Santa Catarina, na Calçada do Combro, organizado pelo Corpo Nacional de Escutas.

Arraial dos Navegantes
DRArraial dos Navegantes

Grupo Desportivo da Mouraria volta a espalhar diversão por todo o bairro. Em São Vicente há pelo menos dois arraiais a não perder de vista, o da Calçada dos Barbadinhos e o da Voz do Operário. Na Penha de França, há uma morada a decorar: a Rua 4 de Agosto, junto ao chafariz do Alto do Pina. Nos Olivais, multiplicam-se os bailaricos, dos Forever dos Olivais ao Ingleses Futebol Clube. Há ainda festa marcada na Estrela, na Rua do Possolo, em Carnide, no Largo do Coreto e no Bairro Padre Cruz, e em Alcântara, cortesia da Academia de Santo Amaro.

No campeonato dos arraiais, há uns que se fazem questão de manter selectos. É o caso da Vila Berta, arraial ligeiramente mais produzido, que acontece este ano pela 13.ª vez, de 1 a 12 Junho, e o Arraial dos Navegantes, no Parque das Nações, de 30 de Maio a 2 de Junho. Contudo, os arraiais, mais ou menos ortodoxos, multiplicam-se pela cidade e há muitos outros para ficar de olho.

Fado, jazz e outros ritmos

O fado chega ao Castelo de São Jorge, pela voz inconfundível de Mariza. O concerto promete ser um dos pontos altos das Festas de Lisboa. Está marcado para dia 20 de Junho, às 21.30, e a entrada é livre. O bilhete deve ser previamente levantado na bilheteira do castelo, a partir das 18.00 do mesmo dia.

Mas antes disso, a 15 de Junho, há Viagem Musical pela Europa. O espectáculo da Orquestra Gulbenkian vai ter lugar no Grande Auditório da fundação e conta com direcção do maestro Cesário Costa e com a colaboração da harpista Beatriz Cortesão. Está marcado para a 19.00, é de entrada livre (bilhetes devem ser levantados a partir das 17.00) e promete levar o público numa viagem por partituras do velho continente dos séculos XIX e XX.

Mariza
© DR

Esta não será a única inovação do programa deste ano. Entre os dias 1 e 15 de Junho, há Picadeiro Jazz, um ciclo de concertos no Largo do Picadeiro, junto ao Teatro São Luiz. Sete datas, especialmente programadas por João Lopes Pereira, com músicos portugueses, mas também estrangeiros, caso de Bill McHenry, Drew Gress e Jeff William, vindos dos Estados Unidos (5 Jun), ou do duo britânico Borage, que actua a 6 de Junho. Os concertos são de entrada livre e sempre às 17.30.

Uma cidade, muitas culturas

As Festas de Lisboa são já conhecidas por agregarem várias celebrações de outras culturas, algumas delas deveras distantes. No dia 2 de Junho, a Comunidade Hindu de Portugal abre portas para um dia de festa em torno da cultura, da tradição e da gastronomia hindus. Conte com um mercado de sabores da Índia e com o tradicional Festival Bollywood Holi. A entrada custa 7€.

No dia 8 de Junho, o cenário será o Palácio Pimenta e, simultaneamente, a Coreia do Sul. O Festival da Cultura Coreana arranca às 10.00 com espectáculos de dança e música tradicional, k-pop e até taekwondo, sem esquecer o chá e as principais iguarias deste país longínquo. Sem sair do continente asiático, de 21 a 23 de Junho, o voo é até à Tailândia com o Thai Festival.

Conte com comida típica, desfiles de moda e muay thai para trazer alguma adrenalina ao programa. O périplo pela Ásia chega ao fim no dia 29 de Junho, com a Festa do Japão. No Jardim Vasco da Gama, em Belém, a celebração da cultura nipónica vai abranger artes marciais, música, cosplay e gastronomia. O evento decorre das 10.00 às 22.00.

O resto é festa

No dia 22 de Junho, o Arraial Pride volta a tomar conta da maior praça do país, o Terreiro do Paço. O evento é de entrada livre, decorre das 14.00 às 02.00 e o programa, da responsabilidade da ILGA Portugal, ainda está por anunciar. Antes disso, o Dia de Santo António. O 13 de Junho é habitualmente repartido entre duas comemorações. O aniversário de Fernando Pessoa volta a ser pretexto para um dia de visitas orientadas gratuitas na casa com o mesmo nome. Nas Amoreiras, o Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva também faz a festa. Conte com oficinas, visitas guiadas, música e uma feira do livro, numa celebração que acontece dentro e fora do museu.

CineConchas 2014
©Marco AlmeidaCineConchas em 2014

Mas há mais. No Cais da Colunas, o dia 8 de Junho (10.00) é o escolhido para celebrar as mais famosas embarcações do Tejo. O Dia da Marinha do Tejo serve de pretexto para que todas se façam ao estuário, criando uma visão digna de ser testemunhada. No final do mês, a Quinta das Conchas volta a converter-se na sala de cinema mais famosa de Lisboa. O CineConchas arranca a 27 de Junho para nove sessões ao ar livre. A entrada é, como sempre, gratuita.

A música volta a ser a expressão artística escolhida para encerrar o programa das Festas de Lisboa. O concerto em dose dupla está marcado para os dias 29 e 30 de Junho, sempre às 21.30, no Terreiro do Paço. Na primeira noite, sobe ao palco Tony Carreira, acompanhado por uma orquestra de 16 cordas. Na segunda, Richie Campbell apresenta um espectáculo pensado para a ocasião, com alguns convidados pelo meio. A entrada é gratuita. Ambos os concertos estão integrados no Festival Porta da Europa, financiado pelo Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa.

Pode consultar toda a programação das Festas de Lisboa 2024 aqui.

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