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Barranco do Inferno
©DRJoão Vilas, Guilherme Galhardo, Gonçalo Mendes e Pedro Ferreira, em 'Barranco do Inferno'

Galões, collants e rock n’ roll. Banda de glam rock portuguesa inspira filme

Fábio Duque Francisco é o vocalista dos Tones of Rock, banda que serviu de inspiração para a sua primeira longa-metragem. ‘Barranco do Inferno’ chega às salas de cinema a 23 de Maio.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Atitude, cores, collants e muito rock n’ roll. Uma banda de glam rock chamada Animal Tones decide gravar um videoclipe no deserto, com a esperança de que esse seja o seu bilhete dourado para um sucesso que tarda em chegar. Sem dinheiro e com poucos recursos, conta com a ajuda de uma manager para os levar ao Deserto Tabernas, em Espanha, conhecido cenário de muitos western spaghetti e um dos locais de rodagem desta produção. Pelo caminho, enquanto o vocalista se debate com uma grave doença pulmonar – e se enche de galões em vez de beber a clássica cerveja – dão uma série de concertos falhados que servem para financiar a aventura e chegar ao destino final.

Barranco do Inferno, longa-metragem escrita e realizada por Fábio Duque Francisco, já passou pelo FESTin – Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa e chega ao circuito comercial a 23 de Maio. Falámos com o criador por telefone, que também dá pelo nome de Francis Venus, vocalista dos Tones of Rock, banda que serviu de inspiração para este filme. E que tem um single prestes a estrear. Os Tones of Rock formaram-se em Mafra em 2009 e algumas das histórias de Barranco do Inferno baseiam-se na vida real. Mas não todas, porque há uma boa dose de ficção neste enredo regado drama, comédia e muita música. Entre os vários temas dos Tones of Rock que integram a banda sonora, destaque para "Hell Ravine", composto e gravado para Barranco do Inferno.

Barranco do Inferno
©DR'Barranco do Inferno'

Fábio explica que o filme “foi um bocado um acidente que começou na pandemia”. “Eu já realizava na minha produtora [a Shortfuse], mas coisas muito pequenas, tipo institucionais, promocionais. [...] A dada altura vi um directo do Como é que o Bicho Mexe e o Nuno Markl estava a falar de um concurso de escrita da Netflix. E comecei a escrever aquilo que tinha à mão: histórias da banda”, recorda. “Aquilo da Netflix não deu em nada”, diz, mas cedo percebeu que as histórias podiam dar origem a um filme ou a uma minissérie e acabou por se candidatar ao Programa Garantir Cultura, um apoio a fundo perdido criado na altura da pandemia para viabilizar projectos culturais em diversas áreas, cinema incluído. E foi aprovado. “O que acontece é que as pessoas vão ao cinema e dizem ‘eh pá, este filme não é nada especial comparativamente a outros filmes’, mas não fazem ideia da diferença de investimento”, sublinha Fábio, revelando que o orçamento total rondou apenas os 50 mil euros. E ainda comprou um dos carros do filme com dinheiro do seu próprio bolso.

Em Barranco do Inferno há algum sentido de humor à mistura, um pouco à semelhança da banda que o inspira. “Quem não tem uma presença no rock ou não foi ver os Tones of Rock, se calhar não percebe que há alguns delírios de criatividade e de humor. Isso é uma coisa que acontece, nós não somos muito sérios, mas também não somos uma paródia assumida. Há coisas que são mais sérias, há coisas que são um pouco mais desviadas, mas com alguma espontaneidade. É uma coisa que acontece e o filme é precisamente construído da mesma forma”, diz o realizador, acrescentando que nada no enredo acontece por acaso, apesar de não seguir uma “estrutura normal” e de ter uma “narrativa um bocadinho aleatória”. “Há muita coisa que parece por acaso, mas na verdade são private jokes ou coisas retiradas de histórias que têm uma ligação qualquer super distante daquilo que a audiência vai conseguir perceber”, revela. Neste momento, a adaptação de Barranco do Inferno a minissérie está fora de questão, sendo mais provável a produção de um Barranco do Inferno 2 ou de um “spin-off qualquer”. Para já, a Shortfuse tem uma candidatura em avaliação no Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) para uma curta-metragem, com “um habitat totalmente diferente deste”.

No filme, a banda é composta pelos actores Pedro Ferreira (Jardins Proibidos), Guilherme Galhardo (Bestas), João Vilas (Mutant Blast) e Gonçalo Mendes, em estreia nos ecrãs. O elenco conta ainda com Carolina Torres (O Clube) no papel da manager Valentina – uma participação lhe valeu o prémio de Melhor Actriz no FESTin – e com participações especiais de Quimbé (Inspector Max) e Elmano Sancho (Abandonados).

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