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©Denise Jans/Unsplash

#garanteolugar: quem quer comprar estes lugares vazios?

As salas de espectáculo abriram finalmente a 1 de Junho, mas a lotação ainda não pode ser esgotada. Para aproveitar os lugares de intervalo, nasceu a iniciativa que desafia as marcas a comprarem bilhete para um lugar que, para já, permanecerá vazio. Conheça o projecto #garanteolugar.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Foram mais de dois meses de salas de espectáculo vazias, eventos cancelados e cultura confinada. A 1 de Junho, alguns já puderam ver espectáculos como Deixem o Pimba em Paz, no Campo Pequeno, em Lisboa, ou ouvir a Orquestra Barroca da Casa da Música, no Porto. No Cinema Ideal, na capital, viram-se os filmes Retrato de Uma Rapariga em Chamas, de Céline Sciamma, e Quem Escreverá a Nossa História, de Roberta Grossman. No Cinema Trindade, no Porto, celebrou-se a antestreia de Surdina, de Rodrigo Areias.

Em comum, todas as salas aplicaram as novas regras, como o uso obrigatório de máscara e o distanciamento mínimo obrigatório de pelo menos um lugar entre espectadores não coabitantes. A bilheteira vai, por isso, andar mais desfalcada nos próximos tempos e foi para apoiar os profissionais do espectáculo que Raquel Pinhão e Teresa Pinheiro, ambas com experiência em produção cultural, criaram o #garanteolugar, uma ideia que propõe às marcas comprarem os lugares vazios de forma a garantirem a sustentabilidade de uma programação cultural regular, bem como a manutenção dos rendimentos da comunidade artística.

O projecto assume a função de mediador entre espaços e empresas e acompanha a criação de acordos, que podem variar e que serão estudados caso a caso. “Será estabelecido um valor de investimento mínimo por sala, sendo que qualquer acção de contrapartida será sempre negociada e contratualizada entre ambas as partes”, explicam em comunicado. Embora este seja um projecto para “o agora”, esperam que possa “lançar sementes para o depois, abrindo um canal de colaboração permanente e duradouro entre a cultura e outros sectores económicos”.

Num documento disponibilizado no site oficial (garanteolugar.pt) encontra alguns exemplos de como podem funcionar estas parcerias. Uma das sugestões é a marca poder posteriormente usar parte do número de bilhetes comprados para oferta em acções de promoção. E também há a possibilidade de criação de acções de activação no foyer e outros locais da sala. Ou seja, o #garanteolugar põe as marcas e as salas de espectáculo em contacto e define as linhas gerais dos contratos de apoio que prevêem a compra de lugares não ocupados. Desta forma, as empresas exercem a sua responsabilidade social e valorizam as suas marcas. E as salas de espectáculo reúnem as condições financeiras necessárias à programação e rendimentos.

“A ideia base partiu da certeza de que a cultura é para todos, mas também é de todos. É, portanto, responsabilidade de todos. As marcas, tal como os consumidores, são parte desta sociedade e, como tal, podem também ter um papel activo na manutenção deste ecossistema. Acreditamos que esta ligação pode ser benéfica para todos”, asseguram, acrescentando que este momento “pode ser uma oportunidade para as marcas se afirmarem”.

“Pensámos, por isso, que poderíamos contribuir não só como consumidoras da cultura, mas também como mediadoras desta relação marcas-agentes culturais, já que são valências que temos e que acreditamos serem relevantes”, explicam as fundadoras à Time Out.

Quem é quem?
A ligação aos eventos culturais está clara no percurso profissional das duas fundadoras do #garanteolugar, que explicam também serem “consumidoras assíduas de cultura”. “Não somos os artistas que sobem ao palco, mas pertencemos à outra força em redor da criação”, dizem à Time Out. Raquel Pinhão já foi directora de marketing do Rock in Rio e hoje é sócia d’A Pequena Galeria e consultora, de sponsoring e parcerias, de eventos como o IndieLisboa, a Culturgest ou o Festival MEXE. Já Teresa Pinheiro, que actualmente trabalha na coordenação da convenção do MIL – Lisbon International Music Network, passou pelas equipas de produção do Festival Silêncio, Eurovisão, Rock in Rio ou Sol da Caparica, e foi responsável pelo programa de residências do Hangar – Centro de Investigação Artística.

Conheceram-se em 2015 e este é o primeiro projecto conjunto idealizado de raiz pela nova parceria, o Clube Recreativo – Colaboração Criativa. Confessam que ainda não sabem exactamente o que será, mas têm uma certeza: “Queremos que este clube tenha muitos sócios e que, sobretudo, seja um espaço de criação e de partilha com outros.”

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