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Good Omens
©DRDavid Tennant (Crowley) e Michael Sheen (Aziraphale)

‘Good Omens’: entre o céu e o inferno, não há limites

O que começou por ser uma série limitada a apenas uma temporada, expandiu-se para uma segunda aventura. Nascida do livro de Neil Gaiman e Terry Pratchett, ‘Good Omens’ regressa à Prime Video a 28 de Julho, com seis novos episódios.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Good Omens (que se traduz em Bons Augúrios) é uma história antiga. Bom, o enredo do livro recua efectivamente ao Jardim do Éden, mas a génese desta série tem início na década de 80 do século passado, quando se conheceram dois autores britânicos unidos pela paixão por histórias de outro mundo. Neil Gaiman e Terry Pratchett acabaram por publicar, em 1990, o livro Good Omens, que acompanha a amizade entre um arcanjo e um demónio, desde o início dos tempos, no sentido mais bíblico da coisa, isto é (calma), quando Adão e Eva morderam a famosa maçã. Avançando para a actualidade, o arcanjo Aziraphale e o demónio Crowley são os mais improváveis melhores amigos e, apaixonados pelos prazeres da Terra, unem-se para travar o Apocalipse e impedir os planos para um take-over pelo anti-Cristo, além de uma batalha entre o Céu e o Inferno. Assim se resume a ideia da primeira temporada que estreou em 2019 d.C. como minissérie. No entanto, deu-se o milagre da multiplicação e a segunda volta estreia a 28 de Julho, na Prime Video.

Neil Gaiman é popular nome da literatura fantástica, sendo autor de obras que também já mereceram adaptação aos ecrãs, como é o caso de American Gods, Coraline, The Sandman ou Stardust. A caminho, também pelos Amazon Studios, estará uma adaptação do livro Os Filhos de Anansi. Já Terry Pratchett é conhecido pela série de livros Discworld, em que imagina a vida num planeta achatado, suportado por quatro elefantes que vivem nas costas de uma tartaruga gigante (e sim, é uma paródia). Mesmo antes de lançarem Good Omens, Pratchett e Gaiman imaginaram a continuação de Good Omens para um segundo livro, o que nunca chegou a acontecer, até porque Pratchett morreu em 2015, não sem antes dar o aval para uma possível adaptação televisiva da obra que partilhou com Gaiman. Apesar de nunca terem lançado um segundo volume de Good Omens, estavam lá os ingredientes principais para que Gaiman pudesse avançar com a continuação desta história, não em livro, mas numa segunda ronda desta série que conquistou uma sólida base de fãs. Agora, se não viu a primeira temporada, regresse mais tarde a esta leitura.

Neste segundo take de Good Omens, Aziraphale e Crowley, interpretados pelos actores Michael Sheen (Masters of Sex) e David Tennant (Doctor Who), foram afastados pelas respectivas chefias no Céu e no Inferno, após terem impedido a batalha final sem autorização superior. Ambos vivem um dia-a-dia tranquilo com os mortais do Soho, em Londres, até que o arcanjo Gabriel (Jon Hamm) – que na temporada anterior era uma espécie de CEO arrogante do paraíso – aparece inesperadamente à porta da livraria de Aziraphale, todo nu e sem qualquer memória de quem é nem de como lá chegou. A dupla de amigos volta a juntar-se para tentar resolver o mistério, enquanto trabalham para recuperar a confiança um no outro, entretanto perdida.

Good Omens
©DRJon Hamm (Gabriel) e Michael Sheen (Aziraphale)

Sheen e Tennant (que ficaram amigos e durante o confinamento lançaram a série Staged) estão actualmente em greve, já que o sindicato britânico Equity se juntou ao norte-americano Screen Actors Guild nas reivindicações por condições mais justas de trabalho. Mas antes disso a Time Out conseguiu falar com os actores numa round table virtual com jornalistas de todo o mundo, onde perguntámos se esperavam este retorno com quatro anos de distância da estreia da primeira temporada. “Bem, nunca esteve nos planos, por isso foi definitivamente uma surpresa. Não me lembro de ter havido um dia em que disseram ‘adivinhem, pessoal, estamos a fazer a segunda série’, porque surgiu de uma forma muito apropriada ao estilo de Good Omens e acabou por se materializar”, disse Tennant à Time Out, sublinhando que a ideia para uma segunda temporada foi “evoluindo lentamente”. Até porque havia elementos na primeira temporada que nem sequer apareciam no livro, ou seja, eram já ideias que tinham sido debatidas entre Gaiman e Pratchett para uma possível segunda edição do livro. Como é o caso dos anjos, com destaque para o arcanjo Gabriel, “coisas das conversas que o Neil e o Terry tiveram sobre histórias futuras que foram colocadas na primeira série”, acrescenta Sheen. Actor que é, há largos anos, fã do livro Good Omens e que acredita que esta segunda temporada só foi possível devido aos velhos planos entre os dois autores. “Acho que o Neil nunca teria querido ir mais longe se não tivesse havido estes planos entre ele e o Terry no passado. O facto de terem falado sobre isso deu-lhe a sensação de que era algo que ele se sentiria confortável em fazer e, obviamente, nós adoraríamos fazê-lo. O público pareceu gostar da primeira temporada e a relação entre as personagens pareceu funcionar. Por isso, acho que todos se sentiram muito bem em explorar a possibilidade de ir mais longe.”

Esta segunda temporada inclui pormenores que são homenagens a Terry Pratchett, como um retrato seu no Dirty Donkey Pub ou o chapéu que lhe era característico pendurado na livraria de Aziraphale, uma forma de o manter presente neste mundo em expansão que ajudou a criar. Esta temporada foi filmada nos Pyramid Studios, entre Edimburgo e Glasgow, que tem a possibilidade de criar cenários muito maiores, em comparação com os Bovingdon Studios, num antigo aeródromo nos arredores de Londres, onde decorreu a primeira rodagem. Além dos novos ares da produção, há novos personagens e alguns actores que estão de regresso, mas em papéis diferentes dos que interpretaram na primeira temporada. Por exemplo, Miranda Richardson despe a roupa da Madame Tracy para assumir o demónio Shax (que substitui Crowley como a representante do Inferno na Terra) e Reece Shearsmith, que conhecemos numa cena como William Shakespeare, está de regresso, mas no papel do demónio Furfur. Nina Sosanya e Maggie Service, que interpretaram as duas freiras demoníacas Loquacious e Garrulous, são agora as humanas Nina, proprietária de um café, e Maggie, que tem uma loja de música. E se na primeira temporada Neil Gaiman assinou o argumento sozinho, desta vez pediu ajuda ao britânico John Finnemore, actor e reputado argumentista de programas de comédia, para rádio e televisão. A realização dos seis episódios volta a estar na mão de Douglas Mackinnon.

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