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Filme, Cinema, Drama, Thriller, Cry Macho – A Redenção (2021)
©DRClint Eastwood em Cry Macho – A Redenção

LEFFEST é agora um festival só de Lisboa, mas “não do centro de Lisboa”

O festival de cinema que já partilhou território com Sintra e Estoril passa a ser um exclusivo alfacinha. Em Novembro, os filmes de Clint Eastwood, Pedro Costa ou Godard vão ver-se em diferentes pontos da cidade.

Renata Lima Lobo
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Renata Lima Lobo
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“O festival encontrou o sítio onde a partir de agora se vai desenvolver.” Paulo Branco, produtor e criador do LEFFEST, arrancou assim a apresentação da próxima edição do festival de cinema, que este ano se fixa em Lisboa. Teatro Tivoli, Cinema Nimas, Cine-teatro Turim, Trienal de Arquitectura, Academia das Ciências e Galeria IMAGO são as salas por onde passa o festival, entre 10 e 19 de Novembro.

O Estoril (primeiro) e Sintra (depois) deixaram de ser destino do festival, que tinha como marca de água decorrer em diferentes concelhos desde que se estabeleceu, em 2007. Paulo Branco garantiu no entanto, esta sexta-feira, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, que vai continuar a fazer aquilo a que o LEFFEST se propõe desde o início. “[O festival] segue a linha que sempre tivemos: trazer o melhor que pensamos que foi visto até agora em termos mundiais”.

Em Lisboa, serão exibidos filmes distinguidos em alguns dos principais festivais de cinema internacionais, de Cannes a Veneza. Obras como Poor Things, de Yorgos Lanthimos, ou Anatomy of a Fall, de Justine Triet, que chegam ao LEFFEST fora da competição. “Esses filmes estão fora de competição, logicamente, mas já ganharam alguma coisa, não precisam de um prémio do LEFFEST. Talvez daqui a uns anos seja mais importante, mas por enquanto ainda não é”, defendeu o fundador do festival.

Para a lista de filmes em competição, a organização preferiu propostas que considera merecerem especial atenção, entre as quais a primeira longa-metragem de ficção do realizador português Paulo Abreu, Ubu. O vencedor será seleccionado por um júri presidido pelo cineasta palestiniano Elia Suleiman (It Must Be Heaven) e que inclui no painel de jurados a actriz e realizadora Fanny Ardant (O Divã de Estaline). Outro momento competitivo será a Secção Descobertas, com júri ainda por anunciar, na qual serão mostrados trabalhos de realizadores pouco conhecidos pelo público, entre eles Artur Serra Araújo, com Dulcineia.

O cinema português estará também em destaque numa revisitação dos filmes de Pedro Costa, na secção Os Quadros do Cineasta, a propósito do lançamento do livro com o mesmo nome de Jacques Rancière sobre o realizador português. Em exibição estará, por exemplo, As Filhas do Fogo, curta-metragem que este ano marcou presença na Selecção Oficial de Cannes, numa secção que se cruza com filmes de linguagens semelhantes, entre elas o cinema de Godard, com a curta Film annonce du film qui n’existira jamais, drôles de guerres.

Paulo Branco destacou também o “momento único” da programação, uma exposição que ocupa a Trienal de Arquitectura. “É a segunda vez que vai ser apresentada. Foi apresentada em Paris e aqui vai ocupar as cinco salas do Palácio Sinel de Cordes, da Trienal de Arquitectura”. Trata-se de um percurso visual e sonoro pelos cinco capítulos de Le Livre d’Image (2018) – a última longa-metragem do cineasta franco-suíço, Palma de Ouro Especial em Cannes – que será complementado por “várias discussões à volta da obra do Jean-Luc Godard”.

Outra dimensão

O LEFFEST será ainda marcado por três grandes retrospectivas: uma dedicada aos filmes realizados por Clint Eastwood, que trará a Lisboa personalidades que com ele trabalharam, embora não haja, para já, confirmações (um dos nomes avançados por Paulo Branco foi Morgan Freeman); outra ao cineasta turco Nuri Bilge Ceylan, cujo último filme, About Dry Glasses, passou pela edição anterior do LEFFEST; e, por fim, uma retrospectiva focada em quatro filmes da francesa Justine Triet, que exploram a complexidade, ambiguidade e imprevisibilidade de mulheres nos papéis principais.

“E chegamos também a situações e a eventos um pouco mais particulares, mas que para nós são muito importantes de realçar. Um é o simpósio à volta da Inteligência Artificial e a Criação. Neste momento, é um tema que interessa a todos nós e sobretudo a todos os criadores, esta invasão da inteligência artificial no campo criativo e as suas consequências”, explicou Paulo Branco para quem é importante “reafirmar que o pensamento humano é algo insubstituível”. O programa arranca com uma conversa com a multifacetada artista Laurie Anderson e será também composto por música e exibição de filmes como Matrix (1999), 2001, Odisseia no Espaço (1968) ou mesmo a animação Wall-E (2008), num total de oito filmes ilustrativos desta temática.

“Não quero deixar de realçar que é um festival de Lisboa e não do centro de Lisboa”, sublinhando a importância de poderem contar com espaços como o Cine-teatro Turim. Espaços que, para o produtor, dão “outra dimensão ao festival” e que numa próxima edição poderão integrar uma lista mais alargada de salas da cidade de Lisboa. A programação completa pode ser consultada no site oficial do LEFFEST – Lisboa Film Festival.

LEFFEST. 10 a 19 de Novembro. Vários locais e horários

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