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Lisboa 5L: Nem só de livros se faz um festival literário

Mesas de autor, debates, cinema, teatro, performances, oficinas e exposições. No Lisboa 5L, fala-se de livros com todas as letras.

Joana Moreira
Escrito por
Joana Moreira
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O que pode ser um festival literário num país em que mais de metade da população não lê livros? Para José Pinho, director artístico do Lisboa 5L – Festival Internacional de Literatura e Língua Portuguesa, os números “reflectem um estado crítico, mas é uma oportunidade. Se em Portugal os níveis de leitura são baixos, é em Portugal que há alguma possibilidade de crescimento. Plano Nacional de Leitura, livrarias, editoras, todos têm um papel no sentido de aumentar a literacia. Onde se lê pouco há um percurso a trilhar, há um caminho”, diz à Time Out. 

De quarta-feira, 4 de Maio, a domingo, 8, esse caminho passa pelo 5L, que quer pôr o público em contacto com autores, mas também seduzir novos leitores. Língua, literatura, livros, livrarias e leitura são os cinco “L” deste festival, que também se estende para outras áreas, como o cinema, a música, a arte ou o teatro. É a terceira edição do certame que nasceu durante a pandemia (e, por isso, só agora se realiza de forma totalmente presencial) e que quer ser uma “referência”.

“Parece-me cada vez mais importante a existência de um festival literário em Lisboa. Era uma falha, afirma o escritor José Eduardo Agualusa, um dos convidados desta edição. Falámos disso muitas vezes, com o José Pinho: porque é que não havia um grande festival literário em Lisboa? Nunca compreendi. Por outro lado, espero que este festival cresça mais. Continua a faltar ao mundo da língua portuguesa um grande festival literário capaz de atrair não só os leitores, mas capaz de atrair agentes literários, jornalistas culturais do mundo todo.”

Um dos destaques da programação do 5L é um ciclo de cinema, organizado em parceria com o IndieLisboa, que acontece em simultâneo. “De que forma é que a escrita sob a forma de uma carta pode ser materializada através do cinema?”, lança Miguel Valverde, um dos directores do IndieLisboa que trabalhou na escolha de filmes para este ciclo – como Koibumi (1953), de Kinuyo Tanaka (Qui 20.00), ou Cartas da Guerra (2016), de Ivo M. Ferreira (Sáb 20.00). As sessões acontecem sempre no Cinema Ideal e são apresentadas por “especialistas em literatura”, adianta o programador.

Outra das disciplinas em que a palavra é fundamental e que o evento não esquece é a música. Há concertos para celebrar os poetas e cantautores que se expressam nas diferentes variantes do português. Um deles junta em palco Jorge Palma, Luísa Sobral, Luca Argel, Garota Não e Alice Neto de Sousa. É um tributo a Chico Buarque e às suas canções e acontece na sexta-feira, 6, às 21.00, na Sala Luís Miguel Cintra do Teatro São Luiz. No mesmo sítio, um dia depois, é tempo de No Princípio Era o Verso, um espectáculo que reúne “nomes com sólidos pergaminhos na mais avançada arte lírica do hip-hop nacional”, lê-se na nota de imprensa. São eles Mynda’Guevara, Mazarin, Gijoe, TNT, Tristany, Eu.Clides e Silly. 

Leitores em busca de escritores

Para quem busca o contacto directo com autores, a lista de presenças é extensa, e inclui nomes como Joana Bértholo, Filipa Leal, Patrícia Portela, Afonso Reis Cabral, Valério Romão, Catarina Sobral, Isabel Minhós Martins, Maria do Rosário Pedreira, Nuno Júdice, José Eduardo Agualusa ou Mário Lúcio Sousa. Além de apresentação de novidades editoriais, o evento tem cerca de duas dezenas de Mesas de Autor, espaços de conversa com escritores portugueses e estrangeiros. Logo na quarta, 4, às 18.00, no São Luiz, é sob o mote “O silêncio e a escrita” que a romancista marroquina Leïla Slimani e a escritora portuguesa Dulce Maria Cardoso se unem, numa conversa conduzida por Tânia Ganho. Sexta, 6, às 16.00, no foyer do Teatro Nacional de São Carlos, a escritora angolana e portuguesa Yara Monteiro e o escritor cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa debatem sobre “A visibilidade negra”, com a moderação de Catarina Martins, especialista em estudos pós-coloniais e estudos feministas. 

A extensa programação do 5L conta ainda com uma feira do livro no Largo de São Carlos, três encenações de teatro em duas livrarias (Livraria Ferin e Livraria Almedina Rato) e num hotel (Hotel Britania) e debates sobre temas como os hábitos de leitura (“Quem não lê?”, quarta-feira, às 14.30, no São Luiz) ou a história e relevância das capas dos livros (“Capas que contam”, quinta-feira, às 19.30, na Biblioteca Palácio Galveias). 

Lisboa 5 L. Qua-Dom. Entrada livre (excepto ciclo de concertos e sessões de cinema). www.lisboa5l.pt

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