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Lisboa recebe documentário sobre baleia misteriosa, financiado por Leonardo DiCaprio

Antes de Lisboa mergulhar na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, o Cinema São Jorge acolhe a iniciativa Cine ONU, com a exibição do filme ‘The Loneliest Whale: The Search for 52’. Falámos com o realizador Joshua Zeman.

Renata Lima Lobo
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Renata Lima Lobo
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Antes de arrancar a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas (de 27 de Junho a 1 de Julho), o Cinema São Jorge acolhe a iniciativa Cine ONU, que conta com a colaboração da Câmara Municipal de Lisboa, da Fundação Oceano Azul e da Embaixada dos EUA. Na Sala Manoel de Oliveira vai ser exibido o filme The Loneliest Whale: The Search for 52, realizado por Joshua Zeman, com produção executiva de Leonardo DiCaprio e de Adrian Grenier.

O documentário acompanha a busca, levada a cabo por vários cientistas, pela baleia Hertz 52, que comunica numa frequência diferente das restantes baleias. À medida que o filme embarca nesta viagem cativante, o público poderá explorar os ensinamentos do isolamento desta baleia – não só acerca da mudança da nossa relação com os oceanos, como entre todos nós, lê-se na sinopse.

A sessão contará ainda com uma conversa onde estarão presentes Joshua Zeman, Sneha Shahi (embaixadora indiana do UNEP – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), Pamela Kiambi (activista ambiental do Quénia), entre outros. A entrada é livre, mas pede registo na plataforma Eventbrite, e é preciso estar na sala antes das 18.30.

3 perguntas a… Joshua Zeman

É norte-americano, documentarista e costuma dedicar-se a histórias sobre crime. Mas há dez anos que anda atrás de uma baleia. Fomos saber porquê.

Joshua Zeman
©DRJoshua Zeman

Trabalha em muitos documentários à volta do crime. Mas este projecto é um pouco diferente. Como é que isto aconteceu?
Conheci um psicólogo animal que falou comigo sobre o que podemos aprender com os animais sobre a nossa própria humanidade. Fiquei muito intrigado e isto de estar no mundo do crime… de vez em quando precisas de uma pausa [ri-se]. Esta é uma boa história e até acaba por ser semelhante, porque eu lido muito com mistérios. Este é um mistério diferente, do oceano que, de muitas maneiras, é muito maior do que qualquer mistério aqui na Terra.

A história deste documentário acaba por se conectar com o tema dos oceanos, não é apenas a história desta baleia em particular. Pode também ajudar a aumentar a consciencialização para a protecção dos oceanos?
Isso foi o que achei tão interessante. Há muitos documentários que tentam assustar-nos para nos importarmos. Queria tentar fazer um tipo diferente de filme-natureza, que construísse uma conexão emocional com um personagem. Comecei a trabalhar no documentário há dez anos. Tinha ouvido falar sobre esta história e é incrível. Por que estamos tão emocionalmente ligados à história desta baleia? E obviamente a resposta é porque é realmente sobre nós mesmos, sobre a crise existencial da humanidade. Vamos morrer sozinhos. A solidão, a vastidão do oceano… Mas a certa altura perguntei se poderíamos realmente procurar esta baleia [descoberta por William Watkins, em 1989] e tornou-se uma história de aventura, como o Moby Dick. Demorámos quatro anos só para descobrir se ela ainda estava viva, porque o governo dos EUA agora não permite que os cientistas escutem as baleias com os aparelhos que a Marinha tinha emprestado aos investigadores. Por isso, tivemos de voltar a ouvir as gravações. E de repente, há outros ruídos, a poluição sonora, o tráfego marítimo. No decorrer da história, essas questões vêm à tona, mesmo que o filme não seja sobre isso.

O Leonardo DiCaprio é um dos produtores executivos. Qual a grande contribuição do actor para esta produção?
Eu juntei-me com outro actor, o Adrian Grier [também produtor executivo], e tentámos lançar uma campanha no Kickstarter. Porque procurar uma baleia é incrivelmente caro, não fazia ideia. E então conseguimos que o DiCaprio nos desse algum dinheiro, ele realmente ajudou a fazer isto acontecer. Acho que tudo o que ele está a fazer com a sua fama é maravilhoso. Deve ser celebrado por usar isso para o bem.

Cine ONU. Cinema São Jorge. Sex 19.00. Entrada livre. Reservas online

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