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Maximilian Magnus montou o ateliê no hotel Le Consulat e pode ser visitado

Escrito por
Francisca Dias Real
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Traços desalinhados que fogem da figuração mundana, não representam objectos concretos – ou pelo menos até alguém os identificar. O abstraccionismo do artista alemão Maximilian Magnus está em Lisboa, mais concretamente na galeria do hotel Le Consulat, não fosse este um verdadeiro consulado cultural e artístico da cidade.

É na galeria do hotel, no mesmo piso do restaurante e do bar, e que está acessível a não hóspedes que Maximilian montou uma espécie de estúdio, tornando-se no primeiro artista residente da galeria. As peças que criar durante o tempo que estiver hospedado vão ficar por lá, no quarto – sim, no Le Consulat dorme-se rodeado de arte. “Este convite foi um win-win das duas partes, tive a oportunidade de vir para aqui e Lisboa é uma cidade incrível”, conta Maximilian enquanto nos mostra as colagens que está a fazer a par das telas. “Vou voltar em Maio, nos mesmos dias da ARCOlisboa, para participar numa espécie de feira privada com estas obras também.”

A sala do Le Consulat onde o artista montou o seu ateliê improvisado

As telas, dispostas no estúdio improvisado, que o artista pintou para o hotel, traduzem-se numa simplicidade abstracionista com pinceladas grossas intercaladas com outras mais finas, cores escuras e uma paleta de verdes e amarelo para contrastar.

Até dia 11 de Abril o ateliê funciona às segundas, terças e quartas (pode ter sorte e apanhá-lo por lá), mas é no dia 10 que das 18.00 às 22.00 Maximilian promove um open studio para quem quiser aparecer. “Gosto de trocar ideias com as pessoas, falar com elas e também tudo depende da minha abertura para receber o que elas têm para me dizer e ensinar. Pode durar cinco minutos ou três horas, podemos acabar a beber um copo de vinho até”, diz.

Pouco se deixa influenciar por estas visitas, a inspiração vem de fora, dos poros artísticos que absorvem o mundo à sua volta. "Tento não ver trabalho de outros artistas durante o meu processo. É claro que por mais que não queiras acabas por ficar com ideias que já viste em algum lado, por isso é que evito", diz. Aliás, se pudéssemos aplicar uma referência musical no que toca à inspiração do pintor é o êxito "Let it Go", de Frozen, que é como o artista age perante a tela. "Deixo fluir simplesmente. Deixo mesmo que as coisas me surjam de forma natural sem grandes artifícios e manias”, refere sem deixar de lado o lado inspiracional que Lisboa lhe dá. “Cada canto desta cidade é especial. E as pessoas sorriem, que é uma coisa a que não estava habituado. A luz, a arquitectura, a história, tudo, cada canto tem o seu pequeno paraíso de energia.”

Voltar ao passado para traçar o futuro

Enquanto mantém o seu estúdio em Berlim, Maximilian quer mudar-se para um espaço numa zona campestre da Baviera que já pertenceu aos seus pais e que o artista conseguiu recuperar há cerca de três meses. “É lá que quero ter todo o meu foco. Quero criar uma residência artística”, afirma. Mas uma residência com tudo lá dentro, as artes visuais e as performativas. "Quero voltar a ensinar, a estar rodeado destas pessoas criativas. É a minha vida, é onde me inspiro".

Apesar de vir de uma família de artistas, foi precisamente na altura em dava aulas, há mais de 10 anos, que decidiu que o percurso da pintura era inevitável. “Tivemos que expulsar um aluno e eu destruí o trabalho dele, apoderei-me daquilo e foi um momento emocional, no fim estava estava a transpirar e a chorar”, conta. “Foi esta a primeira vez que senti mesmo o que estava a fazer.”

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