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António Pedro Vasconcelos
DRAntónio Pedro Vasconcelos tinha 84 anos

Morreu o cineasta António-Pedro Vasconcelos

É um dos mais populares homens do cinema nacional. Com uma carreira na sétima arte que recua aos anos 60 do século passado, morreu esta quarta-feira, aos 84 anos.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Morreu António-Pedro Vasconcelos, um dos mais populares cineastas nacionais. Realizador, argumentista e actor, deixa uma vasta obra cinematográfica, na qual pontificam filmes como Jaime, Call Girl, Os Gatos Não Têm Vertigens ou Os Imortais. Tinha 84 anos.

A notícia foi avançada por João Soares nas redes sociais, esta quarta-feira, e entretanto confirmada pela família do cineasta, num comunicado citado pela Lusa: "A família de António-Pedro Vasconcelos informa que o nosso A-PV partiu esta noite, a poucos dias de completar 85 anos de uma vida maravilhosa. Hoje, mais do que nunca, temos a certeza que o nosso A-PV, que tanto lutou para que todos fôssemos mais justos, mais correctos, mais conscientes, sempre tão sérios e dignos como ele, será sempre um imortal".

Segundo o jornal Expresso, o cineasta morreu esta quarta-feira no Hospital da Cruz Vermelha, na sequência de uma pneumonia. Mas foi João Soares, antigo presidente da Câmara de Lisboa socialista, que deu primeiro a notícia no Facebook: "Admirava-o muito como cineasta, a obra que nos deixa é notável. Também como cidadão cujas opiniões respeitava, e muitas vezes seguia. Um homem de esquerda, desde quase sempre próximo do PS. Teve um papel muito importante na campanha presidencial do meu pai em 1986. Foi amigo e apoiante sem falhas de Mário Soares, sempre. A honrar a sua memória aqui fica aquele trecho da letra do inesquecível Rock da Liberdade que escreveu em 1986: 'Para nós só há a Liberdade’”, escreveu.

Em 1992, o homem que raramente deixava o chapéu em casa foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente da República Mário Soares.

O homem da sétima arte

Foi Km224 (2022) a última longa-metragem que estreou nos cinemas com a assinatura de António-Pedro Vasconcelos, uma história sobre um casal lisboeta que luta pela guarda dos dois filhos, devido a um divórcio litigioso. Para trás, ficaram mais de duas dezenas de filmes, entre curtas e longas-metragens, documentários e ficção. Nascido em Leiria em 1939, António-Pedro Vasconcelos conseguiu chegar a muitos, num país onde se vê pouco cinema português.

É também um dos nomes do Cinema Novo em Portugal, juntando-se com o filme Perdido por Cem (1973) ao movimento fundado pelos realizadores Paulo Rocha, Fernando Lopes e António de Macedo, desalinhados com o antigo regime que abraçaram uma nova forma de fazer cinema em Portugal. No entanto, a ligação com a sétima arte começou antes de ser o homem da câmara: integrou a direcção do Cineclube Universitário de Lisboa (1958-1960) e escreveu sobre cinema em publicações como a Revista Imagem, o Diário de Lisboa (com Seixas Santos), o Jornal de Letras e Artes, ou o Cinéfilo, uma actividade que foi desenvolvendo ao longo de vários anos em diversos títulos. Uma vida dedicada ao cinema, também fora dos sets de rodagem, tendo sido ainda membro fundador do Centro Português de Cinema.

Nos Prémios Sophia, atribuídos pela Academia Portuguesa de Cinema, recebeu o Prémio Sophia de Carreira em 2020, depois de ter sido galardoado como Melhor Realizador pelos filmes Os Gatos Não Têm Vertigens (2015) e Parque Mayer (2019), algumas das muitas distinções que recolheu ao longo de mais de 50 anos de carreira.

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