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Solar dos Presuntos
Mariana Valle LimaPedro e Carolina Cardoso junto ao mural de Evaristo Maria da Graça

Morreu uma figura histórica da restauração lisboeta, o Evaristo do Solar dos Presuntos

Fundador do Solar dos Presuntos e embaixador da cozinha minhota, Evaristo Cardoso morreu esta terça-feira aos 80 anos.

Cláudia Lima Carvalho
Escrito por
Cláudia Lima Carvalho
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Se o Solar dos Presuntos é hoje um bastião da comida tradicional portuguesa é a Evaristo Cardoso, e à sua mulher Maria da Graça, que o deve. Evaristo mantinha-se presença habitual no restaurante, embora fosse já o filho, Pedro Cardoso o responsável pelo negócio. Foi ele que decidiu no ano passado, depois de umas obras de ampliação e renovação homenagear os pais num mural feito por Vhills. Evaristo Cardoso morreu esta terça-feira, tinha 80 anos. 

“É com enorme tristeza que informamos os nossos amigos de que hoje partiu metade da alma do Solar. Hoje choramos com a alegria de saber que contámos com ele ao nosso lado até ao fim e que uma grande parte do senhor Evaristo ficará para sempre na mesa do canto, a olhar por todos nós. Morreu o Evaristo de Monção, o Evaristo do Solar, o Evaristo da Graça, o Evaristo do Lila. Morreu o Evaristo, um amigo vosso, que viveu para vos servir”, lê-se nas páginas de Instagram e Facebook do restaurante, que abriu em 1974. 

Quando no ano passado Pedro Cardoso reabriu o restaurante, depois de umas longas obras de ampliação, destacava como era importante homenagear os pais ainda em vida. Em entrevista à Time Out, mostrava-se orgulhoso por ser conhecido actualmente como “o filho do Evaristo”. “Não existe relações públicas como ele! É um indivíduo que está a falar contigo e quando dás por ela estás a almoçar em casa dele. Tudo nele é muito natural. Não dá para copiar o que ele faz, mas adoro ser tratado por filho do Evaristo”, dizia. “Cada um tem o seu percurso. Se não fosse ele, e sobretudo a minha mãe, nós não estaríamos aqui certamente. O meu pai sempre foi um indivíduo com uma visão muito grande, sempre a pensar no futuro, a guardar os tostões para fazer a obra seguinte.”

As obras que custaram mais de quatro milhões de euros e que deram não só mais espaço ao Solar dos Presuntos, incluindo uma esplanada, como o modernizaram, foram ainda um desejo de Evaristo, juntamente com o filho e até a neta, Carolina, que hoje já segue as pisadas da família. “Ele sempre teve essa ideia, de cinco em cinco anos ter uma obra de fundo, de melhoramento. Tínhamos esta obra projectada há sete anos, mas houve vários problemas pelo caminho, desde logo aparecer-nos aqui um cemitério. Mas esta ampliação era a obra que o meu pai sempre teve em mente fazer.”

Já este ano, em Fevereiro, celebrou no restaurante os seus 80 anos, na semana em que recebia também a comenda da Ordem do Mérito Empresarial e Comercial. 

Natural de Monção, cozinha que respeitava e servia, Evaristo é também hoje lembrado por isso. “Neste momento de enorme tristeza e consternação, registamos a enorme admiração e apreço por Evaristo Cardoso, um dos mais prestigiados e reputados chefs nacionais que contribuiu, de forma decisiva, para o desenvolvimento e afirmação da culinária monçanense e portuguesa”, lê-se na nota de pesar da Câmara de Monção, liderada por António Barbosa, lembrando que em 2018 o fundador do Solar dos Presuntos foi o padrinho da candidatura vencedora do “Cordeiro à Moda de Monção” no concurso “7 Maravilhas à Mesa”. “Verdadeiro embaixador da cozinha monçanense em Lisboa, o percurso pessoal e profissional de Evaristo Cardoso honra os pergaminhos da nossa gastronomia e orgulha todos os monçanenses.”

O funeral está marcado para esta quarta-feira, às 11.00, na Igreja de São José. O corpo seguirá depois para Monção. O restaurante estará fechado nestes dois dias. Reabre na quinta-feira.

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