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Bougain
Arlei Lima

Na Casa da Pérgola, o Bougain quer tornar-se um clássico de Cascais

A mansão centenária que faz parte do imaginário de quem vive em Cascais ganhou um bonito restaurante com um menu de clássicos, cocktails de assinatura e uma carta de vinhos composta. É para se ir e ficar.

Cláudia Lima Carvalho
Escrito por
Cláudia Lima Carvalho
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Em plena Avenida Valbom, dificilmente haverá alguém em Cascais que não conheça a Casa da Pérgola, uma bonita mansão centenária protegida por um jardim. Do lado de fora do portão, sempre se tiraram fotografias à fachada, que se destaca também pelos azulejos pintados à mão, mas foram raras as vezes em que se transpôs essa barreira, mesmo que ali exista um pequeno hotel com apenas 12 quartos. Até agora. O Bougain Restaurant & Garden Bar abriu no piso inferior da Casa da Pérgola com uma esplanada que ocupa de forma discreta o jardim. A carta é de clássicos, o serviço atento.

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A aposta é de Miguel Garcia, que depois de mais de duas décadas a trabalhar na hotelaria, decidiu dedicar-se apenas à restauração. Começou por comprar, no ano passado, o Café de São Bento, juntando agora ao portefólio o Bougain, com a ambição de que também este restaurante se torne um clássico. “Estava à procura [de um sítio] na zona de Cascais/Estoril porque acredito muito no destino. O objectivo é fazer com que as pessoas que vivem aqui tenham cada vez melhores opções gastronómicas”, diz o responsável, acreditando que este novo restaurante tem tudo para se tornar também num “motivo para as pessoas de Lisboa virem para Cascais”. “Eu quero que o Bougain seja o destino, se calhar estou a desafiar-me demais”, continua Miguel.

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A visão é ambiciosa, mas Miguel Garcia sabe que não deixou nada ao acaso. Nem na cozinha, chefiada por Diana Roque, nem na decoração. “Num dos hortos, onde fui comprar plantas para aqui, chegaram a perguntar-me se estava a fazer o meu próprio horto”, brinca Miguel, para exemplificar o investimento. Dividido entre uma sala interior e um jardim, com as mesas cuidadosamente espalhadas, no Bougain cabem cerca de 80 pessoas, embora a disposição nunca o faça parecer um restaurante grande. “Eu quero que a pessoa se sinta bem. Este não é um restaurante com sittings, não é um restaurante com hora para sair”, avisa. “Isso também remete para os clássicos. Há 30 anos alguém vos pedia para sair da mesa? Era impensável.” 

Bougain
Arlei LimaSalada de beterraba, cenoura e citrinos

Há ensinamentos que vêm do Café de São Bento, em frente à Assembleia da República, aberto há 40 anos, onde Miguel fez recentemente umas obras de renovação, não para mudar alguma coisa, mas para substituir o que já estava marcado pelo tempo. No Bougain, cujo nome se deve às duas buganvílias que pintam o jardim da Casa da Pérgola, Miguel espera somar as mesmas décadas. Por agora, define-o como “um clássico contemporâneo, um clássico actualizado com vida”.

Bougain
Arlei LimaLinguado à meunière

“Este restaurante foi inspirado não só em experiências minhas, como do Cadu [Carlos Eduardo Silva, o gerente]. Trabalhámos juntos no Copacabana Palace [no Rio de Janeiro] e no grupo Tivoli. A Diana [Roque] também tem várias experiências internacionais e por isso inspirámo-nos em dois, três conceitos de cozinha mediterrânica clássica”, explica Miguel, para quem o “objectivo não é reinventar a roda, não é desconstruir nada”. “É só não destruir. É ir à nostalgia dos clássicos. É tentar, da melhor forma, reproduzir os clássicos como eles são. Quero que as pessoas cheguem aqui, abram o menu e gostem de tudo. Isso é uma coisa que está relacionada com os clássicos. Eu sei o que é e gosto de tudo o que leio.”

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E isso tanto pode ser um linguado à meunière (25€), como um pato confitado (25€), um carré de borrego (27€) ou um Chateaubriand, servido com molho bernaise e batatas fritas (60€/duas pessoas). 

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Arlei LimaO steak tartare é preparado à frente do cliente

“Aqui a nossa ideia foi tentar criar uma oferta que não fosse só de uma coisa. Uma pessoa tanto pode vir comer um peixe grelhado (25€), ou uns camarões tigres grelhados (32€) ou um arroz de carabineiro [e citrinos, 65€/duas pessoas], como também pode vir comer um Chateaubriand ou um steak tartare, que é feito à frente das pessoas.” Este último pode ser servido como entrada (13€) ou prato principal (26€), acompanhado com batatas fritas. “Cascais está muito caracterizado pelo peixe e marisco, que é óptimo e eu adoro, mas a ideia aqui é complementar a oferta, não só pelo jardim, pela casa centenária, mas pelo que oferecemos e eu sempre tive muita queda para os restaurantes com uma carta clássica”, aponta Miguel, destacando que a carta foi pensada para funcionar a qualquer hora do dia, apesar de, por agora, o restaurante ainda só estar aberto ao almoço e ao jantar. Se tudo correr como planeado, no Verão a cozinha já não fará interrupções.

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Arlei LimaArroz de carabineiro e citrinos

Na secção dos crudos, além do tártaro, há ostras de Setúbal (13€/seis unidades ou 25€/12), carpaccio de novilho (12€) e um lírio curado com pickles de ruibarbo e mostarda (12€). Nas entradas, além de diferentes saladas como a Niçoise, com atum braseado, feijão verde, folhas verdes, ovo, vinagrete de azeitona e rabanete (13€) ou a de beterraba, cenoura e citrinos (12€), há um gaspacho andaluz (11€) e uns camarões ao alho (14€). 

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Arlei LimaLírio curado com pickles de ruibarbo e mostarda

“Eu não queria só carne e peixe, mas também coisas mais leves”, defende Miguel, assinalando a aposta também na carta de vinhos e nos cocktails. Sim, o Bougain é um restaurante, mas também pode ser um sítio aonde se vai para beber um copo e picar qualquer coisa. Para Diana Roque, até agora escondida atrás de grandes nomes – trabalhou em restaurantes como os estrelados Belcanto e Feitoria, em Lisboa, mas também o Aldea, em Nova Iorque, ou o Mont Mar, em Barcelona –, é um desafio sem igual. “Achei que o projecto se identifica mais comigo e também está na hora de subir mais um bocadinho e tentar experimentar ser eu”, diz a chef, para quem o Bougain é diferente do que está habituada, mas estar a começar um projecto do zero não podia ser mais aliciante. “Acho que Cascais não tinha algo assim e estava a precisar”, acrescenta para atirar logo de seguida: “E também precisava de mulheres.”

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De segunda a sexta-feira, ao almoço, há um menu mais económico. Por 29€, inclui uma entrada e um prato ou um prato e uma sobremesa (água, refrigerante, café ou chá, incluídos). E a boa notícia é que, na escolha, estão os pratos da carta. O difícil pode ser escolher entre a entrada e a sobremesa, já que as sobremesas são bem tentadoras, do tiramisù à pavlova de pêssego (ambos a 8€, fora deste menu de almoço). Os gelados são da Santini (7€) e há ainda um trio de cannelés recheados com cobertura de chocolate (8€). 

Avenida Valbom, 13 (Cascais). 91 476 8826. Ter-Dom 12.00-15.00/ 19.00-23.00

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