Notícias

Não há provas de que os vestígios arqueológicos da Sé sejam de uma mesquita

Os pareceres técnicos de arqueologia pedidos pela SPAA revelam que, afinal, é possível que os vestígios arqueológicos encontrados na Sé de Lisboa não sejam de uma mesquita.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
mesquita da sé catedral
©Time OutBanco dos balneários da mesquita
Publicidade

Na Sé Patriarcal de Lisboa decorrem as obras para a construção de um espaço museológico, um projecto que já sofreu alterações em 2019 com vista a integrar um conjunto de vestígios arqueológicos, supostamente de uma mesquita aljama, sobre a qual foi erguida a Sé. Mas peritos de várias instituições dizem não haver evidências de que se trata de uma mesquita, sublinhando, no entanto, a importância da sua salvaguarda.

Há poucos meses, foram levantadas algumas preocupações pelo Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia (STARQ), e também pelo Fórum Cidadania Lx, que alertaram a DGPC (Direcção-Geral do Património Cultural) para a destruição de estruturas dessa antiga mesquita, no decurso dos trabalhos arqueológicos. Em Outubro, a DGPC anunciou que iria convocar uma reunião da Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico (SPAA) do Conselho Nacional de Cultura (CNC), um órgão consultivo externo, composto por especialistas em Património, para avaliar a situação e tomar uma decisão vinculativa que determinasse em que termos se irá desenvolver o projecto.

escavações na sé
©DR

A SPAA revela agora os pareceres, relativos a estes achados localizados na zona sul do Claustro da Sé, solicitados a peritos de entidades como o Instituto Arqueológico Alemão (delegação de Madrid), Nova FCSH, LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil e ICOMOS – Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios: “Os pareceres técnicos de arqueologia coincidem no reconhecimento da relevância dos vestígios arqueológicos em apreço, assumindo também unanimemente que não existe evidência de que tais vestígios correspondam à mesquita aljama de Lisboa”.

Mesmo que não correspondam ao esperado, a SPAA sublinha a sua importância patrimonial e avança que todos os peritos recomendam a salvaguarda dos vestígios. Numa reunião de 13 de Janeiro, a SPAA deliberou que irá solicitar a alteração do projecto à equipa projectista para que sejam integradas e salvaguardadas as estruturas arqueológicas. Em matéria de segurança, o LNEC avisa que é urgente a finalização da estrutura projectada, uma vez que a Sé de Lisboa e suas ruínas estão neste momento vulneráveis à actividade sísmica.

As obras do Projeto de Recuperação e Valorização da Sé Patriarcal de Lisboa começaram em 2018, dois anos depois da sua aprovação. Está prevista a construção de um espaço museológico e cripta arqueológica, bem como a reposição do pátio do jardim do claustro e conservação e restauro das capelas e claustros da Sé.

+ Leia a edição desta semana: Mexe e remexe

+ É assim que vai ficar a fachada do Betesga Hotel, na Praça da Figueira

Últimas notícias

    Publicidade