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Orphée
Fotografia: Ana Clara MirandaOrphée, de Philip Glass

Nova temporada do CCB começa “sob o signo de Orfeu”

O CCB prepara-se para evocar o deus grego que amansava as feras com o seu canto, num dos destaques do próximo ano. Está ainda previsto o regresso de Olga Roriz.

Raquel Dias da Silva
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Raquel Dias da Silva
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A próxima temporada do Centro Cultural de Belém arranca a 1 de Janeiro, com o habitual Concerto de Ano Novo da Orquestra Metropolitana de Lisboa, que continua a fazer tradição (e furor) com as valsas e polcas de Johann Strauss II. Será também um pretexto, importa assinalar, para iniciar as celebrações dos 30 anos da orquestra. Mas há mais destaques, inclusive uma homenagem a Orfeu, músico, poeta e profeta mítico da Grécia antiga, mais conhecido pela sua tentativa de resgatar a sua esposa Eurídice do submundo. “A tarefa de resgatar de lá do fundo, das profundezas do desterro, o prazer de viver – uma Eurídice a quem é concedida uma segunda vida – parece assentar nestes tempos como uma luva”, afirma em comunicado Delfim Sardo, administrador do CCB.

A entrada no mundo do lendário deus grego faz-se a 16 de Janeiro, com a Orquestra Sinfónica Portuguesa e um alinhamento diversificado: a ópera bufa de Jacques Offenbach, Orfeu nos Infernos; um poema-sinfónico de Liszt escrito em 1854, como homenagem à ópera Orfeo e Euridice de Gluck; e o Duplo Concerto para Violino e Violoncelo de Philip Glass, composto originalmente para um bailado intitulado Canção do Cisne. Ainda de Glass, o Centro Cultural de Belém apresenta, nos dias 27 e 29 de Janeiro, uma ópera de câmara inspirada num filme de Cocteau, sobre o mito de Orfeu. Com encenação do brasileiro Felipe Hirsch, Orphée conta com interpretação musical da Orquestra Metropolitana de Lisboa, guiada pelo maestro Pedro Neves.

Antes, Olga Roriz regressa ao Grande Auditório, nos dias 13 e 14 de Janeiro, com Insónia, para mais uma vez reivindicar o lugar do corpo e do erotismo. Ainda no mês de Janeiro, está prevista a estreia de Strange Smoke Over My Skin, uma performance multimédia sobre as dinâmicas de poder e o silêncio de corpos em espaços sociopolíticos (dias 21 e 22); um concerto de homenagem à obra e ao pensamento de José Saramago, no âmbito das comemorações do centenário do seu nascimento (dia 23); a apresentação de Club Makumba, que abre a janela para uma viagem pelas sonoridades do Mediterrâneo e pela África imaginada (dia 27); e o primeiro concerto do novo programa Carta Branca, que junta os HHY & The Kampala Unit, fundados por Jonathan Saldanha, à trompetista e activista ugandesa Florence Lugemwa e ao percussionista congolês Sekelembele (dia 29).

Os 500 anos de Gil Vicente

Em Fevereiro, destaca-se a primeira criação do Laboratório de Ópera Portuguesa do CCB, em parceria com o CESEM e a APARM, que procura recuperar o património musical português. Em palco nos dias 5 e 6, a tragicomédia Cortes de Júpiter de Gil Vicente conta com encenação de Ricardo Neves-Neves. “Para esta reconstrução, fomos ainda buscar ao mundo do jazz o compositor e pianista Filipe Raposo, que terá como missão dar uma estrutura de ópera à peça e à música de Gil Vicente”, lê-se no mesmo comunicado de imprensa. “Antes realizamos um Colóquio Internacional (4 de Fevereiro) focado na importância musicológica de Gil Vicente, com direcção científica de Manuel Pedro Ferreira e Luísa Cymbron (NOVA FCSH/CESEM).”

Estão ainda previstos vários concertos, da Orquestra de Câmara Portuguesa (dia 6), que leva a folia do século XV para o palco; do pianista Vasco Dantas Rocha (dia 11), com os fados para piano de Alexandre Rey Colaço, Óscar da Silva e Eduardo Burnay, entre outras propostas; e do flautista António Carrilho, da violoncelista Catherine Strynckx e da cravista Jenny Silvestre (dia 25), que juntos percorrem um pouco da herança cultural deixada pelas folias, género musical caracterizado por uma ambiência alegre e ritmada, utilizado por Gil Vicente como mais um instrumento de medição do pulso da sociedade portuguesa quinhentista. Ainda no âmbito dos 500 anos de Gil Vicente, o Toy Ensemble regressa ao CCB com a Trilogia das Barcas de Gil Vicente (4 de Março).

Peeping Tom
DRKind, de Peeping Tom

No primeiro trimestre de 2022, o Centro Cultural de Belém também dará atenção “à dança mais interessante e actuante que se produz no mundo de hoje”. As consagradas companhias europeias Peeping Tom e La Veronal serão responsáveis, em Fevereiro, por dois dos principais espectáculos da nova temporada. Os Peeping Tom voltam ao CCB para apresentar Kind (dias 2 e 3), terceira parte de uma trilogia dedicada à família. Já a companhia catalã La Veronal, do coreógrafo Marcos Morau, estreia-se em Lisboa com Pasionaria (dias 11 e 12), que propõe uma reflexão sobre a ideia de progresso que nos é imposta. Dar-se-á também espaço de visibilidade e reconhecimento a artistas emergentes, através do festival Gaivotas Belém (de 8 a 13 de Março), que resulta de uma união de esforços entre o CCB, a Rua das Gaivotas 6/Teatro Praga e O Espaço do Tempo. Esta primeira edição, com programação e coordenação de Rui Horta e Pedro Barreiro, contará com estreias de espectáculos de Bruna Carvalho (dias 9 e 10), Joãozinho da Costa (dias 8 e 9), Silvestre Correia (dias 11 e 12) e Luara Raio (dias 12 e 13).

No campo do teatro, a Black Box do CCB irá acolher, em Fevereiro, dois monólogos. André e. Teodósio, do Teatro Praga, apresenta Info Maníaco (dias 10 a 13), uma criação conjunta com José Maria Vieira Mendes. Já a companhia mala voadora traz inFausto (dias 18 a 20), monólogo escrito por Alex Cassal para Jorge Andrade, que se sucede a Fausto, um espectáculo concebido em 2018 para comemorar os 25 anos do CCB. Destaca-se ainda Ensaio de Orquestra (4 e 5 de Março), uma criação de Tónan Quito e Filipe Melo, a partir do filme homónimo de Federico Fellini, com a participação da Orquestra de Jazz do Hot Club de Portugal. Já na Fábrica das Artes, o palco é dos jovens artistas, convidados a procurar caminhos de continuidade e mudança no trabalho de programação para todas as infâncias. Em 2022, esse trabalho será feito com os Sete Lágrimas no ciclo Sete, que inclui a estreia do espectáculo Lágrimas Sete (18 de Fevereiro); quatro concertos de jovens músicos (de 24 Fevereiro a 24 de Abril); e um ciclo de conversas à volta do universo artístico, filosófico, temático e processual dos Sete Lágrimas (26 de fevereiro e 20 de Março).

Além do novo ciclo, a Fábrica das Artes acolhe a companhia Caótica, com PAOO Papalagui (12 a 16 de Janeiro), para reflectir sobre os conceitos de propriedade privada, divisão social das tarefas, dinheiro e Internet; mas também a associação UMCOLETIVO, de Cátia Terrinca, com O Cão que Vem de Tão-Tão Longe (15 e de 18 a 21 de Janeiro), inspirado na vida e música de Moondog, e o colectivo Primeiros Sintomas, que propõe uma adaptação cénica de História de Babar, o Pequeno Elefante (26 a 30 de Março), de Jean de Brunhoff. Se tiver mais interesse em exposições, At Play: Arquitetura & Jogo continua patente na Garagem Sul até 30 de Janeiro. Esta proposta desdobra-se numa série de oficinas para as famílias e em visitas à exposição e à cidade.

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