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Sophie Thatcher
©Patti Perret/20th Century StudiosSophie Thatcher (Sadie), Chris Messina (Will) e Vivien Lyra Blair (Sawyer) em The Boogeyman

O bicho-papão de Stephen King à espreita no escurinho do cinema

A obra do prolífico escritor norte-americano é mais uma vez adaptada ao cinema. Agora é o conto ‘The Boogeyman’, publicado numa antologia de 1978, que vai fazer tremer os fãs do género. O filme estreia a 2 de Junho.

Renata Lima Lobo
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Renata Lima Lobo
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São seguramente mais de 60 as adaptações para cinema da obra de Stephen King, considerado um mestre da literatura de terror. E está mais uma a chegar: The Boogeyman, uma longa-metragem que estava inicialmente planeada estrear em exclusivo no streaming, mas que encontrou o seu caminho para as salas de cinema. Baseado no conto homónimo, publicado no livro Night Shift (1978), que reúne 20 histórias curtas, o enredo faz renascer um mito universal: o boogeyman. A estreia internacional está marcada para 2 de Junho.

Muitas culturas têm a sua própria versão desta figura que existe há séculos no imaginário popular. O congénere português é o bicho-papão, que, segundo o Bestiário Tradicional Português (uma edição de 2016 da autoria de Nuno Matos Valente, com ilustrações de Natacha Costa Pereira) é “um ser comedor de crianças mal-educadas” que se esconde em “vãos de escadas, armários pouco utilizados e noutros caminhos escuros das casas”. Por cá, o boogeyman também pode ser o Homem do Saco, uma figura que no México é conhecida como El Cuco, o vilão da série The Outsider (HBO Max), igualmente baseada numa obra de Stephen King. Apresentações feitas, nesta história em particular, acompanhamos a família Harper, composta pela adolescente Sadie (Sophie Thatcher) e a irmã mais nova Sawyer (Vivien Lyra Blair), que choram a morte recente da mãe. O pai e também terapeuta Will (Chris Messina) não é o melhor ombro para afogar as mágoas, estando ocupado a lidar com a própria dor. Mas, como se não bastasse, um dos seus pacientes, Lester (David Dastmalchian) – que curiosamente é o protagonista do livro –, deixa para trás uma entidade sobrenatural terrível e misteriosa, que se alimenta do sofrimento das suas vítimas.

A produção tem o selo da 21 Laps Entertainment, a produtora por detrás de títulos como Stranger Things, fundada por Shawn Levy, e dos históricos 20th Century Studios, anteriormente conhecidos como 20th Century Fox, antes de serem adquiridos em 2019 pela The Walt Disney Company. E por isso mesmo a estreia estava planeada acontecer nos serviços de streaming do grupo Disney, como a Hulu, nos EUA, a Star+ na América Latina e a Disney+ noutros territórios, como é o caso de Portugal. No entanto, com a ajuda da pressão exercida pelo próprio Stephen King, o filme irá estrear nas salas de cinema.

“Ele tornou-se um grande defensor [do filme]. E foi uma força chave do que agora é uma estreia nas salas, que não era o destino original”, revelou o co-produtor Dan Cohen (Stranger Things), numa conferência de imprensa virtual em que a Time Out esteve presente. Dan Levine (Shadow and Bone), também produtor, reforçou: "Sim, ele [King] enviou um e-mail a dizer: 'Eu amo este filme. É uma pena que não saia nos cinemas.' E usamos isso como ponto de partida para uma conversa com o estúdio, que também adorou o filme, e agora estaremos no grande ecrã.”

Então, mas o que podemos esperar desta criatura? O realizador Rob Savage (Host) explica a opção por efeitos gerados por computador, em vez da criação de um monstro real. “Ficou claro que não teríamos tempo suficiente para construir um. Percorremos tudo para perceber como esta criatura deveria ser e a melhor forma de representar o boogeyman. Mas filmamos durante 34 dias, não tivemos muito tempo para brincar com a criatura. As coisas que queríamos que ela fizesse eram muito complicadas. Imprimimos uma cabeça em 3D, cobrimos com um gel lubrificante e o director de fotografia, Eli Born, iluminou a cabeça para podermos mostrar ao pessoal dos efeitos especiais e dizer: 'A cabeça do boogeyman tem de parecer assim'." O design da criatura passou também por criar algo que pudesse ser vislumbrado apenas nas sombras, criando alguma tensão e suspense ao longo do filme, até ao momento em que finalmente vemos uma entidade que poderá “criar novos pesadelos”, promete Savage.

A actriz mais nova deste elenco é Vivien Lyra Blair, que interpreta a mana mais nova e completa 11 anos a 4 de Junho. Ficou conhecida pelo seu papel de princesa Leia na série Obi-Wan Kenobi (2022) e é um pequeno génio que não precisa de guião para descrever a sua personagem, a primeira a topar o bicho-papão. “A Sawyer é uma personagem realmente complexa, porque o filme apresenta-a como uma menina que tem medo do escuro. Ninguém acredita nela, mas ela tem a razão de estar com medo. Acho que a Sawyer realmente se consegue destacar como uma menina corajosa e heróica que passa por muita coisa durante este período de, tipo, uma semana. E ela sai mais forte por isso, é um arco de personagem incrível. Entre as personagens que já interpretei, é uma das minhas favoritas.”

David Dastmalchian
©20th Century StudiosDavid Dastmalchian (Lester)

O elenco conta ainda com Sophie Thatcher, que no último ano se tem destacado na série Yellowjackets (HBO Max), no papel da irmã mais velha. A actriz pediu ao realizador que Sadie fosse retratada como uma fracassada [loser], por estar farta de interpretar personagens fixes [cool], sublinhando que “para o [género] terror é realmente importante criar empatia pela personagem”. Por sua vez, David Dastmalchian (Estrangulador de Boston, Suicide Squad) sempre considerou o conto original assustador, mas ganhou coragem para se juntar ao elenco como Lester. "Todos os personagens estão a passar por uma angústia mental e espiritual, e ir para esse sítio apenas por causa das agitação e dos calafrios não valeria a pena para mim. Mas sinto que há algo mais profundo nesta história. [O espectador] vai morrer de medo se se importar realmente com as pessoas com as quais tem este tipo de laços incríveis. Se eu acho que talvez haja alguém escondido no meu armário? Não. Se estou com medo que as coisas contra as quais lutei na minha vida estejam sempre a aparecer na esquina a qualquer segundo? Claro. Todos nos sentimos assim às vezes, certo?”

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