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Televisão, Séries, Comédia, Drama, O Clube das Baby-Sitters (2020)
©DRO Clube das Baby-Sitters de Rachel Shukert

‘O Clube das Baby-Sitters’, a série que está a juntar as famílias no sofá

Fenómeno discreto do ano passado na Netflix, ‘O Clube das Baby-Sitters’ volta segunda-feira. Propomos um regresso à puberdade – em família.

Hugo Torres
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Hugo Torres
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Qualquer consumidor de séries teria muita dificuldade em acertar a resposta a esta pergunta. Mesmo os mais versados e ávidos consumidores: segundo o Rotten Tomatoes, qual é o melhor “original” Netflix de sempre? Alguém arrisca? Não, não inclui nenhuma jogadora de xadrez nem nenhuma “clínica” informal sobre sexo. O título dessa série é a insuspeita O Clube das Baby-Sitters, que arrecada uma pontuação de 100% no “tomatómetro” daquele agregador, que faz a ponderação de notas de críticos de cinema e televisão. Bom, se quisermos ser rigorosos, O Clube das Baby-Sitters partilha o primeiro lugar ex aequo com outras 15 produções. Ainda assim, não se esperaria semelhante classificação para uma série dirigida a pré-adolescentes. O agregador concorrente, o Metacritic, coloca-a na 28.ª posição do ranking equivalente. Continua a ser notável – e muito acima de The Crown, House of Cards, Mindhunter, Black Mirror, Alias Grace...

Os motivos são diversos. O primeiro é a nostalgia, em particular dos críticos americanos. Nos EUA, os livros que estão na base da série foram um tremendo sucesso nos anos 1980 e 90, marcando uma geração de jovens leitoras que são hoje mães de crianças com a idade que tinham na altura. O segundo é a adaptação das histórias originais para o nosso tempo. Sem perder o espírito cândido com que a pré-adolescência era tratada, a série trata dos problemas de hoje, com personagens de hoje. O grupo de raparigas que constitui o Clube das Baby-Sitters é multiétnico e com distintos backgrounds e interesses – das artes à moda, do activismo à ordem e à hierarquia. O terceiro motivo é o cruzamento dos outros dois, que permitiu que mães e filhas (e pais e filhos, por que não) tivessem uma série que as unisse num interesse comum diante da televisão, o que não é dizer pouco. Uma série que, apesar da aparência, apesar de parecer acantonar as meninas no papel tradicional de cuidadora, é feminista até ao tutano e passa a sua mensagem progressista de forma serena e orgânica.

Se a primeira temporada serviu para pacificar a convivência doméstica num ano em que esta foi testada até ao limite, a segunda promete reservar algum calor familiar para uma altura em que estamos todos de volta à vida. A estrear-se segunda-feira na Netflix, esta leva de episódios (apenas oito, após os dez iniciais) segue Kristy Thomas (Sophie Grace, presidente e fundadora), Mary Anne Spier (Malia Baker, secretária), Claudia Kishi (Momona Tamada, vice-presidente), Stacey McGill (Shay Rudolph, tesoureira) e Dawn Schafer (Kyndra Sanchez, delegada alternativa) num novo ano lectivo e, sobretudo, em importantes mudanças nos seus núcleos familiares. As cinco dão continuidade ao fim da temporada anterior, em que recrutaram mais dois elementos para o Clube: Mallory Pike (Vivian Watson) e Jessi Ramsey (Anais Lee). As reuniões em torno de um telefone fixo no quarto de Claudia, onde se reúnem para gerir o “negócio”, enquanto vão abordando os dramas de crescimento e percebendo como se podem ajudar umas às outras, manter-se-ão o centro de operações desta comédia dramática, que consegue ser reconfortante enquanto trata de assuntos tão sérios quanto a diabetes na juventude, a identidade de género ou as relações.

A criadora e showrunner Rachel Shukert (GLOW) respeita o modelo narrativo dos livros de Ann M. Martin (que já tinham sido adaptados para televisão, pela HBO, em 1990). Isto é, cada episódio é escrito do ponto de vista de uma das raparigas. Mas não se limita a colorir e a actualizar a história. Acrescenta-lhe pontos cardeais. Por exemplo, incluindo referências pop que, mais do que piscares de olho, são uma forma de manter os espectadores de hoje interessados numa narrativa que pertence a outra geração – seja com um apontamento tirado de The Handmaid’s Tale ou um gesto de resistência de Os Jogos da Fome. A que se soma a presença de Alicia Silverstone, ela própria uma antiga babysitter no grande ecrã, no papel da mãe de Kristy. O elenco adulto conta também com Marc Evan Jackson (The Good Place), Takayo Fischer (Piratas das Caraíbas – Nos Confins do Mundo), Mark Feuerstein (Os Homens do Presidente) e Jessica Elaina Eason (Os Goldberg).

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