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Contra
Mariana Valle Lima

O Contra quer ser como um festival onde a estrela é sempre a comida

No novo restaurante das Docas brilha a estátua que se destacava no terraço do Rio Maravilha. Um chamariz para um espaço que quer marcar pela irreverência.

Cláudia Lima Carvalho
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Cláudia Lima Carvalho
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É impossível fugir ao óbvio, um elemento muito conhecido dos últimos anos na Lx Factory que marcou a paisagem (ou terá sido o Instagram?) em Lisboa. A colorida estátua de Leonel Moura, “Crista Rainha”, deixou de morar no terraço do Rio Maravilha para agora dar as boas-vindas no Contra, o novo restaurante das Docas. Aberto no lugar de um antigo e conhecido pub irlandês, o Contra quer ser tanto um restaurante de boa comida, como um ponto de encontro para copos com bons cocktails.

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Mariana Valle Lima

É Contra de nome, mas opõe-se a pouca coisa, garante Manuel Bonneville, um dos quatro sócios do restaurante. “Quem vier por bem, que venha e fique, somos contra tudo o que seja mau.” Sem manias, preconceitos ou formalismos. Com boa onda e descontracção, sem nunca perder o foco: a comida. 

Manuel não é novo nestas andanças. Teve o Mez Cais e o Mez Cais Lx e mantém o Las Ficheras, no Cais do Sodré, onde promete novidades em breve para celebrar os dez anos do restaurante mexicano. “Mas sabia-nos a pouco”, conta. “Queríamos alguma coisa nossa de raiz e apareceu este concurso público para o espaço do antigo irish pub, que era conhecido de todos nós. Numa situação pré-covid em qualquer concurso público apareciam milhares de candidaturas, mas não foi o caso neste. Apareceram três e ganhámos.”

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Foi só depois de saberem que ali iam ficar que desenvolveram a ideia do Contra. A única certeza que tinham era que não seria um restaurante mexicano – “porque não queríamos competir com o Las Ficheras”. A solução foi recorrer a uma empresa de branding e design, perceber o que cada sócio gostava. “Acabámos por afunilar numa coisa que nós gostamos todos que é um festival de música.” E, se à partida, parece não haver relação entre uma coisa e outra, Manuel explica: “Um festival de música é onde uma pessoa se sente bem, descomprometida, livre”. “Mas qual é o problema dos festivais de música? É que não se come bem. Então quisemos criar um festival onde se comesse muito bem, em que apesar de termos ter uma agenda cultural, a estrela será sempre a comida.”

Por agora a agenda não está preenchida, resumindo-se a noites animadas por DJ’s de quinta-feira a sábado, mas há muitas ideias na calha, de concertos e lançamentos de livros a sessões de poesia. 

Para chegar à carta que têm hoje, foi uma aventura. “Não sabíamos o que queríamos e por isso contratámos uma empresa, que faz consultadoria de cozinha. Falámos do que gostávamos e do que gostávamos de ter no restaurante.”

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Mariana Valle LimaChuleton maturado

As carnes são um dos destaques e estão lá por serem adoradas pelos quatro sócios. Do chuleton maturado (1kg/39€) e do t-bone maturado (1,2kg/41€), ao entrecôte (300gr/17€), maturado também, e à picanha do Uruguai (250gr/15,60€). Mas também há, por exemplo, um polvo grelhado com arroz do mesmo (18€), três opções de hambúrgueres – um deles vegan (14€) –, ou uma salada com alface, bacon crocante, tomate, molho ceaser, croutons e lascas de parmesão (9,20€). 

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Mariana Valle LimaTártaro

É nas entradas, porém, que a lista cresce com várias opções para partilhar, como o ceviche com peixe do dia (10,20€), o tártaro (9,60€), o taco de camarão (9,40€) ou os croquetes de cachaço (4,80€). 

Para os miúdos, há um kids burger com batatas fritas (8€). Já nos doces, há uns tentadores churros 3 leches (5€), uma sobremesa de chocolate, caramelo e gelado de chocolate (4,60€), ou uma burnt lemon pie (6€). 

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Mariana Valle LimaBurnt lemon pie

Tudo preparado pelo chef Raphael Santos, que curiosamente esteve antes no já mencionado Rio Maravilha. “Tínhamos sondado várias pessoas, mas não tínhamos ainda nada fechado. Um dia, estava a trabalhar no Las Ficheras e vi um senhor a jantar com uma tatuagem de caveira com um chapéu de pasteleiro. Meti conversa e percebi que era chef”, recorda Manuel. “Falei-lhe do restaurante que íamos abrir nas Docas, mostrei-lhe umas fotos e disse-lhe que tínhamos comprado a estátua. E ele: ‘Olha, fui chef do Rio Maravilha durante três anos’.”

Mas as semelhanças com o Rio Maravilha terminam aqui e não passam de coincidências. Ou de uma vontade de chamar à atenção. “No Mez Cais tínhamos um ringue de boxe. E estávamos a pensar que precisávamos de um elemento diferente aqui. Não podíamos ser só mais um restaurante”, explica o responsável. “Depois lembrámo-nos que o Rio Maravilha não ia voltar a abrir, sabíamos que a parte da frente onde estava a boneca ia ser demolida, então decidimos ligar e comprar a estátua”, continua. “Acho que subimos a parada quando tivemos o ringue de boxe, onde as pessoas queriam tirar fotografias, e então achámos que passar de um restaurante que tinha assim uma grande atracção para um restaurante sem isto não fazia sentido.”

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Junta-se a isso uma grande esplanada e uma vista desafogada. “A pandemia sublinhou muito a importância de ter estas zonas exteriores. As Docas estavam claramente subaproveitadas, felizmente está a haver uma migração para aqui”, aponta Manuel, destacando o “bom ambiente que se tem sentido entre empresários nas Docas”. “Não olhamos uns para os outros como concorrentes mas como empresários que têm por missão ‘Make Docas Great Again’.”

Doca de Santo Amaro Armazém 18 (Alcântara). Qua 12.00-01.00. Qui-Sáb 12.00-04.00 (cozinha fecha às 00.00). Dom 12.00-01.00. 

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