A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar
Palco, Teatro, TNSJ, O Balcão, Jean Genet
©João TunaO Balcão, de Jean Genet

O Dia Mundial do Teatro celebra-se em casa e há muito para ver

Há espectáculos, conversas e outras iniciativas para acompanhar no Dia Mundial do Teatro, que é assinalado este sábado. Traçamos-lhe o roteiro.

Escrito por
Mariana Duarte
Publicidade

Tal como no ano passado, este Dia Mundial do Teatro será celebrado a partir de casa. No entanto, as programações estão um pouco mais entusiasmantes do que em 2020, altura em que os teatros e as companhias ainda não sabiam muito bem como lidar com a adaptação das suas actividades para as plataformas digitais, ou como tirar partido delas. Passado o choque inicial, este segundo round do Dia Mundial do Teatro em confinamento traz programas polissémicos e transdisciplinares como o Estar em Casa do São Luiz – Teatro Municipal. Espectáculos, conversas, performances, visitas guiadas, aulas, cinema e consultórios astrológicos, entre outras iniciativas, compõem a terceira edição deste programa, agora online e com curadoria da jornalista Anabela Mota Ribeiro e de André e. Teodósio, do Teatro Praga. O acesso é gratuito e faz-se através do site do São Luiz entre as 10.00 e as 23.00 de sábado e domingo (a maioria das actividades tem horário marcado).

O tiro de partida é dado logo às 10.00, com a Declaração do Dia Mundial do Teatro, da autoria de Alice Azevedo. No departamento dos espectáculos, há duas novas criações para ver: Se Eu Fosse Nina, um solo encenado por Rita Calçada Bastos e interpretado por Carla Maciel, e Os Filhos do Mal, em que a companhia Hotel Europa investiga a relação que as gerações do pós-25 de Abril têm com o Estado Novo e com as memórias desse período que lhes foram transmitidas. Para os miúdos, revisita-se a peça Plano Comensal de Leitura, de Marta Bernardes. No sábado, acontece a estreia de #THISPERSONDOESNOTEXIST, uma performance duracional e efémera criada para a ocasião, por vários artistas: Teatro Praga com a Cão Solteiro, Plataforma 285, João Estevens, Ana Rita Teodoro, João Fiadeiro, Daniel Pizzamiglio, Sónia Baptista e Mónica Calle. Promete, tal como o ciclo de conversas, um dos pontos fortes do Estar em Casa. Cláudia Varejão, Rui Horta, Gabriela Moita, Teresa Coutinho, Djaimilia Pereira de Almeida, Fernanda Fragateiro, Clara Ferreira Alves, Paulo Pascoal e Itamar Vieira Júnior, entre outros, participam em conversas sobre temas relacionados com os fascismos, o corpo, a sexualidade, o medo, a doença.

Há ainda visitas guiadas a um teatro vazio, a uma casa enquanto obra de arte e a um quarto; aulas para todos os gostos e idades, da ginástica ao desenho (incluindo em paredes); momentos de culinária orientados por artistas; filmes mudos portugueses aos quais é dada voz; e consultórios vários, com terapia de casal (por Laura Falésia e André Tecedeiro), consultas poético-sentimentais (por Gisela Casimiro) ou astrologia (por Carlos Pinto), mediante inscrição prévia. No meio disto tudo, e de mais algumas coisas, há memórias de teatros e de casas partilhadas por nomes como Moreno Veloso (filho de Caetano Veloso), Adriana Calcanhotto, Manuel Aires Mateus ou Pedro Penim. Ao longo dos dois dias, o Facebook do São Luiz funcionará também como uma espécie de diário, repleto de desabafos e pensamentos, porque um teatro também tem sentimentos.

Também no Teatro Nacional D. Maria II as celebrações arrancam cedo. A leitura da mensagem do Dia Mundial do Teatro está marcada para as 9.00, via Facebook e Instagram, seguindo, às 10.00 no Facebook, Os Lusíadas como nunca os ouviu, uma leitura-explicação-reflexão guiada pelo actor António Fonseca. À noite, pelas 21.00, há a transmissão gratuita do espectáculo By Heart, de Tiago Rodrigues.

Palco, Teatro, Companhia Hotel Europa, Os Filhos do Mal
©Estelle Valente Os Filhos do Mal, Companhia Hotel Europa

No Teatro do Bairro Alto (TBA), a efeméride é assinalada com o live streaming, às 15.00 e com acesso gratuito, da conferência “O Outro Teatro”: Teatro Experimental em Portugal, por André e. Teodósio. Este momento está integrado na série de conversas Histórias do Experimental. Com um título directamente inspirado no documentário homónimo de António Macedo, filmado entre 1976 e 1977 durante uma grave crise deste sector artístico, a conversa de sábado irá revisitar a história, as práticas e as mutações do teatro experimental português. Já a companhia teatromosca irá transmitir um espectáculo em directo a partir de São Paulo, no Brasil. Hamlet Cancelado, com encenação e interpretação de Vinicius Piedade, director do Núcleo Vinicius Piedade & CIA, chega ao canal de YouTube do teatromosca às 21.00 de sábado (os bilhetes custam 3€).

Fora da capital, o Teatro Viriato, em Viseu, preparou uma programação especial para sábado e domingo com artistas que, nos últimos meses, têm sido presença regular no teatro. Vai apresentar três novos objectos artísticos que têm como ponto de partida três novas peças de Miguel Castro Caldas, Sónia Barbosa, António Alvarenga e Fraga. No sábado, às 21.30, há ainda a estreia do espectáculo Senso, encenado por Fraga a partir das peças didácticas de Bertolt Brecht e de um laboratório de criação com a comunidade de Viseu (bilhetes a 3€).

No Teatro Municipal do Porto, o programa das festas arranca na sexta com a transmissão gratuita no YouTube e Facebook de Passos em Volta, uma criação de João Garcia Miguel a partir de textos de Herberto Helder, e com a estreia de Paisagem, um espectáculo de Paula Diogo e Tónan Quito com o colectivo brasileiro Foguetes Maravilha (bilhetes a 3,50€). Ambas as peças ficam em cena até domingo. Paralelamente, no sábado há duas actividades complementares: o webinar Descortinar Herberto Helder, com Joana Matos Frias, às 15.00, e uma conversa, às 18.00, com João Garcia Miguel, Tónan Quito e Stella Rabello (Foguetes Maravilha), moderada por Eduarda Neves.

Também a partir do Porto, o Teatro Nacional São João (TNSJ) revisita duas produções da casa: O Balcão, de Jean Genet, com encenação de Nuno Cardoso, e À Espera de Godot, o clássico de Samuel Beckett, pela mão de Gábor Tompa, director artístico do Teatro Húngaro de Cluj, na Roménia, e presidente da União dos Teatros da Europa. Os dois espectáculos podem ser vistos on demand na plataforma BOL até 4 de Abril, mediante a aquisição de um bilhete no valor de dois euros, e ficam disponíveis até três dias depois da compra do mesmo. Neste dia, o TNSJ aproveita ainda para divulgar uma entrevista ao encenador alemão Frank Castorf, autor de Bajazet, Considerando o Teatro e a Peste, espectáculo que foi um dos pontos altos da última temporada.

+ As peças de teatro para ver esta semana (online)

Últimas notícias

    Publicidade