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Água - uma exposição sem filtro
Fotografia: Gabriell Vieira

O futuro da água está em xeque no Pavilhão do Conhecimento

A nova exposição do Centro de Ciência Viva desafia as famílias a lutar contra o stress hídrico e a escassez de água, por um futuro mais azul.

Raquel Dias da Silva
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Raquel Dias da Silva
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O direito humano à água e ao saneamento foi reconhecido pela ONU em 2010. Mas, para cerca de um terço do planeta, um gesto tão banal como abrir uma torneira e ter água potável continua a ser um sonho impossível. É urgente torná-lo realidade: eis o que diz a nova exposição do Pavilhão do Conhecimento, que inaugura a 5 de Junho, Dia Mundial do Ambiente, convidando as famílias a experimentar e a descobrir as múltiplas facetas da disponibilidade e uso deste bem essencial.

Do “Ciclo Desequilibrado”, que desafia a rever o impacto da acção humana no ciclo da água, até à “Mercearia da D. Rosalia”, onde a factura, que podemos mesmo imprimir e levar para casa, apresenta o nosso perfil de consumidor hídrico, há muito para descobrir sobre a regalia que é viver num “Presente com acesso a água”. E é mesmo aqui, neste presente que tomamos por garantido, que começamos a nossa visita a “Água – uma exposição sem filtro”. Produzida pelo Centro de Ciência Viva, com o apoio de investigadores portugueses, conta com três dezenas de módulos interactivos e quatro áreas temáticas: dois presentes e dois futuros.

Pavilhão do Conhecimento
Fotografia: Gabriell Vieira

Ao entrar, é provável que os miúdos sintam que estão num parque de diversões e que fiquem vidrados no totem de oito metros feito de garrafões. É ainda mais especial do que parece à primeira vista: revela a “Água Invisível”, ou seja, quantos litros são gastos para comermos um bife de vaca ou vestirmos uma t-shirt. E é o aperitivo perfeito para seguirmos o rasto à água.

“É um privilégio, ao qual mais de dois milhões de pessoas não têm acesso. É o caso da Aysha, uma jovem etíope, de 13 anos, que todos os dias faz longas e perigosas caminhadas, ao frio e ao sol, só para recolher água. Trata-se de uma história real, que nos é contada através de vídeo pela UNICEF e retrata a vida de muitas outras meninas e mulheres”, conta Francisco Motta Veiga, da equipa expositiva, que nos guia até à zona amarela. De repente, quase sem sairmos do lugar, estamos noutro presente. Neste, podemos conhecer “O Caminho” de que Francisco fala. Basta subir para cima de uma passadeira e apurar durante quanto tempo somos capazes de transportar um jerricã cheio de água. A ideia não é deixar ninguém deprimido, mas sim a pensar no que podemos fazer para mudar o mundo.

Pavilhão do Conhecimento
Fotografia: Gabriell Vieira

Quando a água escasseia, a necessidade aguça o engenho. Esta exposição também fala sobre isso. Na pele de um “MacGyver da água”, grandes e pequenos são convidados a pôr mãos à obra e a aprender sobre as diferentes soluções que permitem transformar água contaminada em água boa para beber. No futuro, já depois de uma breve passagem pelo “Túnel da Poluição”, as soluções são outras, mas continuam a ser bem criativas: que o diga o astronauta que faz café com gotas de suor. Não torça o nariz. Também há duches eficientes, que reciclam e reutilizam água. Imagine só, poder ficar no banho o tempo que quiser.

Imaginou? Agora imagine que não. Pois é, chegamos ao outro futuro, um futuro diferente. Sem acesso a água e cheio de becos sem saída. Se não reduzirmos a nossa pegada hídrica, a geração seguinte pode não vir a ter o mesmo privilégio que agora experienciamos e muitas meninas e mulheres como a Aysha vão continuar apenas a sonhar com o dia em que abrem a torneira e têm água potável. “Só há futuro, com água e saneamento para todos”, diz Francisco, evocando o Objectivo 6 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

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