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Os primeiros cabeleireiros de Lisboa
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O Pátio das Antigas: Os primeiros cabeleireiros de Lisboa

Em meados do século XIX, a capital dispunha já de uma boa oferta de cabeleireiros e barbeiros para uma clientela distinta, entre profissionais portugueses e franceses. Os primeiros estrangeiros chegaram um século antes.

Escrito por
Eurico de Barros
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Terão sido franceses os primeiros cabeleireiros/barbeiros profissionais de alto coturno que, no século XVIII, se instalaram em Lisboa, embora haja também referências a espanhóis e espanholas do mesmo ramo que já trabalhavam na capital. A Casa Real dispunha já então de cabeleireiros ao seu serviço, tendo tido, por exemplo, dois privativos, um francês e um português, neste mesmo século XVIII.

O blogue Restos de Colecção reproduz uma publicidade de um destes franceses, um tal Gervais Firmin, gabando, em meados do século XIX, as suas qualidades, destacando-se o “alto sucesso e confiança obtido no passado inverno entre as damas da alta sociedade, pelo bom gosto e elegância dos penteados, que apresentou nas primeiras salas desta capital”. E mais adiante, agora dirigindo-se aos cavalheiros: “Na sua bella sala para cortar o cabelo servirá ele mesmo os seus fregueses, como todo o esmero e perfeição”.

Por esta altura já havia igualmente muitos cabeleireiros e barbeiros portugueses de grande reputação e com clientelas distintas, caso de José Henriques da Silva, que servia aristocratas como o barão de Quintela no seu estabelecimento do Chiado; ou de Manuel Lopes de Carvalho, que foi amigo de Bocage e também tinha porta aberta no mesmo Chiado. Vários destes profissionais, qualquer que fosse a sua nacionalidade, propunham também aos clientes cremes, pomadas, elixires e outros produtos, de seu fabrico ou importados, alegadamente eficacíssimos no tratamento da queda do cabelo. É o caso do creme Alibour-Villaret, do cabeleireiro francês Mr. Villaret, que não só fazia crescer o cabelo como impedia o aparecimento de brancas.

Em 1885, eram cerca de 20 os cabeleireiros reconhecidos como de nível superior (“caros e finos”, de acordo com Ramalho Ortigão) que trabalhavam em Lisboa, todos na zona da Baixa, segundo uma lista publicada num anuário comercial desse ano. Na foto publicada nesta página e tirada na década de 20 do século XX, podemos ver um dos muitos cabeleireiros então existentes na capital, instalado no primeiro andar de um prédio, como era então habitual, já que as barbearias e cabeleireiros de prestígio não ficavam nos rés-de-chão, como acontece agora, mas sim nos andares superiores.

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