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Quando o padeiro levava o pão a casa
DRQuando o padeiro levava o pão a casa

O Pátio das Antigas: Quando os padeiros levavam o pão a casa

Grande cesta de verga equilibrada ao ombro, saco a tiracolo para fazer os trocos ao cliente. Eram os padeiros, que por vezes também circulavam de bicicleta, e levavam o pão fresco a casa dos clientes todas as manhãs.

Escrito por
Eurico de Barros
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Já há bastantes anos que os padeiros que vinham entregar o pão a casa das pessoas em Lisboa passaram para o rol das profissões desaparecidas. Durante muitas décadas, os padeiros, tal como as leiteiras, eram as primeiras pessoas que muitos alfacinhas viam de manhã, quando os atendiam à porta para poderem ter o leite e o pão fresco para o pequeno-almoço, antes de saírem para o trabalho ou para a escola. 

A capital era, nessa altura, nas palavras do jornalista e ilustre olisipógrafo Norberto de Araújo, “como uma aldeia grande, uma aldeia de bairros”. E cada bairro tinha uma padaria ou mais, que abasteciam os moradores. Estes ou iam lá comunicar a quantidade de pão de que precisavam para a semana, ou então deixavam um bilhetinho com a mesma escrita, no saco do pão que era pendurado à porta de casa: tantas carcaças, ou papos-secos, às vezes um pão de forma, tudo estaladiço ou mesmo ainda quentinho, se se morasse perto da padaria.

Os padeiros circulavam quase sempre a pé, embora alguns preferissem a bicicleta, levando ao ombro com desenvoltura os seus grandes sacos de verga cobertos por um pano branco, para que o pão não ficasse com pó ou fosse tocado pelo sol e pela chuva. Outro adereço indispensável do padeiro era o saco a tiracolo (ver a fotografia nesta página), com o dinheiro para os trocos do cliente que pagava ao dia, ou regularizava a conta da semana à sexta-feira ou ao sábado (ao domingo não havia distribuição, era dia de torradas).

Com a multiplicação dos supermercados, a partir do início da década de 70, que vendiam pão em grande quantidade e maior variedade, e cada vez mais pastelarias também a fabricá-lo, as padarias de bairro acabaram por ir fechando. O modelo de negócio já não compensava, e deixou de ser prático para os padeiros andarem todas as manhãs a distribuir o pão por bairros que cresciam cada vez mais. Mas continua ainda a haver muita gente que tem saudades de abrir a porta de casa de manhã, e ter lá o saco do pão cheio de papo-secos quentinhos e estaladiços. 

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