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Odeon, o icónico cinema vai renascer a tempo do centenário

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
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O edifício inaugurado em 1927, e encerrado desde meados dos anos 1990, está a ser reabilitado – e transformado. O projecto é do arquitecto Samuel Torres de Carvalho.

O Odeon vai reabrir em 2020. Não voltará a ser um cinema nem a acolher peças de teatro radiofónico, mas a boca de cena, o imponente frontão que enquadrava a grande tela, o alto pé direito (24 metros) e as coxias vão sobreviver à requalificação deste edifício histórico do século XX – será este o cenário do restaurante que vai ocupar o rés-do-chão.

A fachada vai ser recuperada e ficar tal como a conhecíamos, com as suas caixilharias de ferro inspiradas em Gustave Eiffel, no gaveto da Rua dos Condes e da Rua das Portas de Santo Antão. Atrás das varandas, dez apartamentos de luxo, com tipologias de T1 a T3. No subsolo, 26 lugares de estacionamento, para o qual os automóveis descerão por elevador.

Pormenor de um dos apartamentos do Odeon
Samuel Torres de Carvalho

Com dez portas para a rua, o Odeon manterá igualmente os ornatos art déco no interior. “Quisemos manter tanto quanto possível do Odeon”, diz à Time Out o francês Julien Dufour, um dos sócios da Odeon Properties (o outro, Jorge Capelo, é português). “Quisemos manter o DNA, valorizar a história e a cultura da cidade. Toda a gente que lá levamos tem uma memória para partilhar. É nostálgico. Não é algo que queiramos mudar.”

Julien Dufour sublinha que quer que os lisboetas “continuem a ter essa sensação” quando entrarem no renovado Odeon, um cinema que abriu portas em 1927, chegou a ter António de Oliveira Salazar como frequentador com lugar cativo, e fechou definitivamente em 1993. O investidor explica que a Odeon Properties, que tem outras obras em curso na cidade, não quer “investimentos rápidos” e construir para o segmento do luxo – mas essa, diz, era a única forma de, financeiramente, conseguir reabilitar mantendo o máximo do imóvel original.

O frontão da antiga sala de cinema vai manter-se
Samuel Torres da Silva

Metade dos apartamentos, o menor dos quais tem 112 metros quadrados, está vendida. O empresário revela que 40% dos seus clientes são portugueses (no total e não apenas no empreendimento do Odeon). No entanto, o objectivo é inverter este número e passar para os 60% – a empresa diz-se empenhada em aumentar a oferta para compradores nacionais. Aliás, “se tiver escolha”, Julien Dufour quer um chef português para o restaurante do Odeon.

Este é um dos 50 projectos que vão mudar Lisboa na próxima década e que lhe mostramos na revista desta semana, incluindo o novo Cais do Ginjal, em Almada, cujo arquitecto é o mesmo que assina a reabilitação do Odeon: Samuel Torres de Carvalho.

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