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Os estúdios GreenBoy continuam a fazer novos jogos para o Game Boy

O Game Boy foi descontinuado há mais de 18 anos, mas há quem ainda hoje crie novos jogos para ele. Só precisámos de passar a fronteira para encontrar um desses homens.

Luís Filipe Rodrigues
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Luís Filipe Rodrigues
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O primeiro Game Boy foi vendido há mais de três décadas, em Abril de 1989, no Japão. Entre essa data e Março de 2003, quando a icónica consola portátil foi descontinuada, a Nintendo vendeu quase 120 milhões de consolas e foram feitos mais de mil jogos para o sistema. Ao longo dos anos, o espanhol Dana comprou todos, incluindo alguns que nunca foram postos à venda. E hoje dedica-se exclusivamente a fazer videojogos. Não para o PC, nem para as PlayStations e Xboxes, nem sequer para a Nintendo Switch, mas para o bom e velho Game Boy.

Dana (que prefere não revelar o verdadeiro nome, nem a idade, optando por usar a alcunha pela qual é conhecido no meio dos videojogos) é o responsável pelos estúdios GreenBoy. Aliás, ele é os estúdios GreenBoy. “Sou responsável pela arte, programação, embalagem, compras, vendas, publicidade, atendimento ao cliente, montagem de campanhas”, elenca. “A única coisa que não faço é levar as encomendas até à porta dos clientes”, brinca. Também não compôs a música que se ouve no mais recente jogo, The Shapeshifter, e na sua continuação, The Shapeshifter 2, cuja campanha de financiamento no Kickstarter chegou ao fim no início do mês – o objectivo era amealhar 6777 dólares; o montante final ultrapassou os 83 mil dólares. Mas tudo o resto é feito e decidido por ele.

Podia ter expandido a empresa, no entanto preferiu não dar passos maiores do que as pernas. “Já me fizeram várias propostas para publicar títulos de outros programadores, e disse que não a todas. Prefiro manter o meu ritmo, sem pressão, sem pressa, sem crescer demais, e consolidar a qualidade da [marca] GreenBoy com cada novo lançamento”, justifica o editor. “Também já fui contactado por grandes editoras para adaptar os meus jogos para outras consolas, mas nunca aceitei.”

Ao longo de um mês de conversas, por e-mail, percebemos que manter a originalidade e a exclusividade dos jogos da Greenboy Games é importante para Dana. Quando falamos de outros estúdios e editoras especializados em jogos para consolas retro, incluindo alguns que também programam principalmente para o Game Boy, ele elogia a comunidade e confessa “seguir de perto” o que fazem os outros programadores, mas destaca a sua visão “muito pessoal” e o facto de fazer jogos poucos convencionais, em vez de clones de Zelda ou jogos de plataformas – dois dos géneros mais populares junto desta comunidade.

The Shapeshifter é, de facto, pouco convencional. A ideia original era fazer uma “aventura gráfica old school, tipo Monkey Island, mas adaptada às limitações do Game Boy”. Por exemplo, por ter de trabalhar com uma resolução tão reduzida, os personagens e as janelas dos diálogos lembram os de um RPG (role-playing game, ou jogo narrativo). “Além disso, há vários mini-jogos de plataformas”, continua. “O jogo é inspirado em parte no Gargoyle’s Quest, que mistura géneros como plataformas e RPG”, conclui. Esta amplitude de estilos e referências é o que torna as suas criações especiais.

Não é fácil ganhar a vida a fazer este tipo de jogos, mas Dana tem conseguido. “Há cerca de cinco mil pessoas que compram todos os videojogos da GreenBoy”, confidencia. É isso que garante a viabilidade comercial de um projecto que começou por ser um hobby. Isso e o cuidado com que os lançamentos são embalados e apresentados. “Comecei por vender só o cartucho, mas não era viável”, lembra. Agora, as embalagens replicam a apresentação dos velhos jogos do Game Boy, e têm lá dentro um guia, um manual de instruções, outros extras e o cartucho, protegido por uma pequena caixa de plástico. Como antigamente.

Apesar de as embalagens e o sistema para que programa serem objectos de nostalgia, Dana não gosta que digam que faz “jogos retro”. “Tento que os meus projectos sejam inovadores de uma maneira ou de outra”, sublinha. Às vezes, isso prende-se com a temática ou os sistemas de jogo. No caso do seu próximo opus, The Shapeshifter 2, a principal inovação é o facto de o jogo estar dividido por dois cartuchos, que é necessário trocar à medida que a acção progride. Vai ser o projecto mais ambicioso que já fez.

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