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Pedro PiresAna Moura

Prémios Play consagram Ana Moura, a ousada, e Ivandro, a promessa

Entregues no Coliseu dos Recreios, os Play – Prémios da Música Portuguesa distinguiram ainda Sérgio Godinho por meio século de carreira e Nena como artista revelação.

Hugo Torres
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Hugo Torres
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Ana Moura e o seu Casa Guilhermina foram os grandes vencedores dos Prémios Play. A fadista conquistou dois dos três galardões para os quais estava nomeada, melhor artista feminina e melhor álbum, e ainda o Prémio da Crítica. Ana Moura só falhou o prémio Vodafone Canção do Ano, que foi entregue ao outro vencedor da noite desta quinta-feira no Coliseu dos Recreios: Ivandro, por “Lua”. Não é uma surpresa. Afinal, o jovem cantor luso-angolano foi o artista mais ouvido em Portugal no Spotify no ano passado, e este é o único prémio atribuído através do voto popular. Ivandro foi ainda o melhor artista masculino.

A actuar em Portalegre, Ivandro não esteve na cerimónia desta quinta edição dos Play (Bispo recebeu os seus prémios). Já Ana Moura subiu ao palco as três vezes a que tinha direito. Da primeira, falou sobre as “lutas” dos últimos anos e sobre as mensagens de ódio que recebe pela ousadia artística de Casa Guilhermina. “Às pessoas que dizem que uma fadista não pode tomar as decisões que tenho tomado, que não pode vestir como eu me visto, que não pode cantar aquilo que tenho cantado, eu queria deixar uma mensagem: eu nasci fadista, eu sou parte do fado. Ter respeito pelo fado é ter respeito por mim”, disse.

O melhor álbum de fado foi para Tudo Recomeça, de Aldina Duarte. Continuando na distinção por género, Chasing Contradictions, do Ricardo Toscano Trio, e Lamentationes Hebdomadæ Sanctæ, do Ensemble Bonne Corde, foram distinguidos, respectivamente, como melhor álbum de jazz e melhor álbum de música clássica/ erudita.

Os Calema foram considerados o melhor grupo. O prémio para melhor videoclipe foi para a “Caro”, tema de X-Tense com Slow J, realizado por Gonçalo Carvoeiras e pelo próprio X-Tense. O galardão que distingue uma canção do universo lusófono, não produzida em Portugal, foi para um hit de 2022: “Dançarina”, do brasileiro Pedro Sampaio com MC Kevinho (estavam ainda nomeados Batida com Mayra Andrade, Matias Damásio, e uma outra colaboração de Pedro Sampaio, desta feita com Anitta).

A artista revelação foi Nena. Não a alemã de “99 Luftballons”, claro, mas a jovem cantora nacional que começámos a conhecer em 2020 com o single “Portas do Sol” e que no passado lançou o disco de estreia, ao fundo da rua. A Garota Não, Club Makumba e Milhanas eram as demais nomeadas nesta categoria que distingue os novos nomes da música portuguesa. Pelo contrário, um artista cuja obra já é do “domínio público”, para usar as palavras da ministro da Cultura, é Sérgio Godinho. O músico recebeu das mãos de Pedro Adão e Silva o prémio carreira, que no seu caso tem mais 50 anos.

Depois de receber uma ovação de pé de todo o Coliseu e de ter visto Jorge Palma, Diogo Piçarra e Manuela Azevedo a cantarem temas seus com Os Assessores, a banda que há tanto o acompanha (vídeo acima), o autor de Os Sobreviventes e Nação Valente subiu finalmente ao palco com Adão e Silva. O ministro da Cultura disse que a história das últimas cinco décadas do país se pode contar através das canções de Godinho, para logo a seguir vestir a pele de melónomano e musicólogo: “O Sérgio Godinho tem um registo coloquial, um lado irónico, mas também um lado de enorme lirismo. Tem essa diversidade e tem uma outra coisa: eu acho que, pela métrica, o Sérgio Godinho foi na verdade o primeiro rapper português”. O músico preferiu apontar o holofote para os demais – e para a luta.

“O que eu queria sublinhar esta noite é a pujança e a diversidade da música portuguesa. Não só não nos podemos queixar de falta de música, como a música corre em nós”, afirmou Sérgio Godinho. “A cultura faz-se da música, e muito da música. No Brasil, a música sempre foi reconhecida como parte integrante da cultura e aqui tem de ser cada vez mais”, continuou, dirigindo-se para o ministro. “A prova é, como digo, essa pujança e a criatividade permanente. As figuras que vão aparecendo em vários géneros. Isto é muito importante: quando falo de diversidade, para mim é o mais importante. Viva a música e continuemos a lutar por ela.”

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