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Um grupo de miúdos que vivem nos subúrbios faz uma misteriosa descoberta que os leva numa aventura por territórios desconhecidos, abandonando a segurança do lar, numa história que envolve piratas e um tesouro perdido. Não, não estamos a falar do filme Os Goonies, clássico dos anos 1980 realizado por Richard Donner, que acabou por inspirar esta que é a sétima série de imagem real saída do universo Star Wars. Skeleton Crew estreia a 3 de Dezembro no Disney+.
É um rico presente de Natal para os fãs da saga. Com Jude Law no papel do adulto na sala e um elenco pela primeira vez liderado por crianças, Skeleton Crew mostra-nos um planeta desconhecido da Galáxia, onde conhecemos uma comunidade bastante familiar ao nosso universo. Ou, para sermos mais precisos, reminiscente das comunidades suburbanas da classe média norte-americana. Nesta aventura, quatro crianças descobrem uma nave espacial enterrada na floresta do seu planeta, carregam nos botões errados e saem disparadas em direcção ao desconhecido. Estamos no tempo da Nova República, logo depois de Luke Skywalker e companhia terem terminado com o reino do maléfico Império, em O Regresso de Jedi (1983). Mas as rotas do hiperespaço estão carregadas de piratas galácticos e o perigo está sempre à espreita. Para conseguirem regressar a casa, os pequenos aventureiros contam com a ajuda de um homem chamado Jod Na Nawood (Jude Law), um personagem envolto em mistério, sensível à Força.
Em jeito de nota de rodapé, em português, Skeleton Crew traduz-se para qualquer coisa como ‘serviços mínimos’ ou ‘equipa reduzida’, mas neste contexto faz um trocadilho com o facto de haver caveiras e esqueletos em histórias de piratas.
Uma nova perspectiva
Os criadores e argumentistas de Skeleton Crew são Jon Watts e Christopher Ford, velhos comparsas da sétima arte, cuja última colaboração tinha passado pelo argumento do filme Homem Aranha: Regresso a Casa (2017), também realizado por Watts. Mas foi Christopher Ford que atendeu a videochamada da Time Out.
Cada uma das séries Star Wars tem uma atmosfera muito própria. Neste caso, um tom que remete para as antigas produções da Amblin Entertainment, fundada por Steven Spielberg, que além de Os Goonies foi responsável por títulos como E.T – O Extraterrestre, Gremlins – O Pequeno Monstro ou Regresso ao Futuro. E onde trabalhou Kathleen Kennedy, actual presidente da Lucasfilm e uma das produtoras executivas de Skeleton Crew, a par de Jon Favreau, criador de Mandalorian. Sobre o tom desta nova produção (e o que distingue Skeleton Crew das séries irmãs), Christopher Ford diz-nos que foi “exactamente o que o Jon Favreau e a Kathy Kennedy queriam saber” e a porta de entrada foi o facto de a série ser protagonizada por crianças. “O conceito central é que as crianças estão perdidas na galáxia, por isso queríamos que fosse uma aventura, com mistério e uma sensação de perigo. Queríamos que fosse Star Wars, mas porque são crianças e porque, de certa forma, são ingénuas e viveram protegidas das partes mais assustadoras da galáxia, tudo lhes parecia novo. Foi como um novo ponto de vista, uma nova perspectiva sobre o universo Star Wars que já conhecemos”, explica, destacando ainda que Skeleton Crew tem “algo de familiar”. “Ao fazermos isto com a Kathleen Kennedy, falámos com ela sobre coisas como Os Goonies, e a perspectiva dela era que nunca se tratava os filmes como filmes para crianças, eram apenas filmes normais. É preciso levar as crianças a sério, mas, ao mesmo tempo, não esquecer que são crianças”, defende.
Os efeitos visuais também são um assunto sério em Star Wars e Ford revela que há uma mistura de estilos nesta produção. O arranque da série acontece num “mundo seguro, luminoso e feliz” e o tom vai ficando mais sombrio à medida que a história avança. "Há uma intensidade a que eles não estão habituados e por isso pudemos usar várias técnicas para tornar tudo mais estranho e diferente. Quando encontram um monstro, por exemplo, este é animado em stop motion, o que faz com que pareça um pouco mais como um filme de Ray Harryhausen”, descreve, recordando o animador de filmes como Fúria de Titãs (1981).
Importa referir quem são os pequenos grandes heróis de Skeleton Crew. Ravi Cabot-Conyers (Grassland) interpreta Wim, que sonha um dia ser Jedi; Robert Timothy Smith (Dear Santa) no papel do meigo Neel, é uma criança de uma espécie ainda desconhecida em Star Wars, mas que é semelhante ao ortolano Max Rebo, a fazer lembrar um elefante; Ryan Kiera Armstrong (Firestarter) veste a pele da destemida Fern; e Kyriana Kratter (Acampamento Kikiwaka) interpreta a inteligente KB, que se destaca pelo implante cibernético no cérebro. E não seria Star Wars se não houvesse um droid ao serviço. Aqui é SM-33, um droid-pirata (com um rato que vive dentro do olho) que acaba por ajudar a pequena tripulação da nave espacial e cuja voz pertence ao actor Nick Frost (Shaun of the Dead).
Para Christopher Ford, “foi incrível” trabalhar com estes jovens talentos, cujas “personalidades fortes” pesaram na selecção para os respectivos papéis. Em relação a Jude Law, o criador sublinha o seu “charme e uma sensação de perigo latente, como se nunca soubéssemos bem o que ele está a pensar”, ideal para quem pretendia trazer para o argumento elementos de “tensão e perigo vindos de todas as direcções”.
E será que vamos ver caras conhecidas? Ford diz que pode haver “algumas ligações”, mas insiste que esta história “é um pouco mais independente do que outras coisas que vimos”, já que o interesse também passou por “explorar recantos pouco vistos da galáxia”. Skeleton Crew estreia poucos meses depois do cancelamento de A Acólita que não sobreviveu para uma segunda temporada. Neste caso, ainda nada está confirmado, mas há planos para mais. “As crianças estão a crescer. Como vão lidar com as suas vidas enquanto tudo muda à sua volta? A nossa imaginação salta imediatamente para o futuro”, revela. Para já, Skeleton Crew apresenta-se com oito episódios e um leque de realizadores bastante interessante: Jon Watts (episódios 1 e 8); David Lowery (2 e 3); Daniel Kwan e Daniel Scheinert (4); Jake Schreier (5); Bryce Dallas Howard (6); e Lee Isaac Chung (7). Os primeiros dois ficam disponíveis no dia 3 de Dezembro e depois estreia um a cada quarta-feira.
Disney+. Estreia a 3 de Dezembro
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