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STO Mercearia
Mariana Valle Lima

STŌ, uma mercearia portuguesa com certeza

Na nova mercearia da Baixa, também é possível comer (e bem). Aqui, só entram produtos portugueses. Tudo se prova e tudo se leva para casa.

Cláudia Lima Carvalho
Escrito por
Cláudia Lima Carvalho
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Na Baixa, entre portas fechadas e espaços que começam a renascer, algumas armadilhas para turistas e lojas que sempre ali estiveram, nasceu uma mercearia fina que dá atenção aos produtores portugueses. Uma montra gastronómica para levar para casa ou para se descobrir e provar ali mesmo pelas mãos do chef Moisés Franco.

A STŌ é uma mercearia, mas também uma cafetaria (quase restaurante, apesar de não reclamar esse lugar para si, até porque não tem propriamente uma cozinha, antes um pequeno espaço de trabalho atrás do balcão). É aqui que Moisés Franco, que já passou por cozinhas de restaurantes como o Belcanto, o Bairro do Avillez ou o Zazah, se movimenta. Tudo o que usa vem das prateleiras da mercearia, sem grandes segredos, mas com muito conhecimento e uma imensa vontade de partilhar. O projecto, porém, saiu da cabeça de Cláudia Almeida e Jorge Abreu. Quando se mudou do Brasil para Portugal, o casal trazia o desejo de ter um negócio próprio, mas acabou por apostar numa empresa de consultadoria, ajudando na concepção de restaurantes, desde encontrar o sítio perfeito à sua materialização. A pandemia forçou-os a voltar ao plano inicial. “Com a Covid, perdemos clientes porque a restauração fechou e então achámos que era agora, estava na hora de fazer o nosso projecto”, diz Cláudia Almeida. 

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Mariana Valle Lima

O espaço, nos números 83 e 85 da Rua dos Fanqueiros, foi encontrado por Jorge Abreu. Era uma antiga loja de bijuterias. “Tem a vantagem de estar num lugar de turismo, com fluxo. Além disso, acreditamos que o português vai voltar à Baixa, acho que já está começando. Temos descoberto que vários portugueses têm voltado a viver aqui e até já temos um grupinho de clientes que vem cá sempre almoçar”, conta a responsável. 

Para comer, não há nada de muito complexo, mas também nunca foi essa a ideia. Da parte da manhã, entre as 09.00 e as 12.00, há uma carta de pequeno-almoço com várias tostas, habitualmente feitas com o pão da The Millstone Sourdough, de David Jesus e Sandra Freitas, ou do Isco, de Natalie Castro. De uma simples com manteiga (2,5€) a uma mais composta com queijo da ilha (4€), mas também pastelaria feita em casa por Moisés, como o pastel de nata (1,5€), o rolo de canela (1,5€) ou até um folhado de baba de camelo (2€) – leu bem!

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Mariana Valle Lima

A partir do almoço, a carta faz-se de tábuas, petiscos e sandes, tudo a pedir uma partilha à mesa para que se provem mais coisas. Nas tábuas, além das habituais de queijos, enchidos e mistas (8,5€), há uma do mar (8€), com uma conserva da prateleira da mercearia. Já nas sandes, destacam-se, por exemplo, a de paio português com ananás açoriano e queijo da ilha (9€), e a de paté de atum artesanal bio (9€). Independentemente do que escolher, não deixe de provar pelo menos um dos três pratos na categoria “ligeiros, mas atipicamente tradicionais”. Falamos da salada de polvo (10€), da punheta de bacalhau fumado (8,5€) e da grãozada com paiola (8,5€), uma receita que o chef trouxe do Alentejo. A última novidade são os salgadinhos (pastel de bacalhau, croquete de novilho e de alheira, 1,80€).

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Mariana Valle LimaSalada de polvo

Nos doces, há o famoso Pudim do Abade (6,5€) – que também pode levar para casa, claro está –, mas também baba de camelo com morango e amêndoas laminadas (4,5€). 

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Mariana Valle LimaPudim do Abade

Para acompanhar, as prateleiras são o limite. Há sempre vinho a copo (5€), escolhido a dedo, mas se alguma garrafa à venda captou à atenção também pode ser bebida ali (somando-se ao valor, uma taxa de serviço à mesa de 5€). O foco está nos vinhos naturais e de intervenção mínima e Moisés procura que alguns destes não se encontrem facilmente em qualquer lado, de produtores como Folias de Baco, Arribas Wine Company ou Adega do Vulcão.

Na verdade, não há nada na STŌ que não seja português e que não tenha sido previamente provado e aprovado. É o chef quem tem “o trabalho chato de comer e beber”, brinca. “É óptimo poder sair, experimentar as coisas, tirar ideias, procurar as lacunas, ou seja, perceber o que senti falta naquela mercearia”, explica Moisés Franco, garantindo que só procura o melhor e não apenas de produtores conhecidos. Já aconteceu até chegar a novos produtos por recomendação de clientes. “É uma rede boa que se cria”, afirma Cláudia, para quem o desígnio da STŌ, nome que é uma espécie de acrónimo e uma brincadeira de palavras entre “história” e “estar”, se cumpre com a constante renovação de stock. O que existe hoje à venda pode não estar amanhã – o que não significa também que não volte a estar. 

Por agora, além do pão da The Millstone Sourdough ou da Isco, conforme os dias, é possível comprar também os temperos caseiros de Francisca Dias, Cisca Massala, o chá da Companhia Portugueza do Chá, o gin açoriano Baleia Gin, os queijos da Queijaria Machado, o Pudim do Abade ou os chocolates Taucacau. 

No futuro, a ideia é ter também congelados. Mas cada coisa a seu tempo. 

Rua dos Fanqueiros, 83-85 (Baixa). Ter-Sáb 09.00-20.00

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