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Também queremos: tudo o que invejámos de outras cidades em Março

Escrito por
Luís Leal Miranda
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Um desfile tolo de Páscoa, um museu de espionagem, a exposição "David Bowie Is" ou uma noite branca como a de Paris. Nós também queremos!

1. Um desfile tolo de Páscoa

É preciso começar a levar menos a sério as festividades da Quaresma.

A Páscoa é importante para todas as pessoas que frequentam o ensino institucionalizado em Portugal. Não por causa de uma história surpreendente de morte e ressurreição, mas porque dá direito a duas semanas de férias. É um período perfeito para o lazer mas sobre o qual se impõem poucas tradições de festarolanço. Os nova-iorquinos arranjaram uma maneira bastante tola e laica de celebrar a páscoa: a Easter Parade and Bonnet Festival, um passeio pelas ruas da cidade em que cada pessoa tenta levar o chapéu mais imbecil que conseguir. Blasfémia? Desrespeito pela cultura cristã? Estamos a falar de uma altura do ano em que se vendem ovos e coelhos de chocolate, que sentido é que isto faz? Ainda se fossem ovos e galinhas de chocolate, coelhos e estolas de chocolate. Enfim. A procissão não-religiosa dos nova iorquinos percorre a Quinta Avenida no Domingo de Páscoa e é isso: pessoas com bonés idiotas a andar a pé. Em Lisboa temos poucas actividades pedestrianistas e nenhumas oportunidades de mostrar como somos bons a equilibrar coisas na nossa cabeça. Talvez esteja na altura de importar este festival.

2. Um museu da espionagem

Como o Spyscape, em Nova Iorque, que transforma a vida dos agentes secretos numa atracção pública.

Fãs de filmes de James Bond, admiradores de romances de John Le Carré e entusiastas dos bastidores do futebol português, este sítio é para vocês. O Spyscape, situado num armazém com mais de 60.000 metros quadrados, conta-vos tudo sobre o mundo da espionagem. O museu está dividido em duas áreas: uma zona de museu mais convencional, com máquinas de encriptação, documentos falsos e histórias de toupeiras humanas célebres (nota: ninguém sabe quem é o melhor agente secreto do mundo porque, lá está, se era realmente bom nunca ninguém ouviu falar dele); e uma experiência interactiva em que os visitantes são postos à prova em vários desafios relacionados com a arte de espiolhar a vida alheia. Isso significa que têm de atravessar um túnel de lasers, experimentar um detector de mentiras ou tentar descodificar mensagens. Cá em Lisboa gostávamos de ter um museu dedicado a Frederico Carvalhão Gil, o agente do SIS que foi preso em Roma por vender segredos da NATO a um espião russo e disse, em sua defesa, estar apenas a fazer negócios com o azeite das oliveiras do irmão.

3. A exposição “David Bowie Is” em Lisboa

Porque o melhor que há cá para ver estrelas é o Planetário.

Durante quase 70 anos um ser chamado David Bowie habitou o nosso planeta e fez algumas das canções mais emblemáticas do século XX. Em 2016 sumiu, talvez para sempre, mas deixou um legado gigantesco: há canções, telediscos, filmes e tapetes para rato – há tapetes de rato para tudo, ok, neste aspecto ele não foi um pioneiro. Mas a melhor maneira de recordar e viver a obra do “camaleão”, como toda a imprensa se refere a ele, está agora no Brooklyn Museum em Nova Iorque. “David Bowie Is” é uma antologia da carreira do artista britânico, com esboços de letras, roupas, adereços, instrumentos e outros objectos que revelam as várias camadas dessa cebola-humana que era David Bowie – que estava para a pop como as saias estão para as nazarenas. Mais de 500 objectos e dezenas de canções (que tocam nuns auscultadores oferecidos à entrada) compõem o retrato do artista enquanto artista. Porque Bowie nunca foi outra coisa qualquer. Nem sequer humano, desconfiamos.

4. Uma noite branca como a de Paris

Por cá já se fizeram vários eventos de alta cultura noctívaga, mas nada tão exuberante como o que acontece na capital francesa.

Noites em branco não se desejam a ninguém, mas eventos como a Nuit Blanche de Paris são um exemplo a seguir por todas as cidades: um mega-evento cultural que começa às sete da tarde e acaba às sete da manhã, sempre no primeiro sábado de Outubro, há 12 anos consecutivos. A ideia foi posta em marcha por Bertrand Delanoë, presidente da Câmara da cidade entre 2004 e 2014, e já foi copiada por mais de uma dezena de cidades europeias. Em Lisboa, “noite branca” significa, por regra, monumentos e museus abertos até à meia noite numa espécie de Vogue Fashion Night Out da cultura. Mas a interpretação parisiense deste conceito é mais completa – e complexa: transformar os pontos de interesse da cidade, tornando-os quase irreconhecíveis. Obrigar as pessoas a fruir do espaço público de forma diferente, mudando a paisagem urbana graças às instalações de artistas de renome. Há filmes projectados na fachada de edifícios históricos, festas em museus e igrejas, espectáculos ao vivo em locais inusitados (e a horas impróprias) e ideias bizarras, mas espectaculares, como a de içar uma bola de espelhos gigantes com uma grua. Em Lisboa gostávamos de ver um zeppelin em forma de sardinha a sobrevoar a cidade numa noite dessas – não digam nada à Joana Vasconcelos.

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