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Teatro do Bairro Alto abre em Junho, mas fora de portas

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
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O Teatro do Bairro Alto (TBA) abre “em breve”,  mas antes apresenta-se à sociedade fora de portas entre 14 de Junho e 7 de Julho em cinco locais diferentes da cidade.

Foi a sede do Teatro da Cornucópia entre 1975 e 2016, ano em que a companhia de Luís Miguel Cintra decidiu anunciar o fim da sua actividade. Espera-se uma nova vida anunciada pela EGEAC e, enquanto não abre as portas de casa, apresenta (Quase) Teatro do Bairro Alto, um programa de performances e conferências site-specific por vários espaços da cidade e que vai ser vir como uma pequena apresentação para o que ali poderemos ver. Francisco Frazão, ex-programador de teatro da Culturgest, é o director artístico deste novo teatro.

A 14 e 15 de Junho a artista libanesa Tania El Khoury apresenta-se na Sala das Janelas do Teatro da Politécnica com a instalação-performance Gardens Speak. Em seis sessões diárias (5€ a sessão), a artista foca-se na guerra na Síria com uma instalação sonora interactiva criada a partir das histórias de dez pessoas que morreram no conflito.

No dia 19 de Junho, o CAB Centro Coreográfico Lisboa – Fundação Maria Magdalena de Mello recebe a conferência musical de entrada livre “Don’t let me be lost to you: Early 20th century Near-Eastern music in New York City” que será transmitida ao vivo no Facebook do TBA. O arquivista e investigador Ian Nagoski irá falar sobre a influência da vaga de imigração das comunidades do Império Otomano (actual Turquia, Síria, Arménia, Líbano, Egito e Grécia) no final do século XIX. Uma oportunidade para também ouvir fragmentos musicais de duas gerações dessas comunidades para que não caiam no esquecimento.

Em co-produção com o TBA, Joana Braga apresenta a 22 de Junho o percurso performativo Partituras para ir, que faz parte do projeto "Matéria para escavação futura" das arquitectas e investigadoras Joana Braga e Ana Jara. Neste dia é Joana Braga que irá guiar os inscritos em redor do teatro, enquanto “explora uma leitura coreográfica da caminhada”. Dois dias depois, a 24 de Junho, a experiência é o mote para uma conversa no CAB com investigadores e artistas sobre a caminhada como forma de pesquisa da cidade que será também transmitida no Facebook do TBA.

Nos dias 26 e 27 de Junho, no CAB, é a vez da conferência-performance In a Place of a Show do artista e escritor Augusto Corrieri. Em vez de se focar nas pessoas que trabalham no mundo do espectáculo, vai falar sobre os edifícios, sobre teatros que têm novas funções, que estão vazios, que foram mesmo demolidos ou sobre a escuridão que preenche os auditórios quando o espetáculo termina.

In a Place of a Show de Augusto Corrieri
©DR

O mês de Junho termina com a performance Lookout (5€), que pode ver nos dias 29 e 30 no Centro Europeu Jean Monnet. Um trabalho do escritor e curador Andy Field criado com crianças de uma escola primária local (em Lisboa são do Colégio de Nossa Senhora da Conceição da Casa Pia) e um encontro entre um adulto e uma criança num ponto alto com vista sobre a cidade. Juntos imaginam o futuro, com todos os sonhos e medos que a imaginação carrega.

O último momento deste (Quase) Teatro do Bairro Alto é a instalação-performance Parasomnia que pode ver na Reitoria da Universidade Aberta entre 2 e 7 de Julho. Patrícia Portela, autora de performances e obras literárias, irá ocupar várias salas da reitoria que estarão dedicadas à melatonina, a hormona reguladora do sono, à desaceleração dos corpos e ao arrastar das vidas. Na ficha técnica há créditos para “Construção dos bancos de espera”, “Construção da banheira” e “Refeição soporífera”. Promete.

A par das imagens do fotógrafo André Cepeda que vão divulgando a nova ocupação, o teatro tem criado peças artísticas curtas, mas digitais, como uma criação de Lígia Soares chamada “O valor real da experiência”. Em cima encontra uma peça diferente, de comunicação, chamada “What’s in a name?”, um vídeo de Sara Morais e Pedro Gancho que explica o nome, a geografia e a identidade do TBA. Um teatro em pré-escuta que vai ter dança, música, teatro, performance, debates, conversas, workshops, conferências e livros e que se anuncia como “experimental, emergente, internacional, acessível, inclusivo, verde e participativo”.

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