A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar
A Rainha Serpente
©Stephanie BranchuLiv Hill em 'The Serpent Queen'

‘The Serpent Queen’: sexo, Médici e rock n’ roll

Há 500 anos, a italiana Catarina de Médici tornou-se rainha consorte de França. ‘The Serpent Queen’ (TVCine Emotion) conta a sua história, numa série com argumento regado a contemporaneidade. Falámos com a actriz Liv Hill.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Publicidade

Baseada no livro Catarina de Médici: Rainha Renascentista da França (2003), biografia escrita há 20 anos pela sueca Leonie Frieda, a série The Serpent Queen (A Rainha Serpente, em português) recupera a história de Catarina de Médici, nascida no seio de uma das famílias mais poderosas de Itália, mas que cedo se tornou órfã. Tornou-se rainha de França em 1547, graças a um casamento arranjado pelo Papa Clemente VII, seu tio, mas foi um longo caminho para lá chegar. Estreia a 5 de Junho no TVCine Emotion.

A série é uma criação de Justin Haythe, co-argumentista de Revolutionary Road (2008). Mas enquanto essa outra adaptação de um livro nos leva aos anos 40 do século passado, The Serpent Queen dá mais corda às viagens no tempo. A narrativa arranca com Catarina já rainha e interpretada pela multipremiada Samantha Morton (Control, The Walking Dead), mas socorre-se de flashbacks e é aí que entra em cena a jovem actriz Liv Hill (Three Girls, A Grande), a Catarina da adolescência, com quem estivemos à conversa por telefone. Muito aconteceu na vida de Catarina nos anos que separam as primeiras cenas que alternam a acção entre as duas interpretações das actrizes britânicas. “Com a minha Catarina, acompanhamos os anos em que ela lutou para engravidar. Esse período foi assustador, ela não estava segura. Hoje em dia, a beleza é uma moeda de troca, mas era ainda mais naquela época. Como não possuía o que então se considerava uma beleza convencional, ela tinha que confiar na sua inteligência, no seu estado de alerta silencioso e vigilante. Senti-me muito bem representada, como se ela estivesse a representar muitas mulheres que estão nesta espécie de sociedade patriarcal e têm que encontrar o seu lugar e manter o seu poder”, descreve Liv Hill.

Samantha Morton
©Shanna BessonSamantha Morton, em 'The Serpent Queen'

Apesar de se ter casado com o infante Henrique, o irmão mais velho do príncipe morreu antes de assumir o trono, e Catarina tornou-se rainha consorte de França em 1547. E não era propriamente flor que se cheire. “Chama-se A Rainha Serpente numa referência bíblica à serpente, que é má. E ela tinha uma reputação de ser maquiavélica, de ser uma rainha má unidimensional, que matou muitas pessoas. Na verdade, o livro de Leonie Frieda, e esta série, apenas desmascaram o facto de que uma mulher não precisar de ser essa personagem unidimensional. Há muitas motivações diferentes para explicar por que alguém é assim”, defende. O poder intrínseco a esta personagem histórica, aos olhos de hoje, poderá navegar no conceito do empoderamento feminino, embora encarnado numa anti-heroína, um termo que se posiciona entre o vilão e o herói. “Quase nunca vemos mulheres poderosas assim. Temos personagens incríveis como o Tony Soprano ou o Walter White de Breaking Bad, que têm um lado negro, mas que são também anti-heróis. A Catarina é isso, mas no século XVI”, sublinha Liv Hill. Num comunicado sobre a série, o criador Justin Haythe acrescenta: “Catarina afirmou-se como uma personagem nitidamente moderna: não era da realeza, não era bela, não era rica; era uma órfã subitamente atirada para os assuntos da corte que não só sobreviveu como governou França mais tempo do que qualquer outro monarca”.

A contemporaneidade está ainda presente nos diálogos, oferecendo à produção um cunho actual, com humor negro à mistura. E a banda-sonora da série acompanha o estilo do argumento, ao seleccionar um conjunto de temas interpretados por artistas como Patti Smith (com “Gloria” a fechar o primeiro episódio) ou PJ Harvey. “É uma forma de representar uma mulher inteligente e muito poderosa através de lentes contemporâneas na banda-sonora”, diz a actriz. Destaque ainda para a música do genérico, uma malha original do compositor Bear McCreary (Outlander, Black Saiks).

As filmagens decorreram em França e os exteriores são mesmo de locais por onde passou Catarina de Médici, como os castelos Chenonceau e Chambord. E o elenco é todo um dote. Além de Samantha Morton e Liv Hill, A Rainha Serpente conta com as prestações de Charles Dance (A Guerra dos Tronos) no papel do Papa Clemente VII; Colm Meaney (Gangues de Londres), como o rei Francisco; Ludivine Sagnier (Lupin), na pele de Diane de Poitiers, a amante do príncipe Henrique, interpretado por Alex Heath (A Guerra dos Mundos); além de Sennia Nanua (A Menina Com Todos os Dons), a servente Rahima, a quem Catarina de Médici conta a sua história na série.

A Rainha Serpente chega a Portugal cerca de oito meses após a estreia nos Estados Unidos e Reino Unido (entre outros países) e as filmagens da segunda temporada já estão a decorrer. Para já, ficará acessível a primeira, com um total de oito episódios.

TVCine Emotion. Estreia a 5 de Junho (T1). Seg 22.10

+ Série documental conta a história de Schwarzenegger em três episódios

+ Numa cena de ‘And Just Like That’, Kim Cattrall voltará a ser Samantha

Últimas notícias

    Publicidade