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The World as a Whole
DRMaisMenos & Rero

‘The World as a Whole’. O primeiro documentário da galeria Underdogs estreia no São Jorge

A realizadora Ana Pires acompanhou oito artistas, durante as suas residências em Portugal e França. ‘The World as a Whole’ estreia quarta-feira, no Cinema São Jorge.

Mauro Gonçalves
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Mauro Gonçalves
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A arte urbana salta para o primeiro plano. The World as a Whole, a primeira curta-metragem documental produzida pela Underdogs, tem exibição marcada para esta quarta-feira, dia 2, no Cinema São Jorge, em mais uma edição da Festa do Cinema Francês.

Na realização, está Ana Pires, colaboradora da galeria lisboeta desde 2017. Em Maio, partiu sozinha, com uma câmara, rumo a cada uma das quatro cidades onde oito artistas (quatro duplas) – quatro portugueses, quatro franceses – estiveram em residência ao abrigo do projecto (Sem) Fronteiras. Porto, Nazaré, Capbreton e Bordéus serviram de cenário à criação conjunta e transnacional. Este projecto veio dar-me a oportunidade de desenvolver algo maior, fora do formato da galeria, começa por explicar à Time Out.

The World as a Whole
DRAdd Fuel & L'Atlas

Do lado português, Wasted Rita, Tamara Alves, Add Fuel e MaisMenos. Do lado francês, Elea Jeanne Schmitter, YZ, L'Atlas e Rero. Cada uma das duplas, sempre compostas por um artista português e um francês, foi acompanhada pela realizadora durante cerca de uma semana e meia. "Interessava-me, sobretudo, a relação que estava a ser desenvolvida entre os artistas e para isso era necessário tempo e estar com eles fora do ambiente de trabalho, para poder mostrar coisas de forma mais natural, chegar a alguns momentos mais espontâneos, momentos em que não há realmente fronteiras entre estes artistas, independentemente de serem portugueses ou franceses, de estarmos em Bordéus ou na Nazaré", continua Ana.

De cada residência resultou uma obra no espaço público, a começar pelo outdoor assinado por MaisMenos e Rero na Rua do General Sousa Dias, na zona da Batalha. I have a dream, de Martin Luther King Jr., surge repetidamente como uma espécie de mantra gravado na paisagem pelo artista português, enquanto Rero escreveu Not Today com luzes LED – uma tese e uma antítese a partir da qual o espectador pode tirar as suas próprias conclusões", como se lê no comunicado do projecto (Sem) Fronteiras.

The World as a Whole
DRWasted Rita & Elea Jeanne Schmitter

Em parceria com o Instituto Francês, e concebido no âmbito da Temporada Portugal-França 2022, o projecto contou com Pauline Foessel e Alexandre Farto aka Vhils, responsáveis pela Underdogs, como curadores. Em Bordéus, Add Fuel e L'Atlas encontraram-se no que mais une as suas obras – a utilização do branco e azul – e juntaram caligrafia e geometria em forma de painel de azulejo, numa empena da cidade.

Numa outra cidade francesa – Capbreton –, Wasted Rita e Elea Jeanne Schmitter filmaram o pôr-do-sol todos os dias, utilizando uma câmara VHS. Das experiências colectivas deste fenómeno diário nasceu uma peça construída a quatro mãos. Penso que há duas duplas em que se sente que a relação é especialmente orgânica, também porque os trabalhos dos artistas se tocam bastante: a Wasted Rita e a Elea Jeanne Schmitter e o MaisMenos e o Rero. E as próprias obras reflectem essa boa relação, e isso sente-se no documentário, afirma Ana Pires. Sozinha, a realizadora vestiu aquilo a que chama manto de invisibilidade, de forma a penetrar nas rotinas e no dia-a-dia dos artistas.

Na Nazaré, Tamara Alves e YZ partiram da secagem do peixe, prática local, executada maioritariamente por mulheres, conceptualizada num mural. Sobre a parede branca, foi desenhado o retrato de uma das últimas nazarenas, guardiã desta técnica ancestral. Paralelamente, a artista portuguesa, contrapôs um rosto jovem representando as possibilidades do futuro, de forma a questionar a nossa relação com este património, lê-se no mesmo comunicado.

The World as a Whole
DRTamara Alves & YZ

A curta-metragem estreia em sessão dupla no Cinema São Jorge, juntamente com Melhores Amigas, a primeira longa-metragem de Marion Desseigne-Ravel, esta quarta-feira, às 21.30. Depois disso, o filme de cerca de 15 minutos poderá ser visto na galeria Underdogs ainda este ano, em datas a anunciar.

Já Ana Pires, de 33 anos, quer continuar a explorar a arte urbana através do cinema. Sempre me atraiu trabalhar com artistas e estar ligada à arte urbana, permite-me estar mais perto deste novo boom, da nova arte que irá fazer parte da história da arte daqui a uns anos. Espero fazer parte dela de alguma forma.

Cinema São Jorge. Qua 21.30. 4,50€

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