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As Damas, um dos sítios mais frescos da noite lisboeta faz três anos, esta terça, em modo revolução, com a Terceira Primavera. A sua luta é digna de arte marcial.
Revolução. As Damas da Revolução. Não que as tenhamos visto a ocupar estradas, de espingarda em riste, com a cabeça fora do tanque de guerra. É uma outra revolução, sentida na noite lisboeta, na programação musical da cidade, e que, não por acaso, se iniciou no dia 25 de Abril de 2015.
Ou seja, as Damas, projecto de Clara Alice e Alexandra Vidal, celebra agora três anos de uma espécie de golpe limpo, sem ter disparado um único tiro. A festa chama-se Terceira Primavera e acontece na próxima terça-feira com actuações, quer em concerto (Mestre Galissá, Maria Reis, Menino da Mãe e Garcia da Selva) quer em modo clubbing (Alcides, João Moço e Sabre).
Três anos volvidos, uma coisa é certa: é por aqui, pela Rua da Voz do Operário, que passam alguns dos mais interessantes projectos musicais de Lisboa, sempre num registo independente e apostando em parcerias com colectivos e estruturas como A Maternidade e a Rádio Quântica, entre outros. E veio, segundo as próprias, em muito boa altura: “As Damas surgem no rescaldo de uma frustração/cansaço que se sentia na altura relativamente à noite lisboeta e à nossa situação profissional, que era bem precária. Lisboa estava altamente centralizada e com uma ausência de sítios com uma oferta musical diferente. O panorama era negro.”
Era, dizem bem, era. O Botequim que nos perdoe, mas na era pré-Damas raramente se saía à noite para a Graça. É, por isso, natural que as Damas – falamos agora das próprias e não do espaço – estejam coradas de orgulho com o sucesso disto: "É muito bonito perceber que partilhamos os nossos ideais orientadores com tanta gente”, dizem.
Mas em relação à Terceira Primavera, a coisa vai, como sempre, ser feita ao estilo Damas. “Seremos sempre muito humanas a programar as nossas noites, por isso para a noite do aniversário e para esse fim-de-semana preparámos uma reunião de pessoas que acreditamos muito talentosas e pelas quais nutrimos uma enorme simpatia”.
E a simpatia materializa-se em concertos dos nomes já referidos, bem como em sets de gente que sabe o que anda aqui a fazer. Damas sempre, noite lisboeta centralizada e esmorecida nunca mais.
Damas. Ter 22.00-04.00. Entrada livre.