Bo Songvisava
Chef do Bo. Lan, Tailândia
Qual é a questão que é preciso discutir em relação à alimentação na Ásia?
Nós [Bo Songvisava chefia o restaurante com Dylan Jones] queremos focar-nos muito na educação. Queremos partilhar as nossas convicções acerca da segurança alimentar, origem dos produtos, sustentabilidade, de práticas amigas do ambiente. Além disto, é importante assegurar a nossa herança cultural no que diz respeito à comida, aos produtos. O conhecimento ancestral está a perder-se por causa da industrialização e do sistema de comercialização.
Como é que o prato de um restaurante pode marcar uma posição sobre estas questões?
Não é tanto o prato, mas a prática do restaurante. Nenhum prato irá representar tudo o que defendemos, mas sim toda a experiência. É bastante simples, está tudo na origem dos ingredientes e na comunicação. A chave é partilhar o que sabemos com a geração que vai ser a próxima a cozinhar.
A comida de rua asiática é sempre muito citada. Tem um papel na transmissão destas ideias a mais pessoas?
Infelizmente, a sensação que temos é que a comida de rua na Ásia tem perdido qualidade e isto é uma consequência directa dos produtos processados e da industrialização. Honestamente: como é que é possível alguém oferecer comida de qualidade e saudável quando a vendem a 40 ou 50 baht [cerca de 1€]? Feita da maneira certa, tem tudo para comunicar estas questões porque o seu público é muito maior que o dos restaurantes.
Cooktivism também quer dizer feminismo para ti?
Não acreditamos que as mulheres estejam em desvantagem na indústria da restauração na Tailândia. Pode ser diferente noutras partes do mundo, mas aqui sentimos que a pessoa que é melhor em determinado trabalho é aquela que é promovida e aumentada. Cooktivism é ter uma voz e lutar por aquilo em que acreditamos, pelo menos para nós.