O sétimo piso do El Corte Inglés, em Lisboa, tem uma vista 360º sobre toda a cidade que, até agora, estava desaproveitada. Era neste andar, onde fica o restaurante e cafetaria dos armazéns espanhóis, que funcionava a sala de âmbito cultural e, de tempos a tempos, uma amostra alargada da colecção de jardim ou dos enfeites de Natal, nunca com oferta permanente. Em vésperas de Natal, uma nova vida. A Gourmet Experience foi importada dos vizinhos madrilenos, mas numa escala maior – há agora 17 pontos de alimentação, seis dos quais de seis chefs nacionais e internacionais que entre si somam cinco estrelas Michelin.
À entrada do último andar do edifício, sobe-se de escadas rolantes ou elevador, está o novo Club Del Gourmet, até agora no piso térreo, ao pé do supermercado, que ocupa agora uma área muito maior e com mais referências, como a marca de conservas La Gondola. Ganhou também um wine bar com barra de queijos e presuntos e uma happy hour com flute de champanhe e ostras a 9,90€.
Quando entramos no food court, um quadrado que em nada se assemelha ao de um tradicional centro comercial, damos logo de caras com as sobremesas: a mestria conventual da pastelaria Alcôa, o bolo de chocolate da Landeau, os morangos cobertos com chocolate da Godiva ou os gelados artesanais italianos da Nannarella. O espaço é amplo, com muita luz natural, e há sete restaurantes de seis chefs – José Avillez, Henrique Sá Pessoa, Kiko Martins, Roberto Ruiz, Pepe Solla e Aitor Ansorena – com a particularidade de cada um ter o seu próprio espaço. “A grande diferença é que o food court tradicional é um serviço de balcão, de tabuleiro, e aqui criaram-se vários ambientes. Em cada um dos espaços vivem-se ambientes distintos. Consegues ter os mini-restaurantes”, diz Henrique Sá Pessoa, de volta do Balcão, o seu restaurante estilo “snack-bar português”, que tanto tem um robalo com arroz de amêijoas à Bulhão Pato e espuma de limão como um arroz de pato.
Sá Pessoa tem como vizinhos a casa de petiscos galega Atlántico de Pepe Solla (uma estrela Michelin no Casa Solla, em Pontevedra) e a Barra Cascabel, uma parceria entre o mexicano Roberto Ruiz (uma estrela Michelin no Punto Mx em Madrid) e o grupo Avillez que é, certamente, o espaço mais animado do food court – com megafones, cantorias, e palmas a meio do serviço.
Do mesmo lado, o mais internacional, está o Imanol de Aitor Ansorena, com os pintxos, símbolo da cozinha basca, e uma pipa com sidra no meio da parede. Do outro está o sétimo espaço do chef Kiko na cidade, que nos leva até ao Havai. Chama-se Poke e nada tem a ver com as badaladas poké bowls, adverte o chef. São pratos com polvo, salmão ou vieira em que o segredo está no molho ponzu. Ao lado está José Avillez, com a Tasca Chic, que promete os sabores genuínos, como a meia desfeita de bacalhau, e o Jacaré, um espaço “carnívoro vegetariano”, que tem como base a carne mas também saladas, muitos pratos vegetarianos e sumos de frutas naturais.
Outra das vantagens deste food court, em comparação com um tradicional, é o serviço feito à mesa. “No meu Balcão optei pelo pré-pagamento para facilitar, mas a partir daí ficas descansado na tua mesa e não tens de te preocupar com mais nada. Temos um pager que funciona com geolocalizador, e vamos lá”, explica Sá Pessoa, que acredita que à semelhança do espaço Gourmet Experience em Madrid, na Gran Vía, este vai ganhar autonomia e ser um espaço de visita obrigatória. “Estamos a apostar que isto seja um local de destino só por si e não aquela coisa de ires ao centro comercial fazeres compras e por conveniência vires cá acima”, diz.
Outro ponto a favor é o G Bar, um bar explorado pela Gin Lovers (os gins rondam os 10€, os cocktails estão entre os 8 e os 10€), que não se resume a gins e cocktails e tem também sumos detox e que no Verão vai aproveitar a larga esplanada para fazer sunset parties.
Avenida António Augusto Aguiar, 31 (São Sebastião). Dom-Qui 10.00-00.00, Sex-Sáb 10.00-01.00.