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‘Sweet home Europa
© Filipe FerreiraSweet home Europa

Cinco estreias de teatro a não perder esta semana

Esta semana não há desculpas para ficar em casa. Entre quarta e sábado, estreiam cinco peças de teatro na cidade.

Escrito por
Miguel Branco
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Depois de Guimarães e Setúbal, podemos finalmente ver a digressão de Luís Miguel Cintra. Mas não vem sozinha. Saiba tudo sobre as cinco peças de teatro que estreiam esta semana – e que não deve perder. 

Cinco estreias de teatro a não perder esta semana

  • Teatro
  • Santa Maria Maior

Situemos uma coisa: estamos numa casa de topologia estranha; estamos perante um declive formado pela oposição de duas rampas; estamos num jardim inclinado onde a vegetação rasteira são pregos, ervas daninhas que até já a mesa galgaram; estamos em terreno aberto mas conseguimos ver as fronteiras; estamos na Europa. Sweet home Europa é um texto do dramaturgo italiano Davide Carnevali que João Pedro Mamede leva ao palco da Sala Estúdio do D. Maria II. Estreia esta quinta-feira e por lá fica até dia 27 de Março.

Texto que foi parar às mãos do criador português por sugestão de Tiago Rodrigues: "Gostei muito, está sempre a deslizar do plano literal para o alegórico e isso acaba por ser muito interessante para falar do problema europeu, através de abóboras, abóboras no cu, canas de pesca”, explica Mamede ainda que quase não precisasse – quem segue o seu trabalho sabe que esse deslize que o próprio sugere é fruta que nunca dispensa.

Nem ele, nem nós. É que este jardim pode ser pré-civilização e ocupado por países de discurso hábil, em esgrima intelectual; pode ser duramente actual e protagonizar jantares de negócios que decidem os destinos de vários povos; pode ser um regresso a casa, um filho e uma mãe que já só conversam porque o robalo está no forno e vai demorar.

Uma coisa é certa: ao mesmo tempo que uma série de quadros de situações – mais ou menos concretas – projectam conclusões maiores sobre o problema europeu, há um pianista (Daniel Bernardes) que contamina o discurso e que também é contaminado. Que acrescenta catarse, humor, emoções. Também há uma abóbora fálica e saída do Entroncamento, uma cana de pesca que só apanha metal e latão. É um tremendo e curioso nonsense, que parece interligar-se com uma espécie de sentido, suportado por frases repetidas durante todo o espectáculo. É o micro para o macro, o quotidiano para a consciência colectiva, é, no limite, seres humanos a tentarem comunicar: “A peça fala do problema europeu também através das relações humanas, do abismo das mesmas, o grande alcance da peça pode ser até esse: um apelo ao diálogo, à conversação”, comenta João Pedro Mamede.

Ah!, exacto, a comunicação. Essa madrasta insistente que volta não volta promove frases como: “– Estás a dizer isso em sentido figurado? – Em parte.” Claro que nesta Sweet home Europa tudo é em parte qualquer coisa e em parte outra. Tudo é Turquia, Hungria, França. Nem que seja em sentido figurado.

Teatro D. Maria II. Qua 19.30. Qui-Sáb 21.00. Dom 16.30. 6€-12€.

  • Teatro
  • Santa Maria Maior

A adolescência é isso mesmo: um parque de diversões, um sobe-e-desce, um exagero de sentimentos. É isso mesmo que a dupla Inês Barahona e Miguel Fragata quer capturar com esta Montanha-Russa. E esta dupla de criadores que sempre se focou no teatro infanto-juvenil junta-se agora a outra dupla: Manuela Azevedo e Hélder Gonçalves (autor da música original), dos Clã. E sim, este é um musical sobre a adolescência, onde o teatro e a música disputam o palco. A isto tudo ainda se junta a interpretação da sempre maravilhosa Carla Galvão. Chega.

Teatro D. Maria II. Qua 19.00. Qui-Sáb 21.00. Dom 16.00. 5-17€.

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Um D. João Português
  • Teatro
  • Grande Lisboa

A digressão da banda Luís Miguel Cintra & amigos está a chegar ao fim. Começou há um ano esta loucura de ir fazendo Um D. João Português – adaptação de D. João, de Molière, a partir de uma tradução anónima setecentista e vendida nas ruas como literatura de cordel – em quatro cidades, dividida por quatro blocos e em tremenda proximidade com o público que o quis ir discutindo. Agora que chega a Lisboa podemos ver o aglomerado de tudo isso. Sábado, os dois primeiros blocos, domingo os dois últimos. Não perca.

Teatro Municipal Joaquim Benite, Almada. Sáb 21.00, Dom 16.00. 6,5€-13€.

  • Teatro
  • Chiado

Uma senhora não fuma, diz a irmã do meio. Isto após a mais nova mostrar curiosidade perante a elegância da mais velha ao empunhar o cigarro. Claro, é sempre assim, quem está no meio leva de um lado e de outro. Em Banda Sonora – criação de Ricardo Neves-Neves e de Filipe Raposo – que estreia sexta-feira no São Luiz – há três meninas ou criaturas órfãs interpretadas em dupla, numa lógica siamesa e profundamente musical. Claro, não seria de esperar outra linguagem de Neves-Neves, sobretudo quando se une à composição de Raposo. A Orquestra Metropolitana de Lisboa ao fundo, uma floresta como lugar “tenebroso e obscuro, e que, ao mesmo tempo, é também a floresta da Disney, estão a brincar perante o perigo”, contextualiza Neves-Neves. E depois o baldio, a boca de cena, onde esta tripla de meninas malvadas em escadinha etária (8, 12, 15 anos) vem cantar ou dialogar: “O espectáculo acaba por ser muito geométrico. Tens seis canções e seis momentos de texto divididos entre três monólogos e três diálogos. Com os monólogos queria que as meninas nos explicassem porque são órfãs, como chegaram àquele sítio, e com os diálogos é o oposto, a vida normal, o quotidiano”, conta o encenador e autor do texto. E sim, andamos entre ramos e árvores, entre a malvadez da infância e a ingenuidade do crescimento, com ambiente musicais que tanto são Disney, como o quase-terror de Tim Burton ou as marchas magníficas do Senhor dos Anéis. Se acha isto vago espere para ver um texto que através de uma linguagem meio infantil sugere dissecações de sapos e é uma ode ao ridículo. Evidente. Nem todos temos de ter problemas com o ridículo.

São Luiz Teatro Municipal. Qua-Sáb 21.30. Dom 17.30. 5-15€.

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  • Teatro
  • Princípe Real

A nova peça dos Artistas Unidos, com encenação de Jorge Silva Melo e interpretação de Isabel Muñoz Cardoso, João Meireles e Pedro Carraca, leva a companhia para a companhia de Marguerite Duras. A brilhante criadora francesa agarrou-se a um crime macabro que decorreu em França para construir uma meia ficção. Em 1949, descobriu-se um fragmento humano num comboio de mercadorias, algo que se viria a repetir nos dias seguintes, em várias regiões do país. Montou-se essa tal mulher esquartejada, só não se encontrando a cabeça. E sim, a assassina confessou. Só não conseguiu explicar o motivo.

Teatro da Politécnica. Ter-Qua 19.00. Qui-Sex 21.00. Sáb 16.00 e 21.00. 10€.

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  • Teatro

O reportório contemporâneo domina a programação teatral para este mês na capital. E quando se fala de teatro contemporâneo fala-se em obras de autores, digamos, já testados. Contudo também se fala de novos textos, mais ou menos acabados de escrever e postos em cena por autores portugueses, o que é mais raro. Aqui vão 10 exemplos.

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