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©Kristin Aafloy opdan

FIMFA Lx17: 13 exemplos da vida das marionetas

De 11 a 28 de Maio, o FIMFA – Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas invade vários espaços lisboetas com uma programação rica. Fazemos zoom a 13 espectáculos: os portugueses e os outros

Escrito por
Rui Monteiro
e
Miguel Branco
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aFIMFA-lhe. arreFIMFA-lhe. Ainda que os trocadilhos com o nome pintas deste festival sejam praticamente infinitos, tratemos de levar isto a sério. O FIMFA – Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas arranca esta quinta-feira e propaga-se pelo Teatro Nacional D. Maria II, Maria Matos, São Luiz, Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, Teatro Taborda, Cinemateca Portuguesa e Livraria Ferin.

Ou seja, tudo à grande. Assim tem sido, com selo de qualidade d’A Tarumba (estrutura teatral dedicada às marionetas), nos últimos 17 anos. Esta ano, há um especial foco na abordagem francesa a esta arte cénica, com cinco espectáculos de companhias gaulesas. Destaque ainda para a estreia nacional de The Adventures of White-Man, do norte-americano Paul Zaloom, estrela maior do teatro de marionetas e de formas animadas. Até 28 de Maio tratemos de não perder o fio à meada.

FIMFA Lx17: 13 exemplos da vida das marionetas

Como um Carrossel
©Susana Neves

Como um Carrossel

Do Teatro de Marionetas do Porto, uma das companhias que mais contribui para o desenvolvimento das marionetas em Portugal, o FIMFA acolhe Como Um Carrossel, com encenação e cenografia de Isabel Barros, a partir de Como Um Carrossel à Volta do Sol, de João Paulo Seara Cardoso. Espectáculo que segue a história de uma menina que vai crescendo e percebendo cada vez mais sobre o mundo que o rodeia. 

24 e 25 de Maio, às 14.30, Teatro Taborda. 

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O FIMFA é também palco da estreia absoluta do novo solo de André Murraças. E logo para um tema como este: desvendar os fantasmas (que todos os teatros têm) do São Luiz. Para quem não conhece a história fantasmagórica deste teatro esta oportunidade é única. Irma e Emma Gramatica são duas irmãs italianas, actrizes, que em 1927 se estrearam por lá e que desde essa data o vêm assombrando. Fantasmas é um solo que também é uma sessão de espiritismo, vamos aproximar-nos das irmãs, com cautela, claro. 

12, 13 e 14 de Maio às 19.00 e 22.30. São Luiz Teatro Municipal

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Luís Vieira e Rute Ribeiro já nos habituaram ao melhor. Além de trazerem gente de muita qualidade ao FIMFA, também nos dão os seus espectáculos. Este parte de Gogol e Prévert, numa colagem de cenas, personagens míticas e referências populares que navegam entre o festival da Eurovisão e a Rússia nos anos 70, sempre com uma estética kitsch. É, no fundo, uma espécie de cadavre exquis que parte de uma premissa curiosa: o mundo está a ser dominado por loiros, de Trump a Theresa May e a Putin.

16 e 17 de Maio, 21.00. Livraria Ferin

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Madalena Marques, à imagem do que faz André Murraças, chega ao FIMFA em relação do directa com o lugar onde apresenta o seu espectáculo: o São Luiz. E esta proposta da actriz e mediadora cultural é uma espécie de espectáculo-visita guiada, onde se vai tentar conhecer os sapatos deste teatro, ou, para ser mais rigoroso, quem os calçava. No fundo, conhecer o São Luiz com um eventual cheiro menos simpático.

14 de Maio, 11.00 e 14.30. São Luiz Teatro Municipal

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Bela Adormecida

Bela Adormecida

Do Porto vem também o Teatro de Ferro. Companhia criada em 1999 por Igor Gandra e Carla Veloso e que regressa ao FIMFA para uma versão distinta da Bela Adormecida para toda a família. Esta Bela Adormecida adormeceu ininterruptamente por tantos anos que os seus sonhos, intensos, que se misturavam com a realidade e com os sonhos dos que cuidavam dela.

27 e 28 de Maio, 16.00. Teatro Taborda

FIMFA Lx17: 13 exemplos da vida das marionetas

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  • Campo Grande/Entrecampos/Alvalade

O grupo de máscaras alemão Familie Flöz é tão importante, o seu trabalho tão respeitado quão citado e copiado, que merece voltar à baila (depois de referido entre as peças de teatro a não perder em Maio), até por ser deste colectivo a responsabilidade de inaugurar esta edição com Teatro Delusio. Ou seja: “um teatro dentro do teatro”, onde entre “ilusão e desilusão, o palco é voltado do avesso”, os “géneros teatrais são realizados por uma ópera opulenta e o combate de espadas selvático apresentado por uma cabala a sangue-frio até uma cena de amor ardente.” Tudo isto para quê? Ora, para reflectir “grandes conceitos de amor, poder e morte” – tema aliás recorrente no seu trabalho e, em grande medida, além do extraordinário domínio da técnica de máscara, razão do seu prestígio.

11, 12 e 13 de Maio às 21.30. Teatro Maria Matos

  • Teatro
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Para quem duvida que o teatro de marionetas não é só nem principalmente destinado a crianças, recomenda-se esta peça dos chilenos Teatro y su Doble. Inspirada em A Noite dos Feios, do escritor Mario Benedetti, com dramaturgia de Guillermo Calderón, a encenação de Aline Kuppenheim (com Ricardo Parraguéz, Ignacio Mancilla, Catalina Bize e Gabriela Diaz de Valdês) diz logo que vem tratar da discriminação quando introduz as personagens. Assim, este homem e esta mulher, feios, defeituosos de físico, definitivamente fora do padrão, evidentemente sós, encontram-se na fila do cinema e por portas travessas ultrapassam inibições apresentam-se e, mesmo que a coisa não corra propriamente como previsto, partem à procura da “luz no fundo do túnel.”

12 e 13 de Maio às 21.00; 14 de Maio às 17.30. São Luiz Teatro Municipal – Sala Mário Viegas

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  • 5/5 estrelas
  • Museus
  • Campo Grande/Entrecampos/Alvalade
  • Recomendado

Ponham-se as coisas as assim: “circo, teatro de objectos, dança e marionetas.” Mais: uma “pincelada de Kantor, uma evocação a Calder e os seus ares burlescos”. Já agora: “malabarismo, acrobacia, funambulismo, magia.” E aqui está, directamente de França, o Petit Théâtre de Gestes apresentando o seu Bêtes de Foire. Criação de Laurent Cabrol e Elsa De Witte, acompanhados na pista por Sokha, que, neste espectáculo, montam um circo como deve ser. Pelo menos na imaginação, quer dizer, uma ilusão, uma mentira branca carregada de magia e humor, com “maquinaria lírica” e ainda um homem-orquestra, uma costureira de fantasias e adereços, e até um palhaço pós-moderno convivem nesta produção a que não faltam truques sonoros e visuais.

13, 14, 20 e 21 de Maio às 19.00; 18 e 19 de Maio às 21.00. Tenda no Museu de Lisboa – Palácio Pimenta

  • 4/5 estrelas
  • Teatro
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Agora, pela, digamos, mão da direcção artística, da coreografia e da cenografia de Phia Ménard, da companhia francesa Non Nova, e da interpretação de Jean-Louis Ouvrard, uma coisa tão completamente diferente como um bailado aéreo para sacos de plástico. Pois. Acontece, então, graças a uma bateria de ventiladores estrategicamente colocados, que o espaço se enche de pequenos seres capazes de dançar e voar ao som da música de Debussy, enquanto no solo, um marionetista se aventura e interage com as “marionetas movidas por correntes de ar.”

18 e 19 de Maio às 10.30 e 14.30; 20 e 21 de Maio às 11.00 e 16.00. São Luiz Teatro Municipal – Sala Mário Viegas

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  • Teatro
  • Santa Maria Maior

Humor corrosivo como ácido, capaz de confundir os mais instalados códigos e, sem hesitar, mostrar como a sociedade política no Ocidente é uma colecção de falhanços e hipocrisias… Isso é aqui, com Paul Zaloom, experiente e prestigiado marionetista norte-americano, apresentando-se neste espectáculo com texto, dramaturgia, construção de marionetas e cenografia de Lynn Jeffries, e encenação e textos adicionais de Randee Trabitz. E isto para quê? Para zurzir a sociedade através do relato da dificuldade de “White-Man, um herói intergaláctico caucasiano”, que deixou o seu planeta, Caucazoid, “e viaja pelo espaço para vir ‘civilizar’ a Terra.” Imagina-se a trabalheira…

19 de Maio às, 21.30; 20 e 21 de Maio às 19.00. Teatro Nacional D. Maria II – Sala Estúdio  

  • Teatro
  • Campo Grande/Entrecampos/Alvalade

É uma peça, esta, apresentada pelo grupo franco-norueguês Plexus Polaire, em que actores e marionetas do tamanho de pessoas se reúnem com projecções de vídeo criando um “espectáculo poético e brutal sobre a alma humana e as suas constantes oscilações entre criação e destruição”, a partir do romance de Gaute Heivoll, Before I Burn. A encenação de Yngvild Aspeli para a peça que criou com Pierre Tual e Amador Artiga, interpretada pelos actores-manipuladores Viktor Lukawski, Alice Chéné e Andreu Martinez Costa, introduz a história de “um incendiário que assola a aldeia Finsland, no sul da Noruega, nos anos 70” do século passado. Porém, por detrás dos incêndios “que se multiplicam”, há um drama mais profundo e pessoal onde se pode muito bem questionar a lucidez, ponderando a possibilidade dos humanos frequentemente descarrilarem no caminho da loucura, revela-se uma história mais íntima.

20 e 21 de Maio às 21.30. Maria Matos Teatro Municipal  

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  • Teatro
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O nome, por assim dizer, de Renaud Herbin, feito na sua França natal mas também por outras paragens mais ou menos cosmopolitas, é uma consequência da sua nova abordagem à técnica principal do teatro de marionetas, isto é, a manipulação através de fios. Evocando Samuel Beckett, de quem O Despovoador serviu de inspiração na construção do seu espectáculo, Herbin, a uns bons três metros do chão, utiliza os longos fios para dar vida à sua personagem nesta história entre a metafísica e comicidade.

22 e 23 de Maio às 19.00 e 21.00. São Luiz Teatro Municipal – Sala Mário Viegas

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Mais uma vez de França, mas agora com a companhia La Pendue, surge, diz-se, um “espectáculo mágico, poético e burlesco, com música ao vivo”, onde as “metamorfoses de uma vida são expostas diante dos nossos olhos de uma forma dinâmica, delirante, incomum e alucinante!” Nem mais, com ponto de exclamação e tudo, Estelle Charlier e Martin Kaspar Läuchli, dirigidas pelo encenador Romuald Collinet, querem mostrar ao espectador a vida como ela é, em versão dada à poesia, do nascimento até à morte, “passando pela infância e pelo amor”, apesar do “implacável reinado das três Parcas, que presidem os nossos destinos.”

26 e 27 de Maio às 21.00; 28 de Maio às 17.30. São Luiz Teatro Municipal – Sala Mário Viegas

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