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©DR

Seis peças a não perder na XIX Festa do Teatro de Setúbal

De sexta a 27 de Agosto, Setúbal acolhe a XIX Festa do Teatro. Festival que é um dos grandes acontecimentos culturais da cidade. Escolhemos seis espectáculos imperdíveis

Escrito por
Miguel Branco
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Setúbal sempre foi igual a luta. Sempre foi lugar de resistência, de bater o pé, de ousar ter aquilo a que se tem direito. Talvez por isso, quando o antigo Festival de Setúbal acabou, no início da década de 80, brotou um vazio que convinha (pelo menos assim pensou o Teatro Estúdio Fontenova) preencher. A estrutura que viria a fundar a Festa do Teatro em 1995, aí já com dez anos de existência, tem sido o grande percursor do teatro no concelho. E é a mesma que carregou esta festa às costas, às cavalitas, em modo carrinho de mão, até à XIX edição. É essa que arranca esta sexta-feira, em vários pontos de Setúbal, por onde fica até dia 27 com espectáculos nacionais e internacionais e um lote digno de actividades complementares.

Bom, tratemos de esclarecer as contas. É que pode bem dar-se o caso de ser rápido a fazer contas de cabeça e de já se ter apercebido que se o festival começou em 1995 não pode apenas ter dezanove edições. “Sim, já houve alguns interregnos, sobretudo por falta de financiamento. A Festa fez-se de 1995 a 1998, onde parou. Voltou em 2001 e parou novamente. Mas desde 2004 que temos feito sempre”, refere José Maria Dias, director artístico do festival e do Teatro Estúdio Fontenova desde a sua génese. Homem que viu a cidade mudar, moldando-se a esta proposta cultural, que é hoje um dos maiores acontecimentos culturais de Setúbal. “As pessoas iam a Lisboa ver teatro e achámos que Setúbal precisava de algo assim. Hoje há pessoas em Setúbal que vêm de fora para passar estes dias na cidade, que marcam férias nestes dias para estarem disponíveis para o Festival. O público tem sido a razão da sua continuidade”, explica. 

E que continua a todo o gás. Este ano, entre espectáculos, concertos, tertúlias, circo, há mais de trinta sessões para setubalense (e todo o interessado cultural que quiser aparecer) ver. Paralelismos à Festa do Teatro, que transborda dos palcos para as ruas, que transfigura a paisagem da cidade nestes dias: “O Festival não se restringe só ao teatro, é bom que se entenda isto. Temos curtas-metragens, exposições, concertos, dança, temos várias disciplinas que trazem agitação a Setúbal. É claro que continua a não ser fácil programar algo deste género com os fundos que temos, mas cá nos vamos aguentando, com muita resistência das pessoas que o erguem”, conta. 

Para 2017, há dez espectáculos a concurso na Secção Oficial da Festa do Teatro. São seis produções portuguesas, duas espanholas, uma italiana e uma brasileira. 

Voz dos Pássaros

A grande produção da casa, o Teatro Estúdio Fontenova, recupera o texto de Fariq Ud-Din Attar que toma a humanidade como o real Deus. É um poema épico e filósofo, com encenação do director artístico da companhia e da Festa do Teatro, José Maria Dias. A interpretação fica a cargo de Cátia Terrinca e Eduardo Dias.

Sex-Sáb 22.00. Teatro Estúdio Fontenova. 8€.

A Salto Alto – Entre Gentilezas e Extermínios
©Aline Macedo

A Salto Alto – Entre Gentilezas e Extermínios

Com uma elevada perspectiva circense, A Salto Alto – Entre Gentilezas e Extermínios, da companhia brasileira Circo no Ato, traz a palco sete pessoas que, tendo acesso a uma outra realidade e possibilidade de vida, se isolam do modo de vida mais tradicional que conhecemos. Esperam-se malabarismos.

Qua (dia 23) 22.00. Fórum Municipal Luísa Todi. 8€.

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Três Irmãs
© João Catarino e Vitor Coragem

Três Irmãs

Com texto de Luísa Monteiro, Valério Romão e Rui Pina Coelho, Três Irmãs é uma peça da estrutura UmColectivo, que nos dá três irmãs, juntamente com as suas lutas, desventuras, indecisões. Interpretadas pela maravilhosa Cátia Terrinca, o espectáculo é uma espécie de matrioska por adivinhar.

Ter (dia 22) 22.00. Auditório da Escola Sebastião da Gama. 8€.

Samsara

No Largo do Sapalinho, Rui Paixão, que criou e interpreta o espectáculo, celebramos Samsara, de Godot. Que é, no fundo, uma celebração de libertação em modo ritual performativo. A cenografia ficou a cargo de João Pinto. Coisa divertida e introspectiva.

Sáb 22.00/23.45. Largo do Sapalinho.

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Naveneva
©Marco Caselli Nirmal

Naveneva

Entre a dança e o teatro está Naveneva, espectáculo que a Compagnia Naturalis Labor traz à XIX Festa do Teatro. Em palco, há uma cave escura com três alquimistas que acabam de descobrir um novo mapa. O navio que os suporta, suporta também todas as suas peripécias. Naveneva é uma aproximação a Atlântida.   

Sex (dia 25) 22.00. Fórum Municipal Luísa Todi. 8€.

Hamlet
© Luis Castilla

Hamlet

Hamlet será sempre Hamlet. Isto é: será sempre um dos textos mais representados por esse mundo fora, como será sempre um dos mais textos mais difíceis de representar em qualquer palco. Shakespeare não é para qualquer um, mas é, claramente para o Teatro Clasico de Sevilha, que com este espectáculo de 2015 ganhou quase todos os prémios teatrais em Espanha.

Dom (dia 27) 22.00. Fórum Municipal Luísa Todi. 8€.

Mais Teatro

  • Teatro

Agosto é um mês calmo em Lisboa. Mas nem tudo fecha para férias. No teatro, por exemplo, sai-se das salas para o ar livre e a fantasia continua em cenário menos habituais. A oferta é mais curta, é certo, mas entre Dostoiévski e Pessoa ainda há lugar para Jarry e um par de originais.

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