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Nêspera no Cu
© Duarte Drago

Uma Nêspera no Cu: eles estão de volta e a palermice não tem limites

Um simples podcast com menos de 20 episódios tornou-se um fenómeno que esgota coliseus. Falámos com Bruno Nogueira, Filipe Melo e Nuno Markl sobre Uma Nêspera no Cu – O Musical".

Cláudia Lima Carvalho
Escrito por
Cláudia Lima Carvalho
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Uma Nêspera no Cu, o podcast de Bruno Nogueira, Filipe Melo e Nuno Markl, apareceu em 2015 e se passasse na televisão não se ouviria nem metade, de tantos pis que obrigaria a ter. É uma espécie de jogo, “preferias isto ou aquilo”, uma palermice sem quaisquer filtros ou vergonhas, só disparates, uma pitada de javardice e algum desconforto. Mas a pergunta impõe-se: quando uma palermice esgota coliseus, podemos continuar a considerá-la apenas uma palermice?

Nuno Markl: É uma coisa que nos inquieta a nós desde o início.
Bruno Nogueira: Será que nos tem de inquietar a nós ou a quem comprou o bilhete? Porque para nós está tudo certo, está a entrar [faz gesto de dinheiro com os dedos].
NM: Bem visto.

Ora, esta não é a primeira vez que os três sobem ao palco do Coliseu, já o fizeram com sessões esgotadas em 2016, mas é a estreia depois de terem dito adeus. Eles dizem que acabaram quando sentiram que a Nêspera se tornou uma obrigação e os dilemas já não eram frescos. Mas ei-los de volta.

BN: Eu dá-me sempre muita vergonha os artistas que dizem: pessoal, acabou a minha carreira. E de repente, passados dois anos: oi, a ver se ainda pinga algum.
NM: Mas repara, o David Bowie fez isso.
BN: E olha onde ele está agora.
NM: Também é verdade. Com essa calaste-me.
Filipe Melo: Os Stones fizeram isso.
BN:Está bem, mas eu dá-me muita vergonha. Acabou, nunca mais, foi bom enquanto durou. Ah, afinal, esqueci-me de dizer uma coisa.
NM: Tínhamos acabado em grande. É sempre melhor acabar quando deixamos saudades do que estarmos a remoer e as pessoas já não quererem mais nada com isto.
FM:Isto está a ser altamente para promover o espectáculo.

E foi para eles promoverem o espectáculo que nos sentámos à conversa com Nogueira, Melo e Markl. Mas tal como na Nêspera, também nesta conversa não houve grande sentido, até porque eles pouco (ou nada) podem revelar sobre os espectáculos, a que até já acrescentaram duas datas extra. Tal como em 2016, quando houve Cristina Ferreira ou Ricardo Araújo Pereira, estão prometidos convidados surpresa. A novidade é mesmo o formato: um musical.

FM: Por que não? Uma Nêspera no Cu, um musical soava bem. Portanto optámos por esse título e depois chegou a altura em que tivemos de pensar: ok, agora de facto isto vai ter de ter um elemento musical qualquer.
FM: Como sabem, há pouco tempo estreou o musical do Harry Potter na Broadway e nós tínhamos de dar uma resposta, não é?
NM: Ah, foi por isso…
BN: Não falámos contigo sobre isso?
NM: Vocês já não falam comigo.
FM: Também não vamos ficar atrás.
BN: Sim, e eu acho que eles estão ansiosos por ver isso e muito receosos também.

Coliseu de Lisboa. Ter, Qua, Sex e Sáb 21.30. 9,38€-20,64€

E se fosse consigo?

Luís Leal Miranda criou três dilemas à medida de Lisboa

BN: Podemos reagir dizendo: isto não presta?
NM: É do Luís (Leal Miranda). O Luís é o maior.
BN: O teu cunhado é o namorado da tua irmã?
NM: É sim senhor.
BN: E agora? Eu tenho de ter empatia por ele?
NM: Vais ter de dizer bem senão vamos ter uma chatice.

Dilema 1

Preferias nunca ter trocos para o parquímetro, sendo obrigado a ir levantar dinheiro e a seguir ir beber um café para trocar a nota. Durante o tempo que demora a operação um fiscal da EMEL multa-te. Ou ser atingido por caca de pombo de cada vez que saísses à rua com uma peça de roupa nova. Pode até ser uma nova camisa interior, o pombo caga- -te na mesma. E não podes limpar, tens de continuar o teu dia com caca no ombro e a única desculpa que podes usar é “isto foi o bolsar de um bebé”.

BN: Bom, não é brilhante. Queres que diga que é brilhante? Dá que pensar. Ou não.
NM: Dá que pensar.
BN: A caca de pombo no ombro.
NM: Eu escolhia a caca de pombo. Assim como assim, já sou desmazelado.
FM: E podes dizer que foi um bebé.
NM: E as pessoas perguntariam: mas o teu filho não tem nove anos? E eu diria, sim, mas ainda bolsa.
FM: Isso era tão bom, se o teu filho ainda bolsasse.
BN: Se ainda mamasse!

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Dilema 2

Preferias ter o metro a chegar sempre à plataforma no exacto momento em que tu estás a chegar. Pontualíssimo, como um relógio. Zero esperas. Mas, o metro está sempre cheio e tu tens de te sentar ao colo de um sexagenário que, nos dias terminados em “A”, tem uma erecção volumosa. Ou ter de esperar sempre dez minutos ou mais, mas ter sempre lugar sentado e espaço à frente para estender as pernas. Só que durante esses dez minutos tinhas de ouvir um grupo de cantores a cappella a ensaiar “O Amor Não Tem Idade” do Toy enquanto todas as pessoas à tua volta aproveitavam para cortar as unhas e/ou comer sandes de panado.

BN: Ai. Estás a ver o que estou a dizer? Não estás de acordo comigo, mesmo sendo teu cunhado? É tipo, percebes? O que é que é o panado?
FM: Vamos cá ver, a coisa estava boa, mas depois houve aquela coisa tipo quando tens uma comida e depois de repente há várias opções.
BN: Sim, e metes merda.
FM: Mas a base está boa.
NM: Atenção, os meus dilemas são um bocado assim, são os que cansam o Bruno.
BN: Eu queria a segunda. Não quero estar a levar com uma erecção.
FM: Mas tens o coro a ensaiar.
BN: Está bem e preferes levar com uma erecção?
FM: Prefiro.
NM: Porque é uma erecção não invasiva.
BN: Ah, é um altinho.
NM: É um altinho porque o senhor ainda por cima, sendo sexagenário já não seria uma erecção…
BN: Sabes lá. Está bem, vou ao colo do senhor. Também para lhe dar um quentinho. O que é que ele pode ter mais alegre no dia?
NM: Era quase uma missão de bondade e solidariedade. Acho que também aguentava a erecção. Aguentamos todos a erecção?
BN: Aguentamos, pois. Até podemos tratar daquilo.

Dilema 3

Preferias arranjar sempre lugar para estacionar exactamente em frente ao sítio onde queres ir (casa, trabalho), mas em contrapartida estares obrigado a pisar toda a caca de cão que visses no passeio. Ou nunca mais pisares caca no passeio – podes andar à vontade sem olhar para o chão – mas de cada vez que julgas que há um lugar livre para estacionar está lá um Smart.

BN: Luís, este é bom. Os outros, tenho dúvidas.
FM: Nós já tínhamos tido esta discussão, a coisa mais irritante do mundo é quando uma pessoa está a tentar encontrar um lugar…
NM: Eu odeio. Aliás, eu uso o facto de ter um programa de rádio de grande audiência para dizer às pessoas: pá, não enterrem os vossos Smarts para dentro dos lugares. Tenham a bondade de o deixar à vista. É uma questão de respeito. De humanidade.
FM: É verdade. Dá para fazer disto o cabeçalho do que é que esta notícia seja? Ponham os smarts um bocadinho para trás. E é preciso fazer qualquer coisa sobre as trotinetes. Agora as pessoas deixam as trotinetes deitadas…
NM: No outro dia, eu estava a desabafar sobre a minha vida e o Filipe interrompeu o desabafo para se revoltar. Estava a abrir o meu coração para ele e ele ficou super-irritado com as trotinetes.
BN: Eu acho que é perigoso, pá. É preciso ter alguma espécie de noção que se está numa estrada.
NM: Sim, mas há muita gente que usa as ciclovias para as trotinetes. Lisboa está muito bem servida de ciclovias.
BN: Frase mais idosa que tu disseste na tua vida: Lisboa está muito bem servida de ciclovias. É isso e postos médicos.
NM: Eu já não vou para novo.
BN: Foda-se, até fiquei triste. Senti o céu muito nublado aqui de repente e uma pessoa a chorar por dentro.

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