Herdade da Ribeira de Borba
Herdade da Ribeira de Borba

A tranquilidade da Herdade da Ribeira de Borba

Um turismo rural onde se pode descansar, contemplar a natureza e fazer uma viagem duplamente interior. Fomos ver o que se passa em Vila Viçosa.

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Tivesse uma flauta e era um encantador de rebanhos. Sem a flauta, mas empoleirado numa espécie de trapézio suspenso, Martin O’Connel segurava uma ovelha entre as pernas, sem fazer qualquer força ou pressão, cantando umas palavras imperceptíveis para acalmar (ou seduzir) o animal. Tranquila, a ovelha esperava que a técnica do tosquiador – um apaixonado por isto de tirar a roupa a ovinos e que tem a sorte de o fazer em vários sítios do mundo, da Escócia à Suíça, passando por alguns “championsheeps” australianos – a deixasse mais leve para enfrentar o calor. Em cinco minutos, o neozelandês retirou o pêlo todo numa única peça, como aqueles tapetes sintéticos do IKEA, mas em bom.

Dar um salto a Vila Viçosa

“Queremos manter o espírito que já existia e trazer novos programas para a Herdade da Ribeira de Borba”, explica Andreia Marques, filha do dono. A tecedeira de Lisboa, responsável pelo projecto SLOW (www.slow.tictail.com), quer organizar workshops ligados às manualidades, como o ciclo da lã, daí ter convidado Martin a vir mostrar a sua técnica e a sua máquina suspensa pouco habitual por estas paragens.

Para Novembro, está garantido um outro curso, mas de desenvolvimento pessoal, com a formadora Ana Alpande, exclusivamente destinado a mulheres e que também se centra em trabalhos com lã.

Conta-se que, durante o período romano, e para quem se aventurasse numa viagem a pé entre Évora e Vila Viçosa, os terrenos desta herdade marcavam um dia inteiro de caminhada. No período actual, aquele que segue o Google Maps, a mesma viagem demora 12 horas e sete minutos, o que revela que, embora o calçado tenha evoluído da sandália de atar até ao joelho para uns ténis de tecnologia avançada, na prática, continuamos a gastar o mesmo tempo que os senhores que inventaram a numeração mais rebuscada da história. Passando o fait-divers, e sabendo nós que o mais provável é fazer a viagem num transporte motorizado, explicamos por que vale a pena visitar este refúgio na natureza.

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Desde 2005 que a Herdade da Ribeira de Borba está de portas abertas, mas em Junho ganhou outros donos que  trouxeram com eles novas ideias a um espaço que já se dedicava a actividades mais tranquilas, como meditação e yoga. Como em equipa que ganha não se mexe, vão manter os retiros, com o próximo a acontecer já a 5 de Outubro, e a receber um grupo de yoga para um ciclo de conferências e práticas que irá durar três dias. Mas antes, a 22 de Setembro, há um visionamento astronómico conduzido por Filipe Lisboa, altura ideal para testar a longa exposição da sua máquina fotográfica e captar o maravilhoso céu alentejano.

Quando pegou no espaço (não no sideral, mas no da quinta), a família Marques aproveitou para renovar os quartos e a sala de jogos, erguer dois domes (aquelas tendas que fazem lembrar iglus) e alargar o parque de bicicletas, com a compra de cinco novos veículos eléctricos, ideais para passeios em grupo.

A quinta tem campo que nunca mais acaba, e ainda duas piscinas (uma delas infinita), duas casas (uma com jacuzzi no terraço) e 10 quartos independentes. Estes podem esticar de tamanho através de um sistema de portas deslizantes que permitem fundir dois quartos num só.

Além da serventia da cozinha e de uma sala de estar, a Herdade da Ribeira de Borba garante refeições que privilegiam tudo o que está ali à mão.

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Para comer

Terra de sim ou sopas, aqui pode experimentar o caldo com tomate, batata, cachola, beldroegas, cação, cebola ou a típica sopa da panela (com toucinho, galinha, pão e chouriço). Experimente comer algumas  no Pipo (Largo D. João IV, 18. 96 998 4647) ou na Taverna dos Conjurados (Largo 25 de Abril. 268 989 530).  Os Cucos (Mata Municipal. 268 980 806), um restaurante que fica na Mata Municipal, rodeado por árvores e vegetação, privilegia a cozinha tradicional portuguesa, como é o caso dos pratos da casa: cação de cebolada e migas de espargos com carne de alguidar.

Para fazer

Estando perto de Vila Viçosa é obrigatório visitar o Paço Ducal (Terreiro do Paço, Vila Viçosa), mandado construir por D. Jaime, 4º Duque de Bragança, em 1501. Durante o mês de Setembro pode ver, entre outros, as carruagens e berlindas do século XVIII ou a Tapada Real – o maior espaço amuralhado do país – de quarta a domingo entre as 10.00 e as 18.00, e terças entre as 14.00 e as 18.00.

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