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Herdade da Matinha

Herdade da Matinha: lição de vida no gerúndio

Junto ao Cercal do Alentejo, escondido atrás dos montes, há um lugar de calma feito para se ir estando. Sentimo-nos a chegar a casa e em menos de 24 horas atingimos o nível zen da ‘sossega’.

Escrito por
João Pedro Oliveira
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Na melhor parte do dia, só se ouvem os pássaros. Quando se calarem os pássaros, hão-de ficar as cigarras. E se acaso também elas se calarem, o mais certo é que comece a ouvir o som da própria barba a crescer. Na Herdade da Matinha há uma promessa de sossego que nos recebe à chegada e se cumpre à medida que o vagar se instala em nós. Estamos um pouco além do Cercal do Alentejo, três quilómetros de terra batida campo adentro, num refúgio acoitado entre montes. Só se chega aqui de propósito, só se sai daqui contrariado.

Herdade da Matinha

A Herdade da Matinha é um turismo rural aconchegado por uns cem hectares de sobro, oliveiras e um pinhal de 14 mil árvores que foram sendo plantadas à medida que se foi erguendo a casa principal e foram multiplicando os 22 quartos que hoje ocupam o lugar da velha casa do lavrador, da vacaria e do celeiro que aqui existiam. Em breve, talvez lá mais para o fim do ano, serão 34. Sobre as estruturas originais, Alfredo e Mónica começaram a desenhar tudo isto em 1994. Explique-se que isto de tratar os proprietários pelos nomes próprios – ao Alfredo Moreira da Silva, que sabemos ser artista plástico de formação e chef por vocação, e à Mónica Beleza, de quem sabemos vagamente que já trazia alguma experiência do turismo – não é excesso de intimidade: com ele não falámos mais de dois minutos, ela nem tivemos ainda o prazer de a conhecer. Mas é assim que tudo acontece aqui, pelo mais simples e informal. E ninguém nunca usa mais que um nome para falar de si mesmo, do Alfredo, da Mónica ou da Vera, que aqui aprendeu a montar quando tinha 10 anos e que hoje, mulher de 19, vem todas as semanas de Lisboa para tratar dos cavalos e neles passear quem quiser. Ou de qualquer uma das 26 pessoas que aqui trabalham. Na recepção apresenta-se a Carla, na sala de restaurante a Anne, o David na cozinha, a Marta à frente das operações, a Teresa no estúdio a dar aulas de yoga e a Boneca por todo o lado, que nesta casa até a cadela é demasiado tranquila para estar presa. Tudo na Matinha se anuncia assim desde o primeiro momento, familiar ao ponto de quem chega pela primeira vez ter a sensação de estar de regresso. 

Toda a casa é orientada para esse conforto apesar da decoração obstinada pelo detalhe – ou talvez por causa dela. Não há dois quartos iguais, dois recantos repetidos. Não há nada fora do lugar, mas tudo serve para ser vivido. Das salas de estar interiores às salas comuns exteriores, dos espaços de descanso sob os telheiros à cozinha e à sala de restaurante em formato casa de amigos.

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Um espaço zen
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E no entanto, nada disto hipoteca o espaço vital que é devido a cada um e o sossego prometido a todos. O que poderia ser o grande inconveniente da Matinha é, aliás, o seu maior sucesso e razão de espanto: no mesmo lugar oferecem-se condições ideais para casais em retiro, famílias com gaiatos atrelados ou gente que não é capaz de deixar os bichos em casa. Estranho? É. Mas funciona. Das tipologias dos quartos à sua localização; da forma discreta como se arrumam os hóspedes na sala de refeições consoante a tribo, à diversidade de zonas de estar; das salas com lareira para isolar o frio aos recantos de alpendre para abraçar o calor; tudo está pensado para agradar a gregos e troianos no conforto de uma casa comum que não obriga ninguém a conviver.

Aqui há sempre um alpendre, um sofá espalhado no campo ou qualquer outras nesga de refúgio de tudo e de todos. Um canto só nosso, para estar e viver no gerúndio, até atingir o nível zen da sossega. 

Como chegar
Siga pela A2, saia para Sines, tome a direcção do Cercal. Passando a vila, siga as placas por 3 km de terra batida. 

Preços
Quartos a partir dos 85€

GPS

Para comer

Pelo menos por um dia, esqueça o carro estacionado e deixe-se de ideias quanto a sair daqui. Verá como é tremendamente fácil seguir este conselho. Para isso, tem o restaurante da casa – aberto ao exterior, basta reservar, fica a dica – que já era afamado pela mão autodidacta de Alfredo, e se renova agora com a mão cientificamente treinada do jovem chef David Proença, desenhando uma carta que persegue os sabores locais no seu tempo próprio. Das hortas biológicas da Matinha vão chegando já alguns dos ingredientes. O resto vem deste Alentejo abençoadamente plantado junto ao mar. O menu do dia (entradas, dois pratos, sobremesas) fica a 28€ ou a 19€ (menos um prato). Do nosso constava o borrego que já se preparava pelo menos umas cinco horas antes e nos namorou o nariz à chegada. Chegou perfeito, desfeito, delicado, entre notas de hortelã, gengibre e beringela, ao lado de um puré subtil de couve-flor. Depois um filete de robalo artilhado de umas migas levíssimas, que eram afinal uma açorda alentejana disfarçada. Tudo para memória futura, sobremesa incluída. A carta de vinhos transpira conhecimento e cuidado. Mas não se choque por em pleno Alentejo as preferências irem para o Douro.

Para fazer

O cartaz de actividades também ajuda a não querer ir a parte alguma. Se o sossego degenerar em aborrecimento, há workshops de cozinha e artes para entreter miúdos (20€), passeios a cavalo para entreter qualquer um (30€), aulas de yoga pela manhã (15€), cestos de piquenique (22€) para ir vadiar pelo campo adentro e várias massagens para ajudar a descer à terra (55€ a 60€). E há os trilhos de caminhada que o podem levar até ao mar: a bom passo, em menos de duas horas mete-se em Milfontes sem ver um carro pelo caminho.

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Ovar

Em Ovar o Carnaval é uma espécie de Queimas das Fitas em ácidos. Muito além dos tradicionais desfiles de máscaras, dos cortejos sénior e infantil, é no Espaço Folião que a festa verdadeiramente acontece. Espectáculos de Samba, Pagode, Axê, Dj Sets até de madrugada, Nelson Freitas e Quim Barreiros são algumas das propostas musicais que animam a semana mais louca da cidade. O rei do Carnaval já foi apresentado a 16 de Fevereiro e promete voltar no dia 1 de Março aquando da abertura oficial das festas e depois outra vez durante os Grandes Corsos Carnavalescos de 3 e 5 de Março, aos quais se juntam na Avenida Sá Carneiro dois mil figurantes, 14 grupos de foliões e respectivos carros alegóricos. Embora haja muita coisa a acontecer na rua, este é um Carnaval organizado e mais ou menos à porta fechada, o que implica a compra de bilhetes para cada uma das actividades do programa. O desfile nocturno das escolas de Samba e o baile de máscaras ficam por 5€; um lugar de bancada para o Grande Corso de domingo por 13€ e a pulseira de acesso livre ao Espaço Folião por 10€.

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Funchal

Pensar no Carnaval da Madeira é ter imediatamente na cabeça a imagem de Alberto João Jardim de fraque de lantejoulas púrpuras e verdes a tocar tambor no meio da multidão. O antigo presidente do governo regional da Madeira já não preside às festas mas a festa continua com a euforia do costume. Ele é carros alegóricos, escolas de samba, porta-bandeiras, arruadas, bailes de máscaras e actividades tradicionais que recriam os antigos assaltos em que grupos de mascarados entravam pela casa dos amigos à espera de comida e bebida para dar início à noite. No fundo é uma espécie de Páscoa na aldeia sem a vertente religiosa. A 5 de Março, dia de Carnaval, o cortejo tem um carácter universal e está aberto a quem se quiser juntar desde que devidamente vestido a rigor. Na escolha do disfarce vale tudo, o importante é participar. Por ser tipicamente uma festa de rua, as actividades relacionadas com o Carnaval do Funchal são de acesso gratuito. Começam oficialmente dia 1 de Março e prolongam-se até ao fogo de artifício de encerramento no dia 10.

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À excepção do clima radicalmente diferente, o Carnaval de Torres (Vedras) não fica nada atrás do do país irmão em qualidade ou empenho. Tal é que mesmo sendo uma efeméride com data marcada no calendário, em Torres o Carnaval acontece quando tem de ser e este ano decidiu-se que seria a 9 de Fevereiro com a inauguração de uma estátua em homenagem... ora adivinhe!... isso mesmo, ao Carnaval. Festa rija só mesmo a partir de 1 de Março, dia dos primeiros desfiles e bailes de máscaras, da entronização dos reis e do primeiro bailarico. Depois a partir daí e até dia 6 o disco vai girando e tocando mais ou menos o mesmo – com o hino oficial, o Samba da Matrafona, em loop infinito. A parte boa da festa acontece na rua mas para ter acesso ao recinto dos corsos o bilhete geral fica por 12€ e o passe diário por 6€.

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  • Grande Lisboa

Sesimbra

O Carnaval de Sesimbra está para Portugal como a Marquês de Sapucaí para o Brasil. Desde Janeiro que as escolas de samba e axê andam na rua a acertar os passos para o grande dia, o que faz com que seja perfeitamente normal a pessoa ir na sua vida de todos os dias e dar de cara com meia dúzia de bailarinas com penas na cabeça bamboleando- -se a um ritmo frenético e alheias aquempassa. É só no dia 5 de Março que tomam conta da Avenida 25 de Abril mas até lá tem de estar tudo bem ensaiado e o material bem testado. O Carnaval em Sesimbra é sagrado e quem não fizer parte do grupo de foliões que troca o disfarce todos os dias (nem que seja só para ir ao café) está fora do jogo. Então e se chover? Não muda nada. O frio é um estado de espírito e não há memória de alguma vez ter impedido uma festa de acontecer. A diferença é que em Sesimbra, faça chuva ou faça sol, as ruas enchem-se de gente, muita vinda de fora, a dizer adeus, a mandar beijinhos e a tentar segurar os miúdos para não os perder entre os ursos e as Elsas e os piratas, e é bonito de ver. Mas para perceber o espírito terá de se juntar à festa e partilhar da euforia geral, condição que apenas exige que se divirta como se não houvesse amanhã, até de manhã e durante uma semana seguida. Parece fácil. Não é. Mas vale a pena tentar.

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Odeia o Carnaval?

Calma. Se para si o Carnaval só funciona lá longe a uma distância de segurança que garante a ausência de balões, confétis, serpentinas e foliões, a nossa sugestão é que se afaste o mais possível das cidades costeiras e que fuja para o interior do país. E já que é para ser, suba até à Serra da Estrela e dirija-se à Casa das Penhas Douradas Hotel Design & Spa. A 1200 metros de altitude é pouco provável que tenha de se cruzar com a euforia do Entrudo, mais não seja porque a neve não oferece grandes condições para festas ao ar livre. Aproveite a piscina interior panorâmica, as mantas de burel queaquecemassalaseosquartos,o lanchinho que todos os dias é servido na sala de jantar e a lareira que se acende ao fim do dia para acompanhar um copo de vinho ou um gin. Para jantar não tem de se mexer, basta dirigir-se à recepção, consultar a ementa do dia e escolher uma das modalidades de menu de autor desenhadas pelo chef Luís Baena.

 

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