A Herdade da Matinha é um turismo rural aconchegado por uns cem hectares de sobro, oliveiras e um pinhal de 14 mil árvores que foram sendo plantadas à medida que se foi erguendo a casa principal e foram multiplicando os 22 quartos que hoje ocupam o lugar da velha casa do lavrador, da vacaria e do celeiro que aqui existiam. Em breve, talvez lá mais para o fim do ano, serão 34. Sobre as estruturas originais, Alfredo e Mónica começaram a desenhar tudo isto em 1994. Explique-se que isto de tratar os proprietários pelos nomes próprios – ao Alfredo Moreira da Silva, que sabemos ser artista plástico de formação e chef por vocação, e à Mónica Beleza, de quem sabemos vagamente que já trazia alguma experiência do turismo – não é excesso de intimidade: com ele não falámos mais de dois minutos, ela nem tivemos ainda o prazer de a conhecer. Mas é assim que tudo acontece aqui, pelo mais simples e informal. E ninguém nunca usa mais que um nome para falar de si mesmo, do Alfredo, da Mónica ou da Vera, que aqui aprendeu a montar quando tinha 10 anos e que hoje, mulher de 19, vem todas as semanas de Lisboa para tratar dos cavalos e neles passear quem quiser. Ou de qualquer uma das 26 pessoas que aqui trabalham. Na recepção apresenta-se a Carla, na sala de restaurante a Anne, o David na cozinha, a Marta à frente das operações, a Teresa no estúdio a dar aulas de yoga e a Boneca por todo o lado, que nesta casa até a cadela é demasiado tranquila para estar presa. Tudo na Matinha se anuncia assim desde o primeiro momento, familiar ao ponto de quem chega pela primeira vez ter a sensação de estar de regresso.