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Fernanda Martins
©João RochaFernanda Martins

Especial Dia da Mulher: Fernanda Martins, avó coragem

Chamam-lhe Avó Fernanda, uma espécie de nome artístico desta grande mulher de 84 anos danada para a brincadeira.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Mantas, almofadas, bonecos, luvas ou lenços. A Avó Veio Trabalhar é um nome colectivo que representa mais de 70 “avós” que fazem as delícias dos seus netinhos, os clientes, que tanto compram as maravilhas criadas na flor da terceira idade como frequentam os workshops deste projecto artesanal e social fundado por Ângelo Campota e Susana António. “Infelizmente, não temos avôs no projecto. Já tivemos quatro, mas dada a energia feminina acabaram por se afastar”, revela Ângelo. Quem tem energia para dar e vender é Fernanda Martins, que aos 84 anos conserva um espírito jovem – e até traquina, fruto de uma história de vida onde se destaca a independência e a determinação.

Está na Avó desde o primeiro dia e é a cara do projecto – que já a levou a festivais de música e de cinema ou a desfiles de moda, onde brilha como a estrela que sempre foi. “Aprendi a bordar quando era miúda, em Seia. Arranjaram um salão por cima da casa do reitor para as meninas que vinham da escola não andarem na cabritice e fazerem uns trabalhinhos”, recorda. O talento valeu-lhe a participação em duas exposições locais, a primeira com apenas dez anos.

Cresceu junto à Serra da Estrela, mas aos 19 anos rumou a Lisboa, em busca de trabalho. Nunca casou e viveu sempre à sua maneira, independente. “Fiz muita coisa na minha vida”, conta, enquanto recorda um dos últimos empregos, no salão de chá Caravela, no Chiado (hoje Sacolinha), onde fazia de tudo um pouco, até a casa fechar, nos anos 90. “Os da alta sociedade não percebiam nada e comecei a tomar aquilo a meu cargo, sem ninguém me dizer nada. Ia à praça, fazia as compras e à noite as contas de tudo.” Mulher de boa memória (“carrego na tecla e aparece logo o resultado"), diz ter passado "uns bocados bem duros", mas é bem-disposta por natureza e sente-se capaz de dar força a quem não a tem.

A Avó Veio Trabalhar lançou recentemente uma campanha de angariação de fundos para conseguir manter a actual sede na Penha de França – e graças aos ricos netinhos a missão foi superada, pelos menos para os próximos 12 meses. Visite, para já, a morada virtual da Avó e a sua loja online. Vai cruzar-se com Fernanda e muitos outros mulherões.

Quem é a mulher que a inspira? “A coragem que eu tenho veio da minha mãe. Foi a melhor mãe do mundo e uma grande mulher. Nunca a vi deitar uma lágrima ao pé de nós. Fazia venda de pão a pé, com a canastra à cabeça para Santa Comba Dão. Ia de manhã, só vinha à noite e às vezes ainda ia trabalhar, a acartar água para casa das pessoas, para trazer umas batatas, umas maçãs. A coragem, a forma de lutar, herdei da minha mãe."

Quem manda aqui?

  • Saúde e beleza

“Sempre fui a gorducha da família”. Mafalda Sena, de 31 anos, cresceu rodeada de irmãos e primos. Nas fotografias de família, recorda, “era sempre aquela que se destacava por ser mais gordinha”. Com a idade, foi percebendo que o excesso de peso lhe era prejudicial. Interiorizou que tinha de mudar, e assim foi. Mas tudo a seu tempo – e com muita paciência.

  • Restaurantes

Se uma Bimby ajuda muito boa gente lá em casa, não define a vida de um cozinheiro e ai de quem se meta com Ana Leão, Leoa para os amigos, e vá para as suas redes sociais dizer que babkas ou brownies se fazem bem no robot de cozinha. Esta fera da cozinha já é conhecida pelas gentes da área no Porto e está agora de passagem em Lisboa, tendo-se juntado ao colectivo New Kids on the Block, de novos chefs criativos e inconformistas.

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  • Coisas para fazer

“Sushi”, “Bússola” e “Tequila” talvez formem a santíssima trindade que faz de Nenny o fenómeno que é hoje. Com 18 anos apenas, esta cantora e compositora portuguesa de raízes cabo-verdianas e a viver no Luxemburgo tem milhões (sim, são mesmo muitos milhões) de visualizações no YouTube.

  • Arte

No último ano, entrou em nossas casas como uma das principais convidadas do Como é que o Bicho Mexe?, de Bruno Nogueira, e conquistou milhares de pessoas, que ficaram a conhecer melhor a actriz portuguesa. Uma mulher do Norte sem papas na língua, divertida, com espírito de criança mas também de guerreira – “éipica” no geral. Mas Inês não chegou agora.

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  • Compras

A tradição portuguesa parece estar em vias de extinção no seio das famílias, mas não na de Joana Duarte. Foi precisamente no momento em que desenterrou o seu enxoval – feito com a avó, que a ensinou a bordar e a costurar –, que nasceu a Béhen, a marca pela qual dá a cara e que põe a moda a circular, transformando o velho em novo. Uma marca feita por mulheres e para mulheres.

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