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Paula Cardoso
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Especial Dia da Mulher: Paula Cardoso, no lado negro da força

Jornalista, produtora de conteúdos e militante anti-racista. Eis o testemunho de Paula Cardoso.

Escrito por
Mariana Duarte
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Paula Cardoso iniciou o seu percurso no jornalismo em 2003, na revista Visão. Em 2006 mudou-se para o semanário SOL e, passados seis anos, foi trabalhar para Angola, assumindo o cargo de chefe de redacção do jornal Agora. Regressou a Portugal em 2017. Na sua trajectória como jornalista, cruzou-se apenas com dois colegas não brancos nas redacções portuguesas, o que é sintomático das assimetrias étnico-raciais que minam o país, em várias frentes. “Não é só na comunicação social, é um problema generalizado”, nota Paula.

Foi precisamente para tentar promover uma “maior representatividade negra no mercado profissional” e combater o racismo em Portugal que, em 2019, decidiu desenvolver os seus próprios projectos. Começou com Força Africana, uma série de livros infanto-juvenis que valoriza a cultura africana e tem como protagonistas personagens negras, contrariando as narrativas eurocêntricas e branqueadas da maior parte da literatura para crianças, bem como dos manuais escolares e dos livros de História. “Para mim, a educação é pilar em todas estas discussões”, assinala a autora. “Comecei então por trazer essa diversidade para os mais novos porque percebi que, no meu percurso, houve uma série de processos autodestrutivos que decorreram desse início de vida. A questão de não acreditarmos em nós, de acharmos que estamos sempre aquém.”

A partir de Força Africana, Paula Cardoso diagnosticou “outras ausências”. “Para os livros, tentei – e consegui – encontrar uma ilustradora que tivesse a minha pertença [Irene Filipe Marques], mas foi difícil. Comecei a reflectir sobre o porquê de ser tão difícil.” Da reflexão passou à prática: criou o Afrolink, um site que funciona como uma plataforma de divulgação e promoção de negócios e projectos de profissionais africanos e afrodescendentes em Portugal, tendo também uma vertente informativa, com notícias, artigos ou entrevistas.

“O Afrolink nasce do reconhecimento de que existe uma série de preconceitos em relação aos papéis que os africanos e os afrodescendentes ocupam em Portugal a nível profissional”, diz a jornalista. “Quando este assunto é trazido para cima da mesa com pessoas brancas, elas costumam dizer ‘ah, é porque não há’. O exercício é mostrar que há.” Pessoas, e iniciativas, não faltam – prova disso é que se Paula trabalhasse no projecto a tempo inteiro, publicaria um perfil todos os dias. “Não tenho mãos a medir. Há muita gente com projectos incríveis que não têm qualquer tipo de projecção.”

Além de Força Africana e do Afrolink, Paula Cardoso é uma das anfitriãs das conversas O Lado Negro da Força, todas as quintas no Facebook e no Youtube. Neste momento está ainda a trabalhar na produção de conteúdos para televisão, no universo RTP: o programa Black Excellence Talk Series pode e deve ser visto online. Em breve, trará novidades para a RTP2.

Quem é a mulher que te inspira? “A nível autoral, e que tem a ver com as minhas leituras, escolho a Maya Angelou. A Toni Morrison, que é também uma referência muito importante no meu percurso, e a Angela Davis.”

Quem manda aqui?

  • Saúde e beleza

“Sempre fui a gorducha da família”. Mafalda Sena, de 31 anos, cresceu rodeada de irmãos e primos. Nas fotografias de família, recorda, “era sempre aquela que se destacava por ser mais gordinha”. Com a idade, foi percebendo que o excesso de peso lhe era prejudicial. Interiorizou que tinha de mudar, e assim foi. Mas tudo a seu tempo – e com muita paciência.

  • Restaurantes

Se uma Bimby ajuda muito boa gente lá em casa, não define a vida de um cozinheiro e ai de quem se meta com Ana Leão, Leoa para os amigos, e vá para as suas redes sociais dizer que babkas ou brownies se fazem bem no robot de cozinha. Esta fera da cozinha já é conhecida pelas gentes da área no Porto e está agora de passagem em Lisboa, tendo-se juntado ao colectivo New Kids on the Block, de novos chefs criativos e inconformistas.

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  • Coisas para fazer

“Sushi”, “Bússola” e “Tequila” talvez formem a santíssima trindade que faz de Nenny o fenómeno que é hoje. Com 18 anos apenas, esta cantora e compositora portuguesa de raízes cabo-verdianas e a viver no Luxemburgo tem milhões (sim, são mesmo muitos milhões) de visualizações no YouTube.

  • Arte

No último ano, entrou em nossas casas como uma das principais convidadas do Como é que o Bicho Mexe?, de Bruno Nogueira, e conquistou milhares de pessoas, que ficaram a conhecer melhor a actriz portuguesa. Uma mulher do Norte sem papas na língua, divertida, com espírito de criança mas também de guerreira – “éipica” no geral. Mas Inês não chegou agora.

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  • Compras

A tradição portuguesa parece estar em vias de extinção no seio das famílias, mas não na de Joana Duarte. Foi precisamente no momento em que desenterrou o seu enxoval – feito com a avó, que a ensinou a bordar e a costurar –, que nasceu a Béhen, a marca pela qual dá a cara e que põe a moda a circular, transformando o velho em novo. Uma marca feita por mulheres e para mulheres.

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