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workshop hortas urbanas
Fotografia: Arlindo Camacho

Oito coisas que aprendemos sobre hortas biológicas com Mariano Bueno

Um especialista em agricultura biológica explicou-nos que as flores são nossas amigas, que os jardins não fazem assim tão mal às alergias e que é mesmo fácil fazer você mesmo uma horta em casa

Escrito por
Inês Garcia
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Mariano Bueno garante que quem se mete nisto do cultivo biológico sofre menos de stress e sente-se melhor de um modo geral. Fala por experiência própria: afinal, antes de se dedicar à agricultura biológica e se converter ao vegetarianismo, tinha mais de 90 quilos, problemas de cansaço e muitas alergias. Agora vive numa quinta a 200 quilómetros de Barcelona e é um dos maiores especialistas em agricultura biológica do mundo. Em 2017, a propósito do lançamento em Portugal do seu livro A Horta - Jardim Biológica (15,92€), Mariano veio a uma escola em Lisboa ensinar algumas técnicas às crianças, porque é de pequenino que se torce o pepino. Reunimos oito coisas que aprendemos sobre hortas biológicas com Mariano Bueno.

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Oito coisas que aprendemos sobre hortas biológicas com Mariano Bueno

1. A agricultura biológica é mais aromática e tem mais sabor

Esta já sabíamos mas é importante perceber as diferenças. “As plantas que nascem livres têm mais sabor porque têm de defender-se do frio, do calor, e criar substâncias para sobreviverem. Uma planta com temperatura e rega controlada não sabe a nada porque não tem de defender-se de nada. Estamos a descobrir que os aromas e os sabores são os mecanismos de protecção”.

2. Viver perto de uma horta ou de um jardim dá saúde e faz crescer

“Grande parte dos problemas de saúde que nós temos é porque nos desvinculámos da terra, das nossas raízes. Há estudos que dizem que ver simplesmente árvores, ver verde, alarga a vida. As pessoas que vivem em lugares onde há mais vegetação, vivem mais anos do que as que vivem em universos urbanos. O último estudo que me surpreendeu, da Suécia, diz que as pessoas que passam mais tempo ao sol vivem mais anos do que as que não têm contacto com o sol. Não têm risco de cancro da pele mas têm muitas outras doenças.”

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3. Os jardins (e as plantas biológicas) podem ajudar a diminuir as alergias

Mariano Bueno andou a estudar esta história das hortas e jardins biológicos afincadamente e descobriu que o aumento de asma e alergias actualmente é por pouco contacto com a natureza e com a terra. Claro que não convém ir para um parque ou jardim nas horas do pico da polinização, que é de manhã e ao fim do dia (consulte aqui). “As pessoas com alergias e asmas que começaram a comer plantas que crescem perto melhoraram espectacularmente. Porque é nestas plantas que caem os contaminantes químicos dos carros que faz com que fabriquem substâncias para se protegerem desses compostos químicos. Quando eu como uma planta, parte dos nutrientes estou a tomar uma vacina contra o que respiro. O que entra por via oral activa o sistema imunitário. Se a informação não chega, porque o que comes é plástico, sintético, o corpo não sabe.”

4. Uma flor por dia nem sabe o bem que lhe fazia

O importante é saber de trás para a frente a lista das que são comestíveis e das que não são. Há realmente algumas que são tóxicas (mas para fazerem mal é preciso comer umas 100 gramas e cada flor pesa à volta de uma grama).

Mariano exemplifica: “A calêndula é uma flor comestível que é utilizada em muitos cremes porque é cicatrizante e um regenerador celular. Mas se as pessoas com úlcera de estômago ou problemas digestivos comerem estas flores, ajuda a reparar e regenerar as suas úlceras. E há outra, mais desconhecida, que se chama vinca pervinca, de um azul muito bonito, que no dicionário diz que é mesmo tóxica mas tem umas substâncias que ajudam na concentração. É boa para crianças com défice de atenção ou para ajudar as pessoas com Alzheimer. Se comer umas florzitas só vai ajudar a que o cérebro funcione melhor e não há nenhum risco.”

Mas mais vale comer cruas, porque para serem saudáveis devem ser o menos processadas possível, explica. Sendo assim, basta lavar com água fria ou passar por água quente, para o caso de haver alguma bactéria, mas não cozinhar.

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5. Fazer uma horta em casa não é uma grande trabalheira

Não é preciso entrar em grandes despesas para fazer uma horta-jardim biológico em casa – a diferença entre horta e jardim? “A horta alimenta o corpo, o jardim alimenta o espírito.” Basta então um garrafão de cinco litros cortado, que se pode pôr numa janela ou na varanda. “Não se trata de ter lá tudo o que vais comer mas podes plantar umas poucas hortaliças, rúcula, uma alface (e podes ir cortando folhas, não é preciso esperares que cresça toda), ervas aromáticas como a menta, manjericão que dá um aroma muito agradável às saladas. Mesmo que só tenhas uma planta, já estas a melhorar a tua saúde porque funcionam como uma vacina.” 

6. Um só vaso pode dar uma horta gigante

“Se for um vaso grande, podes plantar uma alface, uma acelga, dois espinafres, 20 rabanetes, quatro cebolas. Não tem de ser muito grande, e convém que seja uma mistura de várias sementes para criar vários aromas e afastar bichos.”

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7. É preciso boa luz, boa terra e boas sementes para começar

Pode parecer uma coisa pouco relevante, mas a primeira coisa de todas a ter em atenção antes de começar é a luz. A horta em casa tem de ficar num lugar com muita luz, explica o especialista. Em segundo lugar, a terra tem de ser boa. E depois, boas sementes são obrigatórias. "A água é que é um problema porque o cloro é bactericida, destrói a vida, e a terra precisa de muitas bactérias. A solução aqui é usar uns filtros de carbono para eliminar o cloro."

8. Se houver bicheza a comer-lhe as plantas, iogurte, malaguetas e alhos ajudam

A maioria dos problemas de fungos podem ser controladas com iogurte e malagueta. "Algumas mulheres quando têm candidíase vaginal usam iogurte porque o lácteo impede o fungo. Na horta é igual. Pega-se num iogurte e num litro de água, mistura-se bem e molha-se a planta." Um, dois, três, acabam os fungos. "E podes comer, porque podes comer iogurte. A regra que explicamos é que não pode pôr nada nas plantas que não poria numa salada, porque depois vai acabar no prato", precisa. Então: iogurte para fungos. E para se livrar de pulgas ou bichos que comem as plantas, bastam duas malaguetas, três alhos e um litro de água, tudo no triturador. Com essa água borrifam-se as plantas e se houver bichos, desaparecem logo.

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