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Chris Butler: "Não conseguiríamos fazer Mr. Link há dez anos"

Sete anos depois de ParaNorman, Chris Butler volta a realizar e a escrever um filme com a chancela da LAIKA.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Um solitário Pé-Grande que gosta de ser tratado por Susan pede a ajuda a um aventureiro criptozoólogo para encontrar o seu lugar no mundo. Mr. Link (Missing Link no título original) é a mais recente produção dos estúdios de animação LAIKA e marca o regresso de Chris Butler à realização. Estreia-se esta quinta-feira nas salas de cinema.

Mr. Link é um filme que nos faz sentir bem. O cinema de animação faz muito isso, mesmo que inclua zombies, mas este é bem diferente de ParaNorman.
Chris Butler (CB) Sempre quis experimentar fazer coisas diferentes. Como já fiz o meu filme de zombies quis fazer um filme de aventuras. O melhor filme de todos os tempos é Os Salteadores da Arca Perdida e por isso quis fazer um stop motion ao estilo do Indiana Jones.

A questão do Elo Perdido não é nova. Quando lhe passou pela cabeça que poderia ser um ponto de partida para um novo argumento?
CB - A ideia original era ter um personagem parte Indiana Jones, parte Sherlock Holmes. E ia ser um explorador que procurava criaturas míticas. O Sir Lionel é o primeiro criptozoólogo do mundo e há alguns “críptidos” lendários como o monstro de Loch Ness, os iétis, o chupa-cabra, o Pé-Grande… só há alguns mesmo famosos, por isso sabia que o Pé-Grande seria o principal.

Embora o filme arranque em pleno Loch Ness.
CB - Essa cena é um piscar de olho às velhas criaturas criadas por Ray Harryhausen [pode ver algumas no Choque de Titãs original, de 1981]. O filme é uma mistura de tudo o que adoro e a ideia do pé-grande pareceu-me encaixar bem. Mr. Link sente-se sozinho e encontra o que procura quando lê um livro sobre os iétis dos Himalaias.

Pensou em Hugh Jackman [Sir Lionel Frost], Zoe Saldana [Adelina Fortnight] ou em Zach Galifianakis [Mr. Link] para as vozes dos personagens quando escreveu o argumento?
CB - Quando escrevo tenho sempre a voz de um actor na minha cabeça, porque me ajuda a formular o diálogo. Mas nada garante que vá trabalhar com aquele actor. Neste tive sorte, porque tinha definitivamente em mente o Hugh Jackman. Na verdade ele influenciou o design do personagem, porque é o galã perfeito. Muito heróico. E o vilão Lord Piggot-Dunceb foi mesmo baseado no Stephen Fry. Sou fã do Stephen Fry desde sempre.

Neste trabalho os bonecos são mais pequenos do que o normal. Por alguma razão especial?
CB - Sim. Existe um tamanho ideal: à volta de 30 cm. Não queremos que seja muito grande, porque é difícil de animar e não queres muito pequeno, por causa dos mecanismos. O Mr. Link tem 2/3 da escala de Kubo e as Duas Cordas [Butler foi co-argumentista] e é um filme com uma dimensão tão grande que nunca conseguiríamos criar todos os cenários se fossem da mesma escala de Kubo.

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Porquê a escolha da era vitoriana como pano de fundo?
CB - Tenho muitos livros, fotografias, arte e papéis de parede dessa época. Sei tudo sobre o assunto. Já vimos muitos filmes e séries sobre os tempos vitorianos, mas há uma percepção de que era tudo escuro, cinzento, preto e castanho, e não é verdade. Os vitorianos adoravam cor, adoravam padrões na mobília, nas paredes e nas roupas. E eu queria mostrar como seria se estivéssemos lá.

Considera fazer um filme que não envolva stop motion?
CB - Sim. Eu comecei em 2D e acabou por ficar em segundo plano. Espero que não tenha desaparecido para sempre, espero que regresse. Adoro desenhar, adoro CG, adoro todo o tipo de animação. Sou um fã. Mesmo em stop motion há visuais diferentes e há espaço para tudo, mas nem sempre foi assim. Quando comecei nesta indústria não havia quase nada, por isso penso que vivemos um tempo artisticamente vibrante para a animação.

A tecnologia acompanha esse crescimento. Qual foi a maior inovação em Mr. Link?
CB - Múltiplas. Devido à sua escala, o filme dependia de muitas extensões digitais de cenário ou multidões digitais. Não conseguiríamos fazer este filme há dez anos, simplesmente não seria possível. Os avanços na tecnologia digital permitiram-nos criar mundos maiores, mas também acho que os avanços que fizemos na animação facial deram-nos interpretações sofisticadas como nunca tínhamos visto.

E há muitos grandes planos no filme.
CB - Sim, adoro grandes planos. Profissionais da animação às vezes dizem-me: “Não queremos ver os personagens a falar, porque é entediante”. Eu discordo. Podes retirar tanto de um grande plano, as subtilezas, os pequenos movimentos dos olhos ou da boca... E é a isso que aspiramos ao fazê-lo de uma maneira muito estilizada.

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